Na primeira aula sobre "Sociedade e Cultura" no seminário presbiteriano, um colega estudante reagiu a um comentário do professor. O professor estava descrevendo como era necessário o crente se envolver com a cultura. O colega pediu a palavra e explicou:
"O problema é que nem todos sabem até onde ir nesse envolvimento. Afinal nós estamos no mundo mas não somos do mundo. Uma analogia que eu ouvi uma vez foi essa: imagine uma pessoa no fundo do poço. Alguém pode se precipitar e se atirar no poço. Mas ele se esqueçe que pode atirar a corda. Da mesma forma hoje algumas pessoas abusam da desculpa de se envolver com o mundo."
O professor respondeu dizendo que "mundo" é um sistema perverso, etc.
O meu problema é com o quadro que a analogia propõem. A analogia de "atirar uma corda" propõem um crente-santo-salvo numa boa distante do não-crente-desesperado. O crente-santo-salvo detém a corda e a capacidade de salvar. Ele está no poder e no controle. Ele é superior porque está lá em cima e o não-crente-desesperado lá embaixo. Este crente-santo-salvo acha uma solução muito higiênica! Ele não precisa se sujar para salvar. Basta jogar a corda. Se tivesse um controle remoto seria melhor ainda.
A encarnação de Jesus nega a analogia. Na encarnação Deus se dá completamente. Deus não envia uma corda lá das nuvens para salvar os pecadores. Deus se faz ser humano e convive conosco. Ele desce ao poço. Na parábola do bom pastor, Jesus deixa as 99 ovelhas e sai à procura daquela uma que se perdera. O amor de Jesus é radical. Se dá completamente em favor do outro.
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