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Friday, December 25, 2009

A verdade - 1

'Todo conhecimento coloca o problema da verdade. Pois quando conhecemos, sempre nos perguntamos se o enunciado corresponde ou não à realidade.
 Comecemos distinguindo verdade e realidade. Na linguagem cotidiana, frequentemente os dois conceitos são confundidos. Se nos referimos a um colar, a um quadro, a um dente, só podemos afirmar que são reais e não verdadeiros ou falsos, devemos reconhecer que o "falso" colar é uma verdadeira bijuteria e o dente um verdadeiro dente postiço.
 Isso porque a falsidade ou a veracidade não estão na coisa mesma, mas no juízo, e portanto no valor da nossa afirmação. Há verdade ou não dependendo de como a coisa aparece para o sujeito que conhece. Por isso dizemos que algo é verdadeiro quando é o que parece ser.
Assim, ao beber o líquido escuro que me parecia café, descubro que o "falso" café é uma verdadeira cevada. A verdade ou falcidade existe apenas no juízo "este líquido é café", no qual se estabelece o vínculo entre sujeito e objeto, típico do processo do conhecimento.
Resta portanto saber o que [e a verdade enquanto juízo a respeito da realidade. Para os escolásticos, filósofos medievais, "a verdade é a adequação do nosso pensamento às coisas". O juízo seria verdadeiro se a representação fosse cópia fiel do objeto representado.. Essa definição sofreu posteriormente inúmeras críticas, sobretudo quando, a partir da Idade Moderna, rompeu-se a crença de que a realidade do mundo aí está para ser conhecida na sua transparência. Afinal, a questão é mais complexa: como julgar a verdade da representação do real pelo pensamento? Ou seja, como saber se a definição mesma de verdade é verdadeira? Além disso, a filosofia moderna vai questionar a possibilidade mesma de conhecimento do real.
Isso nos remete para a discussão a respeito do critério da verdade. Qual o sinal que permite reconhecer a verdade e distinguila do erro? Não pretendemos analisar passo a passo as discordâncias dos autores a respeito do assunto [...]
  Para Descartes, o critério da verdade é a evidência. Evidente é toda ideia clara e distinta, que se impõe imediatamente e por si só ao espírito. Trata-se de uma evidência resultante da intuição intelectual.
  Para Nietzsche é verdadeiro tudo o que contribui para fomentar a vida da espécie e falso tudo o que é obstáculo ao seu desenvolvimento.
  Para o pragmatismo (William James, Dewey, Perice), a prática é o critério da verdade. Nesse caso, a verdade de uma proposição se estabelece a partir de seus efeitos, dos resultados práticos.
  Nos dois últimos casos (Nietzsche e pragmatismo), o critério da verdade deixa de ser um valor racional e adquire um valor de existência, que pode ser sintetizado na frase de Saint-Exupery: "A verdade para o homem é o que faz dele um homem".'
 Trecho do livro "Filosofando: Introdução à Filosofia" de Maria de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, editora Moderna.

Saturday, December 19, 2009

Histórias Verídicas do Pajé Raoni - 9 - Fora Arruda

 A reunião tinha sido marcada para as 18:30 no McDonalds da via Monumental em Brasília. Sim, no McDonalds. Cheguei atrasado, já que a maioria das reuniões no Brasil começa atrasada. É um grupo já com nome de evangélicos que age politicamente. Vários deles vinham participando dos protestos contra os escândalos de corrupção do governador do Distrito Federal, o Arruda, e seus vários aliados. Um amigo trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco numa das áreas mais pobres da cidade. Descrevia ele como havia gravado com sua filmadora várias das manifestações. Em certa altura, os cavalos da polícia saíram correndo na direção dos manifestantes, e este amigo correu para o cavalo não atropelá-lo. Também registrou em seu vídeo o momento em que o comando policial ordena que os policiais retirem suas identificações. Assim ficava mais difícil indentificá-los enquanto batiam nas pessoas arbitrariamente. Uma outra amiga, tendo terminado bacharelado e mestrado em ciências políticas e fazendo doutorado em sociologia, trabalha também em uma das áreas mais pobres da cidade. O lixão da cidade, mais precisamente. Nesse nosso encontro ela descreveu como havia participado das manifestações. Já que estávamos perto do local de manifestação daquela noite, olhou para fora e propôs de nos juntarmos ao grupo. Tanto ela como o outro amigo descreviam as enganações que o Tenente Coronel Silva Filho da Polícia Militar usava. Uma delas incluía conversar com manifestantes feridos, sugerindo de eles irem até a ambulância enquanto levava-os para o camburão em direção da delegacia.

Monday, December 14, 2009

Pacto de Lausanne - I - Responsabilidade Social Cristã

 Estou lendo o livro "Pacto de Lausanne" comentados por John Stott (não sei bem porque "comentados" está no plural na capa do livro).
  O parágrafo 5 do Pacto de Lausanne diz em parte:

"Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam."
(grifos meus)
     
    Stott comenta:
"... houve grande expectativa no sentido de que a Assembléia da Comissão sobre Missão e Evangelização Mundiais do Concílio Mundial de Igrejas, realizada em Bangkok, em janeiro de 1973, sob o título Salvação hoje, produzisse uma definição nova, fiel às Escrituras e relevante para a atualidade. Mas Bangkok nos decepcionou. Embora se incluíssem ali algumas referências à salvação pessoal, sua ênfase foi equacionar salvação com libertação político-econômica. O Pacto de Lausanne rejeita isso, pois não é bíblico." "Salvação é libertação do mal [...]"


    Meu problema é a dicotomia de conteúdo e de essência entre "salvação" e suas manifestações tangíveis, principalmente as sociais. Se salvação não inclui a história de libertação política de povos e indivíduos, se salvação não inclui libertação existencial, se salvação não inclui libertação do eu, do outro, do mal, do credo, da morte, então esse tipo de salvação não se manifesta. Também não penso que seria correto equacionar libertação política a salvação, mas penso que libertação política é uma componente da salvação, assim como são também a vida eterna com Deus após a morte, a assistência social, e as restaurações das relações sociais.

(palavras-chaves / keywords: Lausanne, Missão Integral, Stott, teologia da libertação) 

Monday, December 07, 2009

Saturday, November 28, 2009

Histórias Verídicas do Pajé Raoni - 8 - Aqui Não

 Esta semana meus pais conheceram um certo homem que por acaso foi a igreja deles. Ele saiu do Guará para ir até esta Grande Igreja no Plano Piloto em Brasília apresentar seu projeto. Em suma, ele tentou ir além de assistencialismo para também ouvir várias pessoas em más condições sociais e financeiras. E para tanto pediu um salão da igreja. Mas não podia ser nem o santuário nem o salão principal, porque conforme a resposta não ficava bem se misturarem os "ricos" com os "pobres".
  O ocorrido me faz lembrar a história do Natal. Afinal, não havia lugar para José, Maria e Jesus porque eram pobres. Também lendo Mateus 25, parece-me que não há lugar para Jesus em várias igrejas.

Sunday, November 22, 2009

Carta a Um Teólogo - parte 5 - Linguagem Fechada

Caro teólogo inexistente,
  Ao ouvir a maioria dos conceitos santos eu apago-os e reconfiguro-os na minha cabeça. Isto porque preciso saber que esta linguagem não é fechada, mas aberta. Preciso saber que as palavras não definem os conceitos, mas o contrário. Porque a semântica é definida coletivamente. Preciso saber que nós não definimos os conceitos, mas eles simplesmente existem (ou não). Preciso saber se isto é uma imposição violenta ou uma conversa. Preciso saber se isso é invenção da sua cabeça ou se existe algo que transcende o "Eu" e o "Nós". Caro teólogo, se o senhor não sabe do que está falando, ou fique uns minutos em silêncio ou aceite humildemente a falibilidade e a inadequação das suas sentenças.

Éticaestética

Saturday, October 31, 2009

"Home" de Yann Arthus-Bertrand

   Hoje assisti ao filme "Home" de Yann Arthus-Bertrand. Tem em Português. É muito bom. O filme aborda vários problemas globais, incluindo principalmente o meio-ambiente e a economia. O filme é feito quase que inteiramente de tomadas aéreas e com narração. As tomadas aéreas me remetem a pensar na coletividade social das nossas ações. Assim, já não somos indivíduos, mas vivemos em sociedade. E convivendo nos nossos agrupamentos sociais imediatos várias vezes não nos damos conta dos vários sistemas e forças atuantes no mundo como um todo. É como se essas forças estivessem escondidas. A mudança de paisagens para vários lugares do mundo diferentes reforça a idéia de efeito global de nossas ações (ou falta delas).
   As igrejas protestantes deram grande ênfase à fé pessoal em Jesus, e teologicamente devem estar certas. Contudo, será que junto com essa ênfase teológica não vieram o individualismo e o consumismo da modernidade moldando as igrejas como um grupo de vários indivíduos independentes? Penso que sim. Uma consequência é a dificuldade de haver comprometimento mútuo no construir das igrejas. Outra consequência seria a dificuldade de ver esses sistemas e forças globais que agem para oprimir o ser humano hoje.
  A igreja pensou que o moralismo seria a força mantenedora da sociedade. Devemos lembrar que a moral seria um meio e não um fim. De que nosso compromisso moral deveria ser para com as pessoas diretamente, buscando primariamente a vida, e a vida em abundância (digna). Esse moralismo por si só falha hoje em dia em manter a vida. A igreja precisa pensar em uma ética aplicada que seja mais eficaz na preservação da vida.

Thursday, October 29, 2009

The Myth of Colonial Intents

"It's important to remember that the United States is the only country in the world that was founded was an empire. George Washington described it as a rising empire and because of that they had to conquer the national territory - this is imperialism - they didn't have to cross the oceans, but besides that, it's the standard imperialism. They practically exterminated the population that lived in these territories and stole half of Mexico's land"
- Noam Chomsky here  (I'm translating back to English from Portuguese from Spanish...)

I often hear that the United States were a country with origins in which its colonial inhabitants worked towards cultivation, whereas Brazil was an aftermath of colonial exploitation. Could that be a myth that we accepted too promptly? I believe so, and I have to stop and rethink History as I learned.
  The consequence of the United States being a country with the seeds of cultivation would be that there was a project of country in which "the other" was seen as a partner in the nation building process. Well, I think that the treatment of Native Americans, Mexicans and Africans proves that wrong.

Friday, October 16, 2009

Linguagem Evangélica: misturando-se com o mundo?

Na primeira aula sobre "Sociedade e Cultura" no seminário presbiteriano, um colega estudante reagiu a um comentário do professor. O professor estava descrevendo como era necessário o crente se envolver com a cultura. O colega pediu a palavra e explicou:
"O problema é que nem todos sabem até onde ir nesse envolvimento. Afinal nós estamos no mundo mas não somos do mundo. Uma analogia que eu ouvi uma vez foi essa: imagine uma pessoa no fundo do poço. Alguém pode se precipitar e se atirar no poço. Mas ele se esqueçe que pode atirar a corda. Da mesma forma hoje algumas pessoas abusam da desculpa de se envolver com o mundo."
   O professor respondeu dizendo que "mundo" é um sistema perverso, etc.
  O meu problema é com o quadro que a analogia propõem. A analogia de "atirar uma corda" propõem um crente-santo-salvo numa boa distante do não-crente-desesperado. O crente-santo-salvo detém a corda e a capacidade de salvar. Ele está no poder e no controle. Ele é superior porque está lá em cima e o não-crente-desesperado lá embaixo. Este crente-santo-salvo acha uma solução muito higiênica! Ele não precisa se sujar para salvar. Basta jogar a corda. Se tivesse um controle remoto seria melhor ainda.
  A encarnação de Jesus nega a analogia. Na encarnação Deus se dá completamente. Deus não envia uma corda lá das nuvens para salvar os pecadores. Deus se faz ser humano e convive conosco. Ele desce ao poço. Na parábola do bom pastor, Jesus deixa as 99 ovelhas e sai à procura daquela uma que se perdera. O amor de Jesus é radical. Se dá completamente em favor do outro.

Sunday, October 11, 2009

Linguagem Não-Evangélica e Não-Religiosa

  Como dei a entender antes quando comentava sobre o que flui entre dois grupos sociais, os evangélicos parecem ter uma grande dificuldade com o conteúdo dessa conversa. O que flui acaba sendo chamado de "convite-à-aceitação-de-Jesus" com nenhuma relação com o tangível.   O exercício que proponho é de um repensar da linguagem. (Ins-pirado pela Monja Guerrilleira) E aqui não me restrinjo a "evangelização" de forma alguma!
Por exemplo, vamos entreter por um momento uma linguagem não-evangélica e não-religiosa. Que tal tentar? Tentemos articular conceitos como vida, Deus, salvação, fé, o outro, relações sociais, História, amor, alegria, e tristeza sem usar nenhuma expressão evangélica ou religiosa. Tentemos expressar nossos anseios, nossa fé, nossa cosmovisão, nossos desejos, nossas alegrias, enfim, tudo com pura poesia na linguagem do povo, sem nenhuma palavra da religião ou do cristianismo. Façamos isso não como um exercício de negação da fé cristã nem de negação da história cristã, nem como birra infantil, nem como pseudo-rebeldia gratuita, mas como um exercício sério de expressão dessa fé.
  Abramos espaço para D*us em nossas vidas!

The emerging church in Latin America: Christ present in the other 3

"We can say that it [the libertarian spirituality] expresses itself in a demanding lifestyle, radical even, that:
 - assumes a simple way of life, but not naïve;
 - experiences the grace of God as an opening to the suffering, debilitated, despised other and seeks a respectful approximation;
- understands the struggle for justice and transformation of structures as a challenge to faith itself and not as something optional;
- understands conversion as a continuous process of change of mentality and attitudes, from the interpellation of God in the other, in whom Christ presents himself to us sub contrario;
- learns to live with the doubt and the uncertainty, without losing to them;
- opens up to the diversity of human reality, taking advantage of the interpretations of other sciences besides theology;
- resists temptation and because of that learns not to judge others, but to perceive the radicalness of what it means to love its neighbour as oneself.
- learns to listen to the word of God and to hear the other with double attention.
"



Roberto E. Zwetsch "Missão no horizonte do Reino" in "Teologia Prática no Contexto da América Latina"
ISBN 85-233-0467-3
ASTE, Sinodal Press

Igreja emergente: Cristo presente no outro V

"Podemos dizer que ela [a espiritualidade libertadora] se expressa num estilo de vida exigente, radical até, que:
- assume um modo de vida simples, mas não ingênuo;
- experimenta a graça de Deus como abertura ao outro sofredor, debilitado, desprezado e busca uma aproximação respeitosa;
- entende a luta por justiça e transformação de estruturas como desafio à própria fé e não como algo opcional;
- compreende a conversão como processo contínuo de mudança de mentalidade e atitudes, a partir da interpelação de Deus no outro, no qual Cristo se nos apresenta sub contrario;
 - aprende a conviver com a dúvida e a incerteza, sem sucumbir a elas;
- se abre à diversidade da realidade humana, valendo-se das interpretações de outras ciências além da teologia;
- enfrenta a tentação e por isso aprende a não julgar os outros, mas a perceber a radicalidade do que significa amar o próximo como a si mesmo.
- aprende a ouvir a palavra de Deus e a ouvir o outro com atenção redobrada.
" (negrito meu)

Missão no horizonte do Reino, Roberto E. Zwetsch em "Teologia Prática no Contexto da América Latina", ASTE, Editora Sinodal

The emerging church in Latin America: Christ present in the other 2

" One proposal of evangelizing practice that appears in the evangelical ranks at the end of the 70s is worth highlighting. It is the pastoral of coexistence [39]. Inspired in Roman Catholic models, as for example the experience of labour fathers or the theology of the hoe that took place in the countryside of the Northeast [Brazil], or more remotely in the communities of evangelical life of the moravian bretheren, many groups of evangelicals sought to embed themselves in the popular milieus to try a new form of evangelizing presence. They ranked students, members of communities and pastors [male & female]. There were groups that left to live in neighbourhoods and urban suburbs, maintaining themselfs with the work in factories, other chose to live in rural zones, practicing subsistence agriculture, fostering the associations and cooperation, besides participating in worker's unions. One third option was the work alongside indigenous communities, developing this way a redefinition of traditional mission. [...]


The pastoral of coexistence was understood as process of missionary reeducation, through which the christian mission seeks to embed itself in the world from the viewpoint of the other, committing to his life and drawing from there all the consequences [40]. They sought to renew not only the sense of the mission, but to recup part of the lost credibility with the centuries of oppression and devaluation of the other. [...] The spirit of the gospel guided missionaries [men and wonen] to walk together with the other, sharing their struggles, pains, weaknesses and victories, and celebrating all that in a new liturgy/koinonia. The coexistence and the solidarity triggered a series of other services. In some cases, the work yielded the formation of ecumenical communities that still today present a challenge. The pastoral of coexistence assumes an act of trust in the other. The dialog as method overcomes the mentality of conquest, for it happens starting from symetric and solidary relations which have as base the struggle for the rescue of life. Among its unfoldings are the rereading of the biblical witness and a new valuation of the gospel as a way/message of liberty and liberation.

[39]Cf. Roberto E. Zwetsch, Missão e alteridade, p. 159-175; [...]
[40] Cf. Lori Altmann, Convivência e solidariedade, p. 47-49"
"

Roberto E. Zwetsch "Missão no horizonte do Reino" in "Teologia Prática no Contexto da América Latina"
ISBN 85-233-0467-3
ASTE, Sinodal Press

The emerging church in Latin America: Christ present in the other

"Gustavo Gutiérrez, Las Casas: In Search of the Poor of Jesus Christ. In this excelent study about Las Casas, Gutiérrez presents the thesis that, in the conquered [Latin] America, the indians are seen as "beaten Christs" and that the Christ of God identifies himself with the martyred indian. Thus, if we want to approach the face of Christ, there is only one way: from the Christ present in the other."  
Roberto E. Zwetsch "Missão no horizonte do Reino" in "Teologia Prática no Contexto da América Latina"
ISBN 85-233-0467-3
ASTE, Sinodal Press

Igreja emergente: Cristo presente no outro IV

"A teologia latino-americana tem uma característica própria. Sua novidade está no fato de nascer como uma caminhada espiritual que se faz como e em meio ao povo de Deus, sobretudo entre os mais pobres desse povo. Gustavo Gutiérrez afirma que a espiritualidade é a nossa metodologia. Na base da reflexão teológica está um encontro com Jesus Cristo, que nos interpela de modo particular no rosto do outro. *
 Tal experiência tem sido descrita como uma caminhada de seguimento ou discipulado. Seguir os passos de Jesus na América Latina, numa realidade conflitiva, de opressão, miséria, morte, com enormes contrastes entre riqueza e pobreza, implica opções concretas em favor da justiça, da liberdade e de uma concepção ativa de luta pela paz. Essas opções não são fáceis. Requerem despojamento, conversão e exercício da misericórdia enquanto solidariedade permanente, sem os quais o discurso religioso acerca da justiça do reino de Deus se torna vazio, comprometendo o testemunho do evangelho e sua credibilidade."

"Evangelho, missão e culturas - o desafio do século XXI", Roberto E. Zwetsch
Em "Teologia Prática no Contexto da América Latina", ASTE, Editora Sinodal

*Gutiérrez, Beber no próprio poço

Igreja emergente: Cristo presente no outro III

"Uma proposta de prática evangelizadora que surge nos meios evangélicos no final dos anos 70 merece destaque. Trata-se da pastoral de convivência[39]. Inspirada em modelos católicos romanos, como, p. ex., a experiência dos padres operários ou a teologia da enxada que se realizou no interior do Nordeste, ou mais remotamente nas comunidades de vida evangélica dos irmãos morávios, vários grupos de evangélicos buascaram se inserir nos meios populares para tentar uma nova forma de presença evangelizadora. Eram formados por estudantes, membros de comunidade e pastores/as. Houve grupos que partiram para viver em bairros e periferias urbanas, sustentando-se com o trabalho em fábricas, outros optaram por se localizar em zonas rurais, praticando agricultura de subsistência, incentivando o associativismo e o cooperativismo, além de participarem dos sindicados de trabalhadores. Uma terceira opção foi o trabalho junto a comunidades indígenas, desenvolvendo-se aí uma redefinição da missão tradicional. [...]
  A pastoral de convivência foi entendida como um processo de reeducação missionária, através do qual a missão cristã procura se colocar no mundo a partir do ponto de vista do outro, comprometendo-se com sua vida e tirando daí todas as conseqüências [40]. Buscava-se não apenas renovar o sentido da missão, mas recuperar parte da credibilidade perdida com séculos de opressão e desvalorização do outro. [...] O espírito do evangelho conduzia missionárias/os a caminhar junto com o outro, compartilhando suas lutas, dores, fraquezas e vitórias, e celebrar tudo isso numa nova liturgia/koinonia. A convivência e a solidariedade desencadearam uma série de outros serviços. Em alguns casos, o trabalho desembocou na formação de comunidades ecumênicas que ainda hoje representam um desafio. A pastoral de convivência pressupõe um ato de confiança no outro [...] O diálogo como método supera a mentalidade de conquista, pois se dá a partir de relações simétricas e solidárias que têm por base a luta pelo resgate da vida. Entre seus desdobramentos estão a releitura do testemunho bíblico e uma revalorização do evangelho como caminho/mensagem de liberdade e libertação.

[39]Cf. Roberto E. Zwetsch, Missão e alteridade, p. 159-175; [...]
[40] Cf. Lori Altmann, Convivência e solidariedade, p. 47-49"  (negrito meu)

Evangelho, missão e cultura, por Roberto E. Zwetsch

em "Teologia Prática no Contexto da América Latina", ASTE, Editora Sinodal

Igreja emergente: Cristo presente no outro II

Consideremos uma comunidade de fé como um grupo social. Imaginemos, para motivos de exemplo, que as relações nesse grupo já tenham história, que esse grupo seja auto-consciente e que, assim, tenha já uma identidade (Igreja de Nome Tal e Tal, por exemplo). Quando esse grupo interage com pessoas de fora dele, o que está na mesa? O que flui entre a membrana dessas duas partes e em que direção?
Tomemos uma resposta temporária: flui "o evangelho da vida de Jesus Cristo". Sim, mas que evangelho é esse? Que boas-notícias são essas? Essa boa-notícia, seja lá qual for, deve ser vivida, baseada e associada a tudo o que flui entre os dois grupos. Esse "evangelho" não deve ser algo abstrato e espiritualizado, mas uma boa-notícia na prática que diz respeito a coisa com coisa. Esse "evangelho" deve se manifestar nas relações políticas, culturais e econômicas e de pura amicabilidade entre os indivíduos. E ainda, esse "evangelho" flui nas duas direções, porque é um diálogo.

Igreja emergente: Cristo presente no outro

 "Gustavo Gutiérrez, Em busca dos pobres de Jesus Cristo: o pensamento de Bartolomeu de Las Casas. Neste excelente estudo sobre Las Casas, Gutiérrez apresenta a tese de que, na América conquistada, os índios são como "Cristos açoitados" e que o Cristo de Deus se identifica com o índio martirizado. Assim, se quisermos nos aproximar do rosto de Cristo, só há um caminho, a partir do Cristo presente no outro."

Missão no horizonte do Reino, Roberto E. Zwetsch em "Teologia Prática no Contexto da América Latina", ASTE, Editora Sinodal

Cristo presente no outro é uma visão necessária tanto para o indivíduo como para uma igreja (Mateus 25.37-40). É necessário pensar na prática e nas implicações de tal atitude. Como incluir o outro no centro de nossas vidas? Como essa atitude mudaria os nosso contatos sociais?

Thursday, October 01, 2009

How to use the DnsQuery function (Windows Server 2008 R2)

There's a nice article on Microsoft's Support web site titled "How to use the DnsQuery function to resolve host names and host addresses with Visual C++ .NET" ( here ). The problem is that the signature of the DnsQuery Function has changed. The first argument takes a PCTSTR instead of a char * type.
I decided to rewrite the application using PCTSTR. Here's the new version:


#include //winsock
#include //DNS api's
#include //standard i/o
#include

//Usage of the program
void Usage(char *progname) {
fprintf(stderr,"Usage\n%s -n [HostName|IP Address] -t [Type] -s [DnsServerIp]\n",progname);
fprintf(stderr,"Where:\n\t\"HostName|IP Address\" is the name or IP address of the computer ");
fprintf(stderr,"of the record set being queried\n");
fprintf(stderr,"\t\"Type\" is the type of record set to be queried A or PTR\n");
fprintf(stderr,"\t\"DnsServerIp\"is the IP address of DNS server (in dotted decimal notation) ");
fprintf(stderr,"to which the query should be sent\n");
exit(1);
}


char* WChar2char(wchar_t * src, char * ppDest) {
size_t convertedChars = 0;
size_t origsize = wcslen(src) + 1;
wcstombs_s(&convertedChars, ppDest, origsize, src, _TRUNCATE);
return (char*)ppDest;
}

void Char2Wchar(char* src, wchar_t * ppDest) {
size_t convertedChars = 0;
size_t origsize = strlen(src) + 1;
mbstowcs_s(&convertedChars, ppDest, origsize, src, _TRUNCATE);
}

void ReverseIP(wchar_t* pIP)
{
wchar_t seps[1]; seps[0] = (wchar_t)'.';
wchar_t *token;
char pIPSec[4][4];
int i=0;
token = wcstok( pIP, seps);
while( token != NULL )
{
/* While there are "." characters in "string" */
sprintf(pIPSec[i],"%s", token);
/* Get next "." character: */
token = wcstok( NULL, seps );
i++;
}
swprintf(pIP,L"%s.%s.%s.%s.%s", pIPSec[3],pIPSec[2],pIPSec[1],pIPSec[0],"IN-ADDR.ARPA");
}


// the main function
void __cdecl main(int argc, char *argv[])
{
DNS_STATUS status; //Return value of DnsQuery_A() function.
PDNS_RECORD pDnsRecord; //Pointer to DNS_RECORD structure.
PIP4_ARRAY pSrvList = NULL; //Pointer to IP4_ARRAY structure.
WORD wType; //Type of the record to be queried.
wchar_t pOwnerName[255]; //Owner name to be queried.
wchar_t pReversedIP[255]; //Reversed IP address.
wchar_t DnsServIp[255]; //DNS server ip address.
DNS_FREE_TYPE freetype ;
freetype = DnsFreeRecordListDeep;
IN_ADDR ipaddr;
char * chOwnerName = NULL;

if(argc > 4) {
for(int i = 1; i < argc ; i++) {
if ( (argv[i][0] == '-') || (argv[i][0] == '/') ) {
switch(tolower(argv[i][1])) {
case 'n':
//pOwnername=
chOwnerName = argv[++i];
Char2Wchar(chOwnerName, (wchar_t *) pOwnerName);
break;
case 't':
if (!stricmp(argv[i+1], "A") )
wType = DNS_TYPE_A; //Query host records to resolve a name.
else if (!stricmp(argv[i+1], "PTR") )
{
//pOwnerName should be in "xxx.xxx.xxx.xxx" format
if(wcslen(pOwnerName)<=15)
{
//You must reverse the IP address to request a Reverse Lookup
//of a host name.
swprintf(pReversedIP,L"%s",pOwnerName);
ReverseIP(pReversedIP);
size_t sizeRev = wcslen(pReversedIP) + 1;
wcsncpy_s(pOwnerName, sizeRev, pOwnerName, 255);
//pOwnerName=pReversedIP;
wType = DNS_TYPE_PTR; //Query PTR records to resolve an IP address
}
else
{
Usage(argv[0]);
}
}
else
Usage(argv[0]);
i++;
break;

case 's':
// Allocate memory for IP4_ARRAY structure.
pSrvList = (PIP4_ARRAY) LocalAlloc(LPTR,sizeof(IP4_ARRAY));
if(!pSrvList){
printf("Memory allocation failed \n");
exit(1);
}
if(argv[++i]) {
wchar_t aarray[300];
Char2Wchar(argv[i], (wchar_t*)aarray);
wcscpy(DnsServIp,aarray);
char tmp[500];

pSrvList->AddrCount = 1;
pSrvList->AddrArray[0] = inet_addr(WChar2char(DnsServIp, (char*) tmp)); //DNS server IP address
break;
}

default:
Usage(argv[0]);
break;
}
}
else
Usage(argv[0]);
}
}
else
Usage(argv[0]);

// Calling function DnsQuery to query Host or PTR records
status = DnsQuery(pOwnerName, //Pointer to OwnerName.
wType, //Type of the record to be queried.
DNS_QUERY_BYPASS_CACHE, // Bypasses the resolver cache on the lookup.
pSrvList, //Contains DNS server IP address.
&pDnsRecord, //Resource record that contains the response.
NULL); //Reserved for future use.

if (status){
if(wType == DNS_TYPE_A)
printf("Failed to query the host record for %s and the error is %d \n", pOwnerName, status);
else
printf("Failed to query the PTR record and the error is %d \n", status);
} else {
if(wType == DNS_TYPE_A) {
//convert the Internet network address into a string
//in Internet standard dotted format.
ipaddr.S_un.S_addr = (pDnsRecord->Data.A.IpAddress);
printf("The IP address of the host %s is %s \n", pOwnerName,inet_ntoa(ipaddr));

// Free memory allocated for DNS records.
DnsRecordListFree(pDnsRecord, freetype);
}
else {
printf("The host name is %s \n",(pDnsRecord->Data.PTR.pNameHost));

// Free memory allocated for DNS records.
DnsRecordListFree(pDnsRecord, freetype);
}
}
LocalFree(pSrvList);
}




(keywords: DNS, DnsQuery, Windows Server 2008 R2 )

Tuesday, September 29, 2009

Pós-modernismo & teologia na América Latina

Teologia Prática e práticas pastorais na América Latina
(capítulo 5)

Danilo R. Streck escreve:
"Enrique Dussel propõe o conceito 'transmodernidade' para caracterizar a necessidade de se avançar para além da modernidade, valorizando o seu núcleo racional potencialmente libertador, mas questionando o 'mito irracional' moderno que legitimou a conquista européia. Luís Britto García vê o pós-moderno latino-americano como 'contramoderno', neste sentido já presente na história latino-americana desde Bartolomeu de las Casas e outros que defendiam a causa dos pobres e fracos. "
" ... carta do 8o Encontro Intereclesial de CEBs, em 1992:
'Nestes dias refletimos sobre os últimos 500 anos da história do Continente, e constatamos que foram um longo cativeiro, mais longo que o cativeiro da Babilônia. Os opressores diziam que nossos deuses eram falsos; nossos ritos, superstição; nossos mitos, heresia; nossos costumes, pecado. As mulheres continuam sendo tratadas como objetos. Fomos espancados e marginalizados, e fizeram de nós um povo de migrantes. [...]'
"
"O fato é que a modernidade européia não é alheia à nossa história, uma vez que em grande parte foi construída sobre a exploração do novo mundo 'descoberto'. Em outras palavras, a América Latina, de diferentes formas através de sua história, sofreu a modernidade."
"A ambigüidade é apontada por Alberto Moreira como um traço que caracteriza todo o processo de modernidade. Ele pergunta: 'Por que a Modernidade, tendo nascido de ideais tão nobres como liberdade, igualdade e fraternidade, conduziu às aberrações mais anti-humanas que já conheceu a história?' Para ele, essas aberrações não são uma conseqüência necessária da modernidade. Pelo contrário, seria possível ver nascer um novo perfil de humanidade a partir dessas contradições ou ambigüidades, só que através dos setores excluídos ou marginalizados do proceso."

Teoria e prática na comunidade

"De um lado, a edificação da comunidade é, primordialmente, um assunto da práxis eclesial; ela está relacionada com a concretização e a vivência da fé no mundo. É mais prática do que reflexão teórica. Por outro lado, nenhuma prática pode prescindir de uma sólida fundamentação teórica. Assim como toda teoria só levará a uma boa prática quando tiver o seu ponto de partida numa prática sobre a qual se teoriza com vistas a uma nova prática, da mesma forma toda prática só trará frutos e será condizente com seus fundamentos se estiver fundamentada numa sólida teoria. Por isso toda proposta de edificação de comunidade deve ter uma solidez teológica comprovada e, por sua vez, toda reflexão teológica sólida não pode prescindir de incluir a edificação da comunidade no âmbito de sua reflexão. "

Martin Volkmann
Capítulo 8: "Edificação de comunidade"
Teologia Prática no Contexto da América Latina
Editora Sinodal

Monday, September 28, 2009

Traduzindo a Conversa Emergente para Português - VII

Estou gostando muito de ler o livro "Teologia Prática no Contexto da América Latina", editado por Christoph Schneider-Harpprecht, da editora ASTE. Há mais de 10 anos atrás os Luteranos já levavam a sério, pelo menos nos círculos acadêmicos, teologia no pós-modernismo e o contexto brasileiro.
A pergunta motivadora para este post seria: "conversa emergente só se aplica à América do Norte?" A resposta seria "Não. Ela se aplica também à América Latina."
Se nós pensarmos no modernismo numa perspectiva histórica e econômica na América Latina, indentificaremos os mesmos males que afligem a América do Norte oriundos do mesmo modernismo. A ganância motivada pelo acúmulo de bens, a fé em um novo deus - o Mercado, a fabricação de necessidades falsas pelo marketing, a tecnologia a serviço da destruição e das desigualdades sociais, modelos exploradores de empresas, poder político como rolo-compressor e por aí vai.

Saturday, September 26, 2009

A ética da manutenção de Ariovaldo Ramos

Ontem ouvi o pastor Ariovaldo Ramos falar sobre sua "ética da manutenção". Os teólogos-filósofos conseguem descrever a coisa do jeito deles. A mim cabe pensar com meus botões. (no resumo do resumo, esta ética vê Deus mantendo o mundo e o crente é co-participante)
O diálogo é quase impossível. As perguntas não têm o tempo e o ambiente adequados para discussões em altura equitável. Resta-me, portanto, o monólogo. Falo para as paredes.
De forma geral gostei da idéia. Minha intuição filosófica (aquela mais sistematizada que briga de feira) sentiu falta de uma boa dose de pessimismo e nihilismo. Quando tudo é muito lógico, tudo se encaixa e faz muito sentido o não-santo desconfia.
A tal ética foi apresentada como um princípio cristão. Parte do meu problema é achar que tal princípio ético está muito perto do lugar-comum. Tudo bem, o princípio ético aponta para a preservação da vida. Mas não diria a mesma coisa qualquer ética não-nihilista?
Um outro detalhe menor: Ariovaldo Ramos faz uma distinção entre a força mantenedora e o resgate divino. Fico me perguntando se a atuação mantenedora divina não é também a mesma atuação salvífica. Realmente estou esperando um cristão aventurar uma boa explicação sobre "salvação".

Thursday, September 24, 2009

Histórias Verídicas do Pajé Raoni - 7 - De Médico e de Louco

Essa histórica verídica foi presenciada por minha tia-avó.
Minha tia-avó se chamava Débora. Débora era irmã da minha avó paterna. Ela era membro de uma grande igreja batista no estado do Rio de Janeiro, do Pr. Panini *. Disse a minha tia-avó que na congregação havia um sêmen-narista. Pois bem, este sêmen-narista e a filha do pastor fornicaram e ela engravidou. Pois bem, o Pr. Panini arranjou para a filha fazer um aborto e o sêmen-narista saiu da igreja. Foi para Cachoeiras de Macacu.
Em uma certa sessão nessa igreja de Niterói, eis que se levanta um médico. Era o médico que havia feito o aborto. Com dor de consciência, quis se confessar e relatou o ocorrido pedindo o perdão da igreja. Eis que o pastor então diz que aquilo tudo é um absurdo, e chama uma ambulância para prender o médico louco. Chega a ambulância. Os enfermeiros põem uma camisa de força no médico na própria igreja e o levam embora.

(* Nomes marcados foram trocados nesse relato )

Friday, September 18, 2009

Notas de Rodapé - Entrevista com Marta Pelloni

Estou ouvindo à entrevista de Marta Pelloni, Profesora de Filosofia e Pedagogia e Freira. A entrevista em áudio se encontra no site da Monja Guerrillera.
Pelloni fala que "os padres não sabem trabalhar em equipe" ... "por que não os formam ... os formam para pároco, e o pároco vive sozinho".
Muito interessante. E seria diferente da formação dos pastores no Brasil? Afinal, lidar com o outro é essencial para um pastor.
Lembro-me de uma information session que tive sobre o curso de MBA. Era um curso excelente. Formava profissionais excelentes. Um dia o coordenador do curso recebeu um telefonema de uma empresa onde trabalhava um ex-aluno de MBA. Disseram que ele era muito bom, mas só tinha um problema: ele não conseguia se relacionar com as pessoas. Ele não conseguia trabalhar em grupo e colaborar. A partir de então, eles mudaram o currículo do curso de MBA. Na primeira metade inteira o curso é feito em grupo. As notas têm grande peso para o grupo. A pessoa tem que aprender a colaborar.
Sinto falta de líderes que saibam se colocar no lugar do outro e da outra.


Tuesday, September 08, 2009

Problemática & Solucionática Ética Para Igrejas

Problema: Hoje qualquer um se chama "evangélico". Sai por aí passando cheque sem fundo, furando fila, puxando saco no trabalho, etc. O problema é que por associação quem leva a fama de trambiqueiro é você que também se chama de evangélico. Essa associação sempre existe e você está ligado a essas pessoas pela palavra "evangélico".

Solução para o problema: Igrejas adotam um Código de Ética. Assim começam a evitar a associação com esse pessoal. Esse Código de Ética deve ser elaborado pela igreja ou denominação.

Aqui estão alguns exemplos do que pode entrar nesse Código de Ética:
- Os membros se comprometem a ter comportamentos idôneos e transparentes.
- A igreja se compromete a ser transparente nas suas contas. Publica em murais, no boletim e no site (se tiver) as contas. Usar o retroprojetor ( o mesmo que projeta as letras das músicas) também com gráficos coloridos.
- Uma auditoria independente das finanças da igreja é realizada uma vez por ano. Os resultados são publicados visivelmente em murais na igreja e no boletim.
- De vez em quando (talvez em sessão) a igreja compara os gastos com suas prioridades.
- Na Escola Bíblica Dominical pelo menos duas vezes por ano pegam-se o orçamento e os gastos e discutem-se as prioridades.
- Ao aceitar membros na igreja, perguntar sobre o status. Pedir declaração pública de que "tudo está no seu lugar".
- O pastor não é visto como alguém especial, mas como alguém comum. Deve ter salário não muito acima da média da igreja.
- Pelo menos duas vezes por ano a igreja 'abre as portas para a comunidade' não pra dar sermão neles, mas para ouvir os problemas do bairro e perguntar como a igreja pode se envolver. Mostrar os gastos e orçamento para a comunidade e conversar a lista de prioridades (em mão dupla, ouvindo a comunidade).
- Convidar estudantes de filosofia de vez em quando como estagiários para fazer auditoria e conversar com as pessoas. Usar o espaço da Escola Bíblica Dominical para discutir temas pautados pelo estagiário.
- 'Ensinar' ética na Escola Bíblica Dominical (principalmente para crianças). Usar bastante exemplos.

Saturday, September 05, 2009

Igrejas Devedoras

Acessando o site da Fazenda Nacional, pesquisei igrejas evangélicas na "lista de devedores que possuem débitos com a Fazenda Nacional inscritos em dívida ativa da União".
A pesquisa pega apenas o início do nome. Portanto, pode ser que os números de igrejas não seja exatamente representativo da denominação.
Esta é a tabela:



( clique acima para ampliar )

A terceira coluna contém o número de membros da denominação de acordo com o Censo do IBGE de 2000. O número de igrejas Presbiterianas é a soma das buscas por "Primeira Igreja Presbiteriana", "Segunda Igreja Presbiteriana" e "Igreja Presbiteriana".
A última coluna é
(num. de igrejas devedoras / num. de membros) * 100000.

Carta da Rede Fale em repúdio ao golpe de Estado em Honduras

"Carta da Rede Fale (direcionada para a América Latina e Caribe) em repúdio ao golpe de Estado em Honduras

Carta da Rede Fale em repúdio ao golpe de Estado em Honduras

Nós, cristãos participantes da Rede Fale, unindo nossa voz às dos que buscam a justiça, a defesa de direitos, a democracia plena e participativa e o desenvolvimento integral do ser humano;

Repudiamos o golpe de Estado que acontece em Honduras desde 28 de junho do corrente ano, que resultou na destituição de Manuel Zelaya, presidente eleito pelo povo hondurenho;

Denunciamos a repressão aos protestos que, das ruas de Tegucigalpa, clamam por restauração da ordem democrática naquele país; os assassinatos de manifestantes que de forma pacífica externavam sua indignação ao golpe, como o do jovem cristão Isis Murillo que foi morto pelas forças de repressão, e também a prisão de seu pai David Murillo, pastor e ativista ecológico, por protestar contra a execução do filho;

Caminhamos juntamente com os diversos movimentos sociais, sindicatos e grupos eclesiásticos da América Latina e do Caribe, na afirmação de que golpes de Estado não são opção aceitável para a resolução de conflitos e que a violência contra o povo atesta o caráter ilegítimo do novo governo imposto em Honduras;

Clamamos por justiça, pela paz e pelo direito, nos solidarizamos com o povo hondurenho e urgimos pelo estabelecimento da participação social plena, que respeite a diversidade e as diferenças, e que busque resolver conflitos por meio do diálogo e da consideração da vontade popular, em busca de justiça social;

Entendemos que, mais do que restituir Zelaya à presidência, repudiar o golpe significa também lutar pela preservação e pelo fortalecimento da democracia plena e participativa na América Latina e no Caribe;

Oramos para que a paz, que é fruto da justiça, seja plena, e ativamente esperamos, como declarou o profeta Amós, “... que a justiça jorre como um rio que não seca”.

Rede Fale
04 de setembro de 2009.
"

Para entender melhor o golpe, leia este artigo aqui: "
Os interesses econômicos que sustentam o golpe em Honduras"

Para conhecer melhor a Rede Fale, veja:

http://redefale.blogspot.com/

http://www.renovatiocafe.com/index.php/Table/Renovatio-Cafe/Podcast/

(entrevista com Douglas Rezende, da Rede Fale)

Wednesday, September 02, 2009

Tudo Posso Naquele Que Me Fortalece

Volta e meia as pessoas chegam ao meu blog procurando por "Tudo posso naquele que me fortalece". Mais recentemente, várias pessoas chegam procurando pela expressão "Tudo posso naquele que me fortalece em Latim". Acho muito louvável a procura pelo termo na sua língua original. Portanto, resolvi escrever aqui a tradução do original bíblico, como escrito pelo Apóstolo Paulo com pena de ouro:

Omnis Potassium Unde Firmo

Glória a Deus! Ele é Fiel!

Violence in Heliópolis, São Paulo Yesterday

I'll transcribe here the news as I heard on TV yesterday (Globo News).
Police was chasing a stolen car. They fired and hit a 17 year-old girl on her head, who died. A policeman came near the girl and kicked her to verify if she was 'really dead' and went away. Neighbours were outraged by the police action and went to the streets putting fire on and throwing rocks at buses. A message circulated through the neighbourhood promising one basic food package to those who would participate in the manifestation.

Tuesday, September 01, 2009

Brasília, Brazil

My parents volunteer at a 'community centre', if you can call it that. It's a poor neighbourhood and they along with a few others help the very poor teaching music, English, and sewing. My father noticed last week that one of the children who's never absent was absent. He went to visit him and found him with a large burn on this legs. The community leader - a woman - told my father that she suspected of abuse by his father. He's very violent. He only comes once each 2 weeks or so, and beats the children. Folks in the community are afraid to denounce and get a share of the violence themselves. My father went to the pharmacy and bought medicine for his burns.

Tuesday, August 18, 2009

Living in the world as the people of God - Rikk Watts

I just came back from the first night here in Brasília, Brazil, of Rikk Watts' seminar. Its title is "Living in the world as the people of God". I would give it a 4 out of 10. He's definitely well intentioned and knowledgeable. I didn't like some details. I think he failed, so far, to 'make his point' in the first night, after hours of speach. I haven't heard of this contextualization of the Gospel or Paul's writtings yet for Brazil. I haven't heard yet - and I bet he is capable of - of philosophical categories in a Brazilian context that would serve as framework toa contextualized Christianity here. I haven't hear how he will decouple faith from culture in a way that fully embeds faith in culture and still keeps truth in faith. I have heard of great praises of Christianity as the source of science (why is that important?), but omitting the contribution of Islam to science, from mathematics to medicine to engineering to economics. I have heard of how Christianity brings life to a society (in his own words - paraphrasing - Scicily is still lagging to date behind the development of the rest of Europe because of their non-Christian sociological problems that arise from mafia). But I haven't heard of the great historical catastrophies of Christianity, such as the colonization of Latin America and the Holocaust, all right in the middle of Christian societies. Anyways, I can agree with the basic idea of being in the world, and contextualizing the gospels, but I frankly would expect more from someone so knowledgeable.
Oh, they were 3 hours of speach with a 15 minute break and he took no questions.

Monday, August 17, 2009

Frases que ainda não ouvi na igreja

1. De olhos fechados, falando alto no microfone ao som do fundo musical. Os teclados com aquele timbre de strings:
"[...]Senhor, faz de mim um adora-dor!"

2. Pregação do Pastor:
"[...]'Sede santos pois o Senhor é santo'. O Senhor hoje está chamando você para a santificação, meu irmão. Igreja: seja aquela noiva sem mácula. Você que dirige irresponsavelmente, pare com esse pecado. Pare com essa imoralidade. Seu corpo é o templo do Espírito."


3. Professor de Escola Bíblica Dominical:
"[...] está claro aqui, irmãos, que não devemos só beber água, mas adicionar um pouco de vinho."



4. Em um Domingo à noite, no meio do culto
"E agora eu vou fazer um coelho sair dessa cartola. Repitam comigo: 'Abracadabra'"


5. Título de sermão projetado no PowerPoint:
"Ovelha não pensa."

6. Impresso de ordem de culto no boletim:
" Louvor e a-dor-ação (penitência)"


7. Servindo a santa ceia:
"Vamos orar com a irmã Maria" (Infelizmente nunca vi diáconas mulheres lá na frente em igrejas no Brasil. Isso é triste.)

8. Pastor Lázaro, na hora dos anúncios:
"Quinta-feira teremos um culto da ressurreição dos mortos. Traga o seu defunto e nós oraremos pela sua ressurreição. Traga a sua mãe, a sua avó, o seu tio. 'Tudo posso naquele que me fortalece', 'Tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis', 'Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá'" , blá blá blá

9. Depois de orar pelos dízimos e ofertas, com aquele blá blá blá de fazer a obra de Deus, o diácono pergunta:
'Tem alguém aqui percisando de dinheiro? Levante a mão e venha à frente e sirva-se.'

10. No meio do culto, o pastor diz:
"Ok, gente, ok, vão todos pra casa. Todos nós sabemos que Deus não existe mesmo. Vamos parar com essa brincadeira. Pra casa assistir TV, vamos lá."

11. No culto de oração, o pastor fala com aquela voz emocionada:
"Ponha agora a mão na sua enfermidade, exceto se você tiver hemorróidas!"

12. Placa no templo:
"'E, se uma mulher não cobre a cabeça quando ora ou anuncia a mensagem de Deus nas reuniões de adoração, ela está ofendendo a honra do seu marido' I Cor 11.5 "

13. Escrito em um envelope de dízimo:
"'O SENHOR Todo-Poderoso diz ao seu povo: — Eu virei julgá-los. E darei sem demora o meu testemunho contra todos os que não me respeitam, isto é, os feiticeiros, os adúlteros, os que juram falso, os que exploram os trabalhadores e os que negam os direitos das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros que vivem com vocês. ' - Malaquias 3.5"

Theological faggoting: itineraries for a queer theology in Brazil

Doctoral Thesis by André Sidnei Musskopf







"ABSTRACT



The main argument of this Dissertation is that theology needs to walk other paths. Although
this calling is directed to all theologies which are based on a heterocentric matrix for the
construction of theological knowledge, it is especially directed to Latin-American Liberation
Theology, which the reflections of this Dissertation are understood to be in continuation with.
The themes that it discusses were selected and organized based on the paths crossed by the
author himself, which became itineraries at the same time crossed and suggested as necessary
for the construction of a queer theology in Brazil. This way, the reflections are situated in two
specific contexts that determinate its approach. First, concentrating the research on the
Brazilian context, which becomes evident in the historical re-reading of the processes of
construction of the discourses and practices around religiosity and sexuality in Brazil, as well
as the Brazilian identity in a wider sense, and their importance for the theological reflection.
Second, because it takes on the developments in the area of queer theology as a privileged
space of dialog, which becomes evident in the presentation of the emergence and
development of homosexual-gay-queer theologies since the XIX century and, especially,
during the second half of the XX century, mainly in English speaking countries, but also in
Brazil and Latin America, even if in less formal spaces usually made invisible spaces. From
those two specific contexts emerges the questioning of traditional theological epistemologies
and the challenge of articulating ambiguity as an epistemological principle. Such ambiguity
is, then, discussed conceptually from the studies in several areas and by several authors and
defined from the contexts where the need for its articulation emerged: the Brazilian context
and queer theory. Its strongest articulation, however, is developed in three narratives
presented as “sexual stories” that start the reflexive process about theological epistemology.
This reflection is organized in three moments – “occupy, resist, produce” – one of the most
well known slogans of the Landless Workers Movement (MST). From then on the discussion
turns into a conversation between the “sexual stories” and several authors who have worked
on the epistemological debate, considering issues of identity and language in the intersection
with the discussions on gender, sexuality, race/ethnicity, class and ecology. Although the
three moments of this epistemological proposal developed from the idea of ambiguity are part
of the same movement of knowledge production, in the last one the proposals for the
construction of a queer theology in Brazil are materialized through the dialog with Frida
Kahlo’s painting “La venadita”. The character which marks and names the painting – a deer –
and its association with homosexuality in the Brazilian context, through a process of symbolic
appropriation and in accordance with the discussion accomplished in the previous chapters,
allow the definition of those reflections as via(da)gens teológicas [theological faggoting]
giving concrete expression to the itineraries for a queer theology in Brazil.

Keywords: queer theology, epistemology, ambiguity."

Download the complete thesis here.

Via(da)gens teológicas : itinerários para uma teologia queer no Brasil

Deu no Pava Blog, e repasso:



Via(da)gens teológicas : itinerários para uma teologia queer no Brasil

Tese de Doutorado em Teologia defendida por André Sidnei Musskopf na Escola Superior de Teologia

O argumento central desta Tese é que a teologia precisa andar por outros lugares. Embora este chamado seja dirigido a todas as teologias que se sustentam em uma matriz heterocêntrica para a construção do conhecimento teológico, ele se dirige de maneira especial para a Teologia da Libertação Latino-Americana, em cuja caminhada as reflexões desta Tese se inserem. As temáticas abordadas foram selecionadas e ordenadas a partir dos caminhos percorridos pelo próprio autor, configurando-se como itinerários ao mesmo tempo percorridos e sugeridos como necessários para a construção de uma teologia queer no Brasil. Neste sentido, as reflexões são situadas em dois contextos específicos que determinam o seu recorte. Primeiro, concentrando a pesquisa no contexto brasileiro, o que se evidencia na releitura histórica dos processos de construção dos discursos e práticas em torno da religiosidade e da sexualidade no Brasil, bem como da identidade brasileira de maneira mais abrangente, e sua importância para a reflexão teológica. Segundo, porque assume os desenvolvimentos no âmbito da teologia queer como espaço privilegiado de interlocução, o que se evidencia na apresentação do surgimento e do desenvolvimento das teologias homossexual-gay-queer desde o século XIX e, de maneira especial, na segunda metade do século XX, principalmente em países de fala inglesa, mas também no Brasil e na América Latina, ainda que em espaços menos formais e geralmente invizibilizados. Destes dois contextos específicos emerge o questionamento das epistemologias teológicas tradicionais e o desafio de articular a ambigüidade como princípio epistemológico. Tal ambigüidade é, então, discutida conceitualmente a partir de diversas áreas, autores e autoras e definida a partir dos contextos de onde a necessidade de sua articulação emergiu: o contexto brasileiro e a teoria queer. Sua articulação mais pungente, no entanto, é desenvolvida em três narrativas que se configuram como "histórias sexuais" e que iniciam o processo reflexivo sobre a epistemologia teológica. Esta reflexão é organizada em três momentos "ocupar, resistir, produzir" um dos lemas mais conhecidos do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A partir de então a discussão se converte numa conversa entre as "histórias sexuais" e diversas autoras que têm se ocupado da discussão epistemológica, considerando questões de identidade e linguagem na interseção com as discussões de gênero, sexualidade, raça/etnia, classe social e ecologia. Embora os três momentos desta proposta epistemológica desenvolvida a partir da idéia de ambigüidade sejam parte de um mesmo movimento de produção do conhecimento, no último deles as propostas para a elaboração de uma teologia queer no Brasil são materializadas através do diálogo com a pintura "La venadita" de Frida Kahlo. A figura que se destaca e dá nome à pintura - um veado - e sua associação com a homossexualidade no contexto brasileiro, através de um processo de apropriação simbólica e em consonância com a discussão realizada nos capítulos precedentes, permitem definir estas reflexões como via(da)gens teológicas dando expressão concreta aos itinerários para uma teologia queer no Brasil.




Imagem: "La venadita" de Frida Kahlo

Sunday, August 16, 2009

Turismo em Goiânia, Goiás

Mesmo com pouca experiência de turista, aprendi que pesquisar antes é sempre melhor. Eu bem que tentei. (Um site bom que só achei depois é http://www.turismogoiania.com.br/ ) Na lista estavam dois museus.
O museu Antropológico da UFG parecia interessante, por ter aparentemente conteúdo indígena. Contudo, no nosso panfleto não tinha horário nem telefone. Mesmo com o endereço, foi difícil de achar. O endereço não tem número, e tem vários prédios de faculdade. (O museu está em um prédio do lado direito de quem sobe, e o nome do museu está em placas verticais com a tinta bem desfolhada) Achamos já quando estávamos desistindo do museu. Fomos lá, mas estava fechado porque era Sábado. (Turistas não costumam ir mais a outras cidades nos finais de semana?)
O museu de Ornitologia dizia ter "o maior acervo do mundo". O lugar de fora parecia mal conservado, com pintura feia, grades fechadas, um aviso escrito à mão "visitantes, toquem a campainha". A campainha era na casa de alguém, que estava almoçando. Achamos tudo aquilo muito estranho, e depois de 60 segundos sem a pessoa atender a campainha, fomos embora.
Um tal de "shopping a céu aberto" na Av. Sayão - que pelo panfleto também deveria ser o maior da América Latina (!) - era mais um monte de lojas (muitas mesmo) de varejo na mesma rua.
O Bosque dos Buritis era bem legal. Foi onde achamos uns poucos brinquedos para as crianças. Elas gostaram de ver as tartarugas e peixes nos laguinhos.
O Parque Ecológico Ulisses Guimarães parece que mudou de nome para Parque Altamiro de Moura Pacheco. Meu interesse era de ver com a família o sítio arqueológico indígena de mais de 2000 anos. Pesquisei e pesquisei na internet e achei depois de muita luta um telefone do local: (62) 3299-3276. Nenhum site e nenhum panfleto trazia endereço exato, nem instruções para chegar lá. Nem com o Google Earth nem com o Google Maps eu descobri. Fiquei sem descobrir. Na estrada depois também não vi placas. Um site obscuro dizia que a entrada era somente com autorização da administração, o que eu achei muito inconveniente. O funcionário do parque me avisou que infelizmente está fechado para o público até 31 de Dezembro de 2009 ! Eu perguntei porque, e ele me disse que era "por causa da barragem". As únicas conclusões que posso tirar é que ou os trabalhos com a barragem bloqueiam o acesso ao sítio arqueológico, ou a barragem vai inundar o sítio arqueológico. Achei a última possibilidade mais que um absurdo. Aconselho você a ligar para o local antes de ir, e também ligar para um deputado estadual de Goiás para perguntar qual é o plano de preservação cultural do parque, se a barragem ameaça ou não o sítio arqueológico indígena, se houve plano de impacto ambiental e qual é o orçamento da obra da barragem.

Thursday, August 13, 2009

O Imoral e o Herege

"
O desvio intelectual [...] é subversivo de uma totalidade, enquanto que o desvio comportamental deixa a totalidade como está, não questionando nunca a sua legitimidade. No caso específico das instituições eclesiásticas, este fato se torna evidente quando notamos que é fácil reassimilar aqueles que cometeram deslizes morais, enquanto é praticamente impossível fazer o mesmo com os hereges. O imoral não contesta uma visão de mundo. O herege sim. O que comete o deslize moral sabe que a verdade está com a instituição.[...] O herege, ao contrário, sabe que ele está certo e a instituição errada. Por isso não se envergonha, e prega as suas idéias. O imoral só deseja permissão para realizar o seu ato. O herege deseja abolir um mundo e criar um outro.
"
- Rubem A. Alves, em "Liberdade e Ortodoxia: Opostos Irreconciliáveis? Notas preliminares para o exame do problema do Protestantismo", em "Tendências da Teologia no Brasil", página 12, Aste, São Paulo, 1977.

Tuesday, August 11, 2009

Brazilian evangelical leader, 9 others accused of using donations for personal use

From Associated Press, featured at the Chicago Tribune and CBSNEWS World today.

"
TALES AZZONI, Associated Press Writer
August 11, 2009

SAO PAULO (AP) — The founder of one of Brazil's biggest evangelical churches siphoned off billions of dollars in donations from his mostly poor followers to buy jewelry, TV stations and other businesses for himself, authorities charged Tuesday.
A Brazilian judge accepted charges from prosecutors alleging that Bishop Edir Macedo and nine other people linked to the Universal Church of the Kingdom of God committed fraud against the church itself and against its numerous followers.
Sao Paulo state's prosecutors office alleged in a statement that Macedo and the others took more than $2 billion in donations from 2003 to 2008 alone, but charged that the alleged scheme went back 10 years.
Church lawyer Arthur Lavigne told the newspaper Folha de S. Paulo that the accused denied any wrongdoing. Church officials did not respond to attempts to reach them by phone and e-mail.
Prosecutors said the Universal Church of the Kingdom of God receives nearly $800 million in donations every year from faithful in 4,500 temples across Brazil. The church claims to have nearly 8 million followers in Brazil and many more around the world.
Prosecutors said the church tells its members it needs donations — cash, checks, cars and other goods — to finance new temples and to pay for religious programs on radio and TV.
The church allegedly used fake companies to launder the money, moving the assets abroad and then returning them in the form of loans used by Macedo and his accomplices to buy businesses, prosecutors said.
"There is proof that the money from the donations was used to attend to the personal interests of those being accused" and that they took advantage that the donations were not taxed to make investments in personal business, the prosecutors' statement said.
Macedo, who founded the church in 1977, owns a large television network, three newspapers and several radio stations. He also owns a tourism agency and an air taxi company.
In the early 1990s, the Universal Church of the Kingdom of God was investigated for embezzlement and tax evasion, but nothing was ever proven and the church grew stronger.
Brazil is the world's largest Roman Catholic country, but recently the number of evangelicals has grown significantly among its population of about 190 million people.
"

Monday, August 10, 2009

Real World Software Engineering – XXIV

On "why?"

People like to say "It's the 'what' and not the 'how'" as if they found the key to solving major problems in software analysis. I think "why?" is a more important question.

Sunday, August 09, 2009

Caio Fábio no Caminho da Graça em Brasília

Visitei hoje o Caminho da Graça em Brasília, igreja do Caio Fábio.
Pensei em documentar o que vi. O culto que estava marcado para as 19h começou atrazado. (Eu francamente tenho cada vez menos prazer em ouvir pessoas bem intencionadas cantando desafinadas em microfones. E as letras cada vez mais dizem menos.) Interessante como parece que o Caio Fábio se apresenta como uma voz alternativa, a um quasi-anti-establishment, mas como o culto em seu conteúdo parece ser como 99% das outras igrejas evangélicas: louvor, oferta, olhar pro lado e cumprimentar o irmão, pregação, oração final. E o formato também: platéia em cadeiras em filas, grupo de música no palco, pregador no palco com holofote, crianças no seu próprio cultinho.
Sim, gostei porque Caio Fábio parece querer pregar "o evangelho". Gostei porque ele conscientemente adverte sobre certos perigos da religião que penso serem verdadeiros e apropriados.
Contudo, tenho uns problemas ainda com ele:
- Ainda não entendi aquele problema antigo: ficou passado a limpo o episódio do dossiê? Eu não entendi quase nada daquilo, e não vi publicação dele que explicasse. Mas isso não está relacionado a culto exatamente.
- Acho que ele não precisava falar tão difícil. Não que eu não entenda. Não que eu pense que deva-se simplificar, subestimando o ouvinte. Penso que ele enche linguiça muito e desnecessariamente. Ele certamente tem capacidade e conhecimento de conteúdo para falar direta e claramente.
A pergunta seria: por que ele tem escolhido de falar difícil? Eu tenho minha impressão, mas é só impressão. Parece um teatro às vezes. Tudo bem: eu gosto de teatro. Acho que a linguagem do teatro pode ser um veículo de comunicação. Eu consigo ler o personagem. Mas mesmo assim, acho desnecessário. Um efeito indesejável é este meio (e conteúdo) parece atrair classe média alta.
Voltando ao ponto citado inicialmente, sendo uma voz alternativa, eles bem que poderiam tentar refletir isso no formato e conteúdo de outras partes do culto também, a começar com a letra das músicas que são ainda aquelas cheias de clichês de crente, e o formato da reunião (arquitetura do espaço e disposição das pessoas).

Tuesday, August 04, 2009

Notas de Rodapé Sobre a Missão Integral

Isto é o que eu aprendi sobre Missão Integral:
- MI é coisa nossa (de brasileiros e da América Latina). Não é importada. Se aplica ao nosso contexto.
- Missão Integral é excelente. Precisamos de mais Missão Integral!
- Nos anos 80 a igreja evangélica perdeu tempo respondendo à teologia da prosperidade.
- Nos anos 90 a igreja evangélica perdeu tempo pensando que era Empresa (Com Propósitos).
Isto é, a igreja evangélica não deu muita bola para a Missão Integral ainda.
- Os seminários brasileiros são fracos.
- Existe um desconhecimento da Missão Integral em igrejas evangélicas.
- Existe um trabalho sério e de alta qualidade pensando na Missão Integral. Existem, contudo, poucos exemplos de aplicação da MI em igrejas locais. Talvez porque a ótima produção escrita não tenha sido traduzida ou levada para a prática, isto é, às igrejas.
- Parece que a Missão Integral acaba não envolvendo as igrejas por não ter um componente de eclesiologia. (Talvez por ser "Missão"?)
- Acho que uma mistura das idéias "missionais" seria muito interessante para a Missão Integral (uma boa dose de Michael Frost faria bem)
- A conversa emergente - sem pretensões e sem expectativas - contém um elemento de contextualização cultural que pode ser benéfica para a Missão Integral. A conversa emergente implica na tradução para o Brasil da eclesiologia. (Isto é, a conversa emergente por definição não pode ser enlatada.)
- Existem redes de implementações da Missão Integral na América Latina que merecem citação: La Red del Camino, por exemplo. São exemplos muito bonitos da Missão Integral na prática com o elemento da comunidade de fé envolvida.

Saturday, August 01, 2009

Histórias Verídicas do Pajé Raoni - 6 - Minha Conversão

Eu tinha uns 7 anos de idade. Minha mãe e eu entramos num táxi no Rio de Janeiro. O motorista parecia muito convicto e devoto, pois havia adesivos e outros penduricalhos dentro do carro. Logo de início me perguntou:
- Pra que time você torce?
- Eu não sei bem... Acho que torço pro Grêmio, mas meu pai é Fluminense. Meus tios torcem pro Bangu.
- Como assim Grêmio, Fluminense e Bangu? Você tem que ser é Flamenguista! O Flamengo é que é o melhor time do mundo.
Seu entusiasmo foi contagiante. Pronto: me tornei um Flamenguista na hora.
Voltando a Porto Alegre, me sentia um pouco dividido. Afinal, estando lá a pressão era grande por escolher um time local. Sempre gostei do Grêmio, apesar de entender que a norma era ter um time. Ia inclusive de vez em quando aos jogos no Domingo. Devo ter ido a mais jogos do Grêmio que do Flamengo.
Nunca fui um Flamenguista engajado. Raramente sabia os nomes dos jogadores além de um ou outro. Não sabia em que posição estava na tabela. Via os jogos na TV quando dava. Não fazia parte da torcida organizada (nunca conheci ninguém da torcida organizada. Seriam eles chatos querendo me convencer a entrar? Ou seriam eles segmentários, evitando a entrada de torcedores não-fanáticos?) Eu não era fanático. Eu me considerava e me considero um Flamenguista. Mas será que eu era realmente um?
Eu gostava de vôlei. Gostava de assistir a jogos na TV de vôlei. Será que não era apropriado gostar de vôlei e torcer para um time de futebol?

Tuesday, July 28, 2009

O Doce Problema da Inclusão: Encontrando Nosso Deus no Outro

O Doce Problema da Inclusão: Encontrando Nosso Deus no Outro

Por Samir Selmanovic

Tradução de Gustavo K-fé Frederico

Do livro "An Emergent Manifesto of Hope"
Capítulo 16
ISBN 978-0-8010-6807-2
Baker Books

Originalmente publicado em http://gustavofrederico.blogspot.com

Chomina, cacique da tribo Algonquin, perdeu todos os seus homens protegendo uma expedição dos colonizadores Franceses do Quebéc ao viajarem 2500 quilômetros até a Missão Huron. Um inverno cruel, um ataque brutal, captura e tortura por uma outra tribo indígena Norteamericana resultaram em uma ferida mortal no cacique.

Notando o fim, o Padre Laforgue, jesuíta e líder da expedição, falou para o cacique:

- "Quando eu morrer, Chomina, eu vou ao paraíso. Deixe-me batizá-lo agora para que você também vá para lá."

-"Por que queriria eu ir ao seu paraíso?", respondeu Chomina. "Meu povo, minha mulher e meu filho não estariam lá."

No dia seguinte, enquanto o cacique permanecia deitado morrendo na neve, o Padre Laforgue tentou mais uma vez:

-"Chomina! Meu Deus ama você. Se você aceitar seu amor, ele o deixará entrar no paraíso!"

-"Deixe estar, meu amigo, deixe" murmurou Chomina morrendo.[1]

+

Para muitos de nós, o problema não estava imediatamente visível. Descobrir o Deus da Bíblia parecia como peças de um quebra-cabeças de tudo o que é verdadeiro e lindo se encaixando. Um mundo plano virou 3D, a escala de cinzas virou colorida, como se alguém tivesse acendido a luz. Nós estávamos banhados em luz. A tempo nossos olhos se ajustaram e nós nos vimos nas sombras.

Sempre foi assim. Toda geração daqueles que decidem seguir a Cristo aprende que existem textos bíblicos a serem reinterpretados. Aqueles de nós que são parte da conversa sobre a igreja emergente acreditam que tais transformações são obras de Deus. E para a nossa geração, a sombra não é vista nas falhas das pessoas cristãs ou nas instituições cristãs disfuncionais, por mais falhas e imperfeitas que elas possam ser. Nossa sombra é a própria idéia de Cristianismo. Nossa religião tornou-se um sistema de gerenciamento de Cristo.

Nós sentimos grande alegria na aceitação da humanidade por Deus através de Jesus Cristo. Encheu nossas vidas de luz. Mas a idéia do Cristianismo que outras religiões não podem ser portadoras de graça e verdade projeta uma grande sombra sobre nossa experiência cristã. A graça, o ensino central do Cristianismo, permeia toda a realidade,ou será que ela é algo que está vivo somente naqueles que têm o Novo Testamento e a tradição Cristã? A revelação que nós recebemos por Jesus Cristo é uma expressão do que está em todo lugar em todos os tempos, ou será que o Evento Cristo esvaziou a maior parte do mundo e do tempo da graça salvífica e depositou-a em uma religião, a saber, a nossa? E de forma mais prática, como podemos nós ter uma conversa genuína de mão-dupla com não-Cristãos sobre nossa experiência de Deus se nós cremos que Deus retém sua revelação de todos a não ser os Cristãos?

Porque nós cremos que não há sombras em Cristo, nós não queremos nada menos do que reiterpretar a Bíblia, reconstruir a teologia, e reimaginar a igreja imitando o caráter de Deus que nós como seguidores de Cristo viemos a conhecer.

Quando eu me ponho no lugar do cacique Chomina, eu sinto o Espírito de Deus me perguntando: "O que você escolheria: vida eterna sem seus amados ou morte eterna com eles? " Chomina sabia a sua resposta. Ele preferiu morrer a viver sem seus amados. Movido pelo Espírito Santo, pessoas como Chomina rejeitam a idéia de lealdade ao nome de Cristo e, ao invés, querem ser como ele e assim aceitá-lo de forma mais profunda. Esta escolha entre aceitar o nome de Cristo e ser como Cristo tem sido posta na frente de milhões de pessoas ao longo da história humana e hoje.

Uma pessoa não precisa crer em Deus antes de viver na presença de Deus. Deus está presente queira acreditemos nele ou não [2]. E gente responde 'sim' a ele. Mark, um amigo meu não-Cristão de Nova Iorque, diz que pra ele "tornar-se parte do Cristianismo seria um retrocesso moral." Contudo, ele disse coisas como essa para mim: "Viver é receber um presente. Eu creio que há uma força transcendente acima da nossa existência e parece que a humanidade tem negligenciado este presente. É só olhar para o que nós estamos fazendo uns com os outros. Mas no meio da bagunça, eu vejo a graça de um novo começo por todos os lados ao meu redor. E dentro de mim. E eu várias vezes me esquivo de responder a ela. Eu participo da loucura ao invés. Todas as vezes na minha vida que eu me volto para essa graça para procurar por uma segunda chance, eu sempre ganho. Eu acho que eu quero gastar o resto da minha vida sendo um canal dessa mesma bondade a outros." Essa visão incorpora a doutrina da criação, do pecado, da salvação, e da nova vida. Isto é Cristo, encarnado na vida do Mark, presente em substância ao invés de nome.

Os Chominas e os Marks ao redor de nós deixam-nos pensando se Cristo pode ser mais que o Cristianismo. Ou até mesmo algo que não o Cristianismo. Será que os ensinos do evangelho estão embutidos e podem ser achados na própria realidade ao invés de serem isolados exclusivamente em textos sagrados e nossas interpretações desses textos? Se a resposta for 'sim', será que eles podem estar embutidos em outras histórias, histórias de outras pessoas, e até mesmo outras religiões?

A Idolatria do Cristianismo

Questões que visam a diferenciar Cristo e Cristianismo parecem cada vez menos absurdas do que antes. Comumente definido, o Cristianismo é "uma religião monoteísta centrada em Jesus de Nazaré, e na sua vida e ensinos como apresentados no Novo Testamento."[3] Vale à pena lembrar que Cristo nunca proclamou "O Cristianismo está aqui. Junte-se a ele." Mas Cristo insistiu "O Reino de Deus está aqui. Entrem."

O movimento da igreja emergente veio a acreditar que o contexto fundamental das aspirações espirituais de um seguidor de Jesus Cristo não é Cristianismo mas ao invés o Reino de Deus. Dando-se conta disso vêm várias implicações, e a que mais se sobressai é o fato de que, como qualquer outra religião, o Cristianismo é um não-deus, e todo não-deus pode ser um ídolo.

Atos de ganância, ódio, e negligência das pessoas junto com um Cristianismo que sujou o mundo através da História são um resultado de elas amarem alguma outra coisa mais do que Deus. O pecado é sempre um resultado desse deslocamento do coração de alguém. Alguém ou alguma coisa, um não-deus, torna-se o foco do amor de alguém. Um ídolo é gerado quando alguma coisa agarra a confiança funcional de um indivíduo ou grupo social. Acontece quando, em um relacionamento com Deus, algo além de Deus torna-se um valor inegociável.

Teria-se tornado a supremacia do Cristianismo nosso valor inegociável? Todo pecado é um resultado de algum compromisso de fé com coisas, pessoas, ou forças que não Deus, as quais são em última instância compromissos consigo próprias. Religião – qualquer religião – não se exclui dessas dinâmicas da experiência humana. [4]

As Escrituras frequentemente descrevem outras religiões como idólatras. Embora adorar ídolos frequentemente resultava em violência, sofrimento e degradação, esses eram apenas os sintomas de um problema maior que Deus tinha com adoradores de ídolos: sua tentativa de gerenciar Deus. Era a soberania de Deus que estava em questão.

No Velho Testamento, Deus repetidamente repreendeu seus seguidores por tratá-lo como um ídolo gerenciável, alguém que eles conseguiam evitar evitar através da religião. Cristãos conseguem imaginar coisas como dinheiro, sexo e poder como sendo ídolos. Mas a própria religião Cristã sendo um ídolo?

Certamente, se nós proclamamos que o Cristianismo está imune da idolatria, então nós chegamos à conclusão que, finalmente, Deus tornou-se "contido" pelo Cristianismo [5]. Nós acreditamos mesmo que Deus é melhor definido pela revelação histórica de Jesus Cristo, mas crer que Deus está limitado a ela seria uma tentativa de gerenciar Deus. Se alguém crê que Cristo está confinado no Cristianismo, ela escolhe um deus que não é soberano. Søren Kierkegaard argumentou que no momento em que uma pessoa decide tornar-se um Cristão, ela responde por idolatria. [6]

Religião, seja nas suas formas tradicionais ou pessoais, é a forma pela qual nós abordamos o poder e mistério por trás da vida, e já que todos os seres humanos têm que abordar o poder e o mistério por trás da vida, nós todos somos religiosos. Isto inclui cépticos que dizem "Eu não acredito em Deus. Eu não tenho religião." Isto é uma afirmação religiosa, uma afirmação de dogma. Religião é uma forma de nós justificarmos nossa existência, uma explicação sobre porque nós nos importamos. É nosso "sistema de imortalidade." [7] Então para que sobrevivamos, para que nossos sentidos permaneçam intactos, nós temos que desmanchar ou desacreditar os sentidos que são contraditórios aos nossos. Não é de surpreender que para muitos de nós imaginar a possibilidade de o próprio Cristianismo ser um ídolo no sentido bíblico da palavra é um pensamento traumático demais para considerar.

Será a nossa religião a única que entende o sentido verdadeiro de vida? Ou Deus deposita sua verdade em outras também? Bem, Deus decide e não nós. O evangelho não é nosso evangelho, mas o evangelho do reino de Deus e o que pertence ao reino de de Deus não pode ser sequestrado pelo Cristianismo. Deus é soberano, como o vento. Ele sopra onde ele escolhe.

Cedendo o Controle

O Cristianismo não pode ganhar de volta credibilidade ou cativar de novo a imaginação humana até que ele aprenda a existir para a finalidade de algo maior que si mesmo. As pessoas têm medo com razão de qualquer religião que não aceita seu lugar aos pés do Mistério Sagrado. Se o Deus Cristão não é maior do que o Cristianismo, então simplesmente não se pode confiar no Cristianismo.

Aos olhos de um número crescente de pessoas buscando a Deus, Cristãs ou não, o Cristianismo tem desenvolvido um sentimento de importância sem limite. Por outro lado, existe potencial e beleza em uma religião que consegue pôr o bem do mundo acima da sua própria sobrevivência.

Paradoxicamente, o Cristianismo professa confiar na deidade mais peculiar de todas as religiões: o Deus que encarnou-se, tornou-se um servo, e morreu para algo mais importante para ele do que sua própria vida.

O futuro do Cristianismo depende da sua própria vontade em servir algo maior que si mesmo. Se o Cristianismo quiser ressuscitar tornando-se uma nova vida, ele deve almejar ser como o Deus que ele professa e ceder o controle a algo mais querido do que sua própria vida. E o que pode ser melhor que o Cristianismo? O reino de Deus, é claro. Este reino supera o Cristianismo em escopo, profundidade e expressão. Isto é verdade independentemente de nós falarmos em um Cristianismo "Sem-Jesus" ou "Com-Jesus". Até mesmo na sua melhor forma, a religião Cristã é ainda uma entidade na dimensão humana.

Quando nós dizemos que só Cristo salva, Cristo representa algo maior que a pessoa que nós Cristãos vimos a conhecer. Ele é tudo em todos. E Cristo sendo "o único caminho" não é uma afirmação de exclusão mas de inclusão, uma expressão do que é universal [8]. Se um relacionamento com uma pessoa específica – a saber, Cristo – é a substância total de um relacionamento com o Deus da Bíblia, então a grande maioria das pessoas na história do mundo estão excluídas da possibilidade de um relacionamento com o Deus da Bíblia, juntamente com os Hebreus do Antigo Testamento, que não deixaram de ter conhecimento de Jesus Cristo, a pessoa. A pergunta importante que deve ser perguntada é: iria [o] Deus que dá revelação suficiente às pessoas para serem julgadas mas não revelação suficiente para serem salvas ser um Deus digno de adoração? Nunca!

Deus ilumina todos seres humanos que vieram a existir e abre um caminho para um relacionamento com ele. A Bíblia diz que se uma pessoa fala como um anjo, mas age como um demônio, suas ações valem mais que suas palavras. Suas ações suplantam sua fé. Da mesma forma, alguém pode negar uma fé que está evidente em sua vida [9]. Meu amigo Mark de Nova Iorque serve a Jesus em substância ao invés de palavras, vivendo uma fé em Deus sem palavras [10]. Em outras palavras não há indicações na Bíblia que esta dinâmica se aplica apenas a indivíduos e não a grupos. Religiões vivem debaixo de leis espirituais do reino de Deus. Falando de outras religiões, o teólogo Miroslav Volf afirma: "Deus pode utilizar suas convicções e práticas religiosas, ou Deus pode trabalhar fora dessas convicções e práticas [...] É assim em parte como o Deus que doa e perdoa trabalha nos Cristãos também, várias vezes usando mas também às vezes contornando suas convicções e práticas." [11] Em outras palavras, não há salvação fora de Cristo, mas há salvação fora do Cristianismo.

Nos últimos dois mil anos, o Cristianismo deu a si mesmo um status especial entre as religiões. Uma geração emergente de Cristãos está simplesmente dizendo "Chega de tratamento especial. Nas Escrituras Deus estabeleceu um critério de verdade, e tem a ver com os frutos de uma vida graciosa" (Ver Mateus 7.15-23; João 15.5-8; 17.6-26). Isto é desconcertante para vários de nós que baseamos nossa identidade em uma noção de ter a verdade de uma forma abstrata. Mas a mesa de Deus dá as boas-vindas a todos que buscam, e se qualquer religião deve ganhar, que seja aquela que produz pessoas que são as mais amorosas, as mais humildes, as mais parecidas com Cristo. Qualquer que seja o significado de "salvação" e "julgamento", nós Cristãos vamos ser salvos por graça, assim como todos os outros, e julgados por nossas ações, assim como todos os outros. [12]

Tornando-nos Aprendizes Mestres

A sabedoria é tão gengil e sábia
que para onde for que olhes
tu podes aprender algo sobre Deus.
Por que não ensinaria o Onipresente desta forma?
Santa Catarina de Siena

Para a maioria dos críticos de tal Cristianismo aberto, o problema com a inclusão é que ela permite que verdade seja achada em outras religiões. Para Cristãos emergindo, este problema é bom. Na verdade, em vez de ser um problema, é um motivo para celebrar. Nós não queremos só tolerar [a] característica divina "do outro" como se nós nos arrependêssemos da possibilidade. A característica divina de não-Cristãos não é uma anomalia na nossa teologia. Em vez de adicioná-la como um apêndice nos nossos estatutos de crenças, nós queremos movê-la para o centro e celebrá-la assim como os céus certamente a celebram. O evangelho ensinou-nos a alegrar-nos com a bondade que podemos achar nos outros.

Mais ainda, se não-Cristãos podem conhecer nosso Deus, então nós queremos tirar proveito das contribuições deles à nossa fé. Porque Deus é soberano, presente em qualquer lugar onde ele queira estar, nossa atitude de só aceitar a possibilidade de salvação e característica divina em outros sem uma atitude de aprender com eles nada mais é que preguiça, um pecado que nasce do orgulho. Além de se alegrar, celebrar significa aprender sobre Deus de outros.

Na verdade nós temos feito isso toda semana na nossa igreja. Nós usamos ilustrações de sermões de todos os aspectos da vida debaixo do sol para ilustrar o evangelho do reino de Deus, mas nós não nos atrevemos a usar e dar crédito a tais ilustrações quando elas fazem parte da religião de outro alguém, como a vida de Maomé ou uma história Zen. Por quê? É porque nós temos medo de achar nosso Deus ali assim como nós o achamos em todos os outros lugares? Cristo, o apóstolo João, e o apóstolo Paulo não tiveram medo. Eles usaram termos, conceitos, e fontes de outras religiões da época para transmitir o sentido do evangelho. Eles podiam fazê-lo, e nós não podemos, simplesmente porque Jesus, João, e Paulo não [eram do] Cristianismo mas [eram do] reino de Deus.

Isto explica um outro fenômeno. Se nós acreditamos que o método fundamental de propagar as Boas Notícias é amando pessoas, por que não-Cristãos tão raramente se sentem amados por Cristãos? Minha tese é que o amor aceita o que os outros têm a oferecer e nós pensamos que não-Cristãos não têm quase nada a adicionar a aquilo que é mais valioso para nós, a saber: o evangelho. Embora nós aceitemos suas virtudes com admiração e suas fragilidades com compaixão, no fundo nós não experamos adicionem a aquilo que vale mais para nós: nosso conhecimento e nosso relacionamento com Deus. Nós retemos deles a possibilidade de serem nossos professores. Sem uma atitude de aprendizado, nós não entramos no relacionamento sagrado do tipo "Eu/Tu". E é por isso que eles se retraem. O mundo está isolando de nós o que nós estamos isolando do mundo. [13]

Nós queremos prover o que falta a eles, cuidar das suas necessidades, e ensiná-los o que eles querem saber. Esta posição de doador permite-nos ter um sentimento de controle. Mas amor verdadeiro significa saber como receber. Você ama a sua avó quando você leva receitas para ela; você ama estranhos quando você precisa da companhia deles; você ama os seus pais quando você precisa dos seus conselhos; você ama suas crianças quando você precisa do seu perdão; você ama seus amigos quando você ouve suas histórias. Nós não amamos mesmo alguém até que nós peguemos o que eles precisam dar a nós. Embora nós várias vezes pensemos em Deus como auto-satisfeito, que não precisa de nada, Deus honra-nos necessitando de nós. Esta necessidade de Deus de nós é simbolizada no mandamento do Sábado que tem nenhum outro motivo além de criar um espaço no tempo quando Deus pode apreciar nossa atenção completa, quando um amado pode simplesmente estar com sua amada. O Rabino Abraham Joshua Heschel explicou uma vez como a maior necessidade humana é tornar-se uma necessidade. Deus precisa que nós participemos com ele na cura do mundo.

Nós também amamos outros não apenas dando mas recebendo. Eu fui um Muçulmano, e depois um Ateu, e depois um Cristão. Eu tornei-me um seguidor de Cristo porque um outro Cristão achou os passos de Deus na minha história e na minha religião naquele tempo. Ele me amou aprendendo sobre Deus a partir da minha história. Antes de me ensinar, meu amigo pegou o que eu tinha a oferecer.

Os seguidores de Deus não são chamados para serem os mestres de Deus, mas para serem aprendizes mestres. Quando levada a cabo corretamente, esta atitude não relativiza o que cremos. Na realidade ela radicaliza o que cremos porque ela estabelece Deus como Soberano, aquele que "brilha em tudo o que é justo." [14] Um aprendizado humilde e convicções fortes não são mutualmente exclusivas porque a humildade não é um sinal de fraqueza mas de força. Respeito genuíno pelo que outros podem adicionar à nossa fé não compromete nosso compromisso Cristão, mas o expressa ao invés. É por isso que evangelismo deve ser uma via de mão dupla. Se nós experamos que outros aprendam de nós e que mudem, nós devemos primeiro permitir uma possibilidade real de que nós tenhamos algo a aprender deles e sermos mudados pelo que aprendemos. É o medo e não a força das nossas convicções que não nos deixa aprender sobre nosso Deus de outras religiões.

Preocupações Com Identidade

Se nós aceitarmos a possibilidade de que outras religiões têm histórias redentoras ou verdades nelas, então o que vai ser da nossa identidade? Iria este tipo de humildade sem cuidado levar-nos a um grande sopão de religiões onde a carne do evangelho se perde entre as batatas e as cenouras de outras religiões?

Humildade é a força mais poderosa no reino de Deus. É só ver Deus se ajoelhando diante sua criação na pessoa de Jesus lavando nossos pés (ver João 13). Através da humildade que está no cerne da encarnação e da expiação, Deus nos evangeliza (ver Fil 2.4-11). É por isso que a humildade encerra tal promessa para o futuro do Cristianismo. Ela não exclui evangelismo, mas melhora grandemente suas perspectivas. [15]

Humildade é a expressão máxima de coragem. No contexto do reino de Deus, uma pura demonstração de poder é simplesmente fraca demais para ser efetiva. Nós criamos uma falsa tensão entre manter nossa identidade Cristã intacta e abordar o mundo com humildade. Humildade deve ser nossa identidade. Quando nós abrimo-nos para sermos ensinados pelo "outro", nós não nos tornamos menos seguidores de Cristo, mas mais.

Chegamos ao ponto de aceitarmos a depravação de cada ser humano e a necessidade de arrependimento para cada pessoa, mas no momento em que nós nos agrupamos em denominações Cristãs, ou na religião Cristã como um todo, a doutrina da depravação de repente desaparece das nossas consciências. Na verdade, comportar-se como tendo toda a verdade sobre Deus e abolindo a dúvida saudável é a forma máxima de conformidade – porque toda religião tem um complexo de superioridade – e, portanto, [também] uma perda de uma verdadeira identidade. No mundo como um todo, nenhum grupo ou religião está se arrependendo muito de qualquer coisa hoje. É por isso que ser "penitentes mestres" não seria uma perda de identidade; seria um primeiro passo para nos tornarmos "aprendizes mestres" e [para a] renovação da nossa identidade como uma comunidade Cristã. Nós devemos ser aqueles que [se] convertem primeiro , aqueles que entregam suas armas e se submetem ao Deus Soberano, aqueles que não priorizam nada mais que o reino de Deus, até mesmo [sendo] nossa querida religião.

Meu amigo Mark de Nova Iorque perguntou-me mais de uma vez: "Por que vocês Cristãos querem que o Cristianismo vença o tempo todo? Vocês não parecem saber como viver em um mundo onde vocês não mandam." Isto me fez pensar sobre a história do Cristianismo e suas aspirações de deter o controle. Olhando para trás nostalgicamente para os tempo quando o Cristianismo era um império, nós monitoramos sem cessar nosso poder, nosso crescimento, nossos números, nosso sucesso financeiro, [e] nossa força política. Talvez tenha chegado o tempo de o Cristianismo perder.

Perder a vida é ganhá-la. Não seria a primeira vez em que Deus sairia fora da religião, a qual contém sua mensagem, e faria algo novo. Se Deus achou por bem que seus seguidores saíssem da clausura de uma religião dois milênios atrás, por que deveríamos nós esperarmos que Deus não faça tal coisa no tempo presente? Talvez o Cristianismo deva ser diluído e repartido, gasto como Jesus, quem se doou por esse mundo.

Se nós buscamos primeiro o reino de Deus, então talvez até nossa querida religião, salva de nós mesmos, nos será acrescentada.

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[1] Esta cena é do filme Black Robe de 1991. Padre Laforgue (Lothair Bluteau) e o cacique Chomina (August Schellenberg) são personagens da novela de Brian Moore que foi adaptada para o filme. A estória é histórica [sic].
[2] Ler o capítulo “Poslúdio: Uma Conversa com um Céptico” em Miroslav Volf, Free of Charge: Giving and Forgiving in a Culture Stripped of Grace (Grand Rapids: Zondervan, 2005).
[3] Ver www.wikipedia.org., verbete “Cristianismo”
[4] O pastor Timothy Keller da Igreja Presbiteriana Redeemer de Nova Iorque desenvolveu esta idéia de religião como “salvação própria” e conversão como uma “transferência de confiança” melhor do que qualquer pessoa que eu conheço.
[5] A noção de que o Cristianismo não pode ser um candidato a idolatria foi recentemente expressa por D. A. Carson, cujo argumento equilibra-se sobre a premissa de que os pecados do Cristianismo são sempre um desvio do Cristianismo verdadeiro (Becoming Conversant with the Emergent Church, 201-202). Contudo, o mal feito sob a bandeira do Cristianismo não pode ser deixado de lado dizendo-se “Isso não era Cristianismo verdadeiro” O Cristianismo é o que é. Deixar de lado os pecados do Cristianismo apelando a uma idéia platônica de um certo “Cristianismo verdadeiro” é tanto disonesto com outras religiões e inútil para Cristãos. Nós simplesmente nunca tivemos nem nunca teremos Cristianismo puro e verdadeiro.
[6] Eu parafraseio Kierkegaard aqui. Seus livros trouxeram-me à fé Cristã e eu recomendo Either/Or (New York: Penquin/Putnam, 1992) e Fear and Trembling/Repetition: Kierkegaard’s Writtings, vol. 6 (Princeton, NJ: Princeton University, 1983). Ele consegue criticar o Cristianismo de uma forma que compele o leitor a tornar-se um Cristão.
[7] Ernest Becker, um autor ganhador do prêmio Pulitzer por seu livro Denial of Death, escreve sobre isto no seu último livro Escape from Evil (New York: Free Press, 1975). Ele diz: “Cada pessoa nutre sua imortalidade na ideologia da auto-perpetuação, à qual ele dá sua lealdade; isto dá a sua vida o único significado que ela pode ter. Não é de se espantar que homens se enfurecem com pontos pequenos da crença: se o seu adversário ganhar o argumento sobre verdade, você morre. [Se] seu sistema de imortalidade mostrou-se ser falível, sua vida torna-se falível” (64).
[8] Inclusivismo, uma visão sobre o destino dos não-evangelizados, afirma que todas as pessoas têm uma oportunidade de serem salvas respondendo a Deus em fé baseada na revelação que elas têm. Em contraste com o restritivismo de um lado e universalismo de outro, inclusivismo afirma a particularidade e finalidade da salvação somente em Cristo mas nega que [o] conhecimento da sua obra é necessário para salvação. Inclusivistas crêem que o trabalho de Jesus é ontologicamente (em substância) necessário para salvação mas não epistemologicamente (em nome) necessário. Entre aderentes à visão inclusivista estão Justin Martyr, Zwingh, John Wesley, C.S. Lewis, Wolfhart Pannenberg, e Clark Pinnock. No século XX, de todas as tradições, a teologia Católica Romana abraçou mais decisivamente o inclusivismo, com o “Cristianismo anônimo” de Karl Rahner sendo a apresentação mais celebrada dele. Hoje, entre evangélicos, inclusivismo está começando a desafiar a supremacia do restritivismo. Para textos bíblicos chaves e um tratamento sólido de todas as três visões veja No Other Name, de John Sanders (Grand Rapids: Eerdmans, 1992).
[9] Exemplos disso incluem a parábola de Jesus do julgamento em Mateus 25.31-46 e o relato sobre o encontro de Pedro com Cornélio em Atos 10.23-48.
[10] Para vários exemplos dessas dinâmicas da Bíblia, a história e os escritos de autores como C.S. Lewis, ver Sanders, No Other Name, capítulo 7.
[11] Volf, Free of Charge, 223.
[12] Eu descobri este ensino óbvio do Novo Testamento quando lia The Last Word and the Word after That de Brian McLaren (San Francisco: Jossey-Bass, 2005). Basta a pessoa olhar para qualquer discussão sobre julgamento ou obras no Novo Testamento para ver esta verdade.
[13] Para uma discussão resumida desse conceito, ver o capítulo 23 em Between God and Man, de Abraham Hescel (New York, Free Press, 1997)
[14] Esta frase do hino Cristão “O Mundo é Teu, Senhor” é frequentemente usada para expresser o ensino da “graça comum”, graça que Deus dá para sustentar todo o mundo, diferenciada da graça que salva. Contrastando, o inclusivismo (ver n° 8) argumenta que toda revelação é revelação salvífica e que qualquer graça que Deus extenda a nós não é só para sustentar o mundo, mas para salvá-lo.
[15] Budismo e Alcoólicos Anônimos já provaram o argumento.