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Sunday, October 11, 2009

Igreja emergente: Cristo presente no outro III

"Uma proposta de prática evangelizadora que surge nos meios evangélicos no final dos anos 70 merece destaque. Trata-se da pastoral de convivência[39]. Inspirada em modelos católicos romanos, como, p. ex., a experiência dos padres operários ou a teologia da enxada que se realizou no interior do Nordeste, ou mais remotamente nas comunidades de vida evangélica dos irmãos morávios, vários grupos de evangélicos buascaram se inserir nos meios populares para tentar uma nova forma de presença evangelizadora. Eram formados por estudantes, membros de comunidade e pastores/as. Houve grupos que partiram para viver em bairros e periferias urbanas, sustentando-se com o trabalho em fábricas, outros optaram por se localizar em zonas rurais, praticando agricultura de subsistência, incentivando o associativismo e o cooperativismo, além de participarem dos sindicados de trabalhadores. Uma terceira opção foi o trabalho junto a comunidades indígenas, desenvolvendo-se aí uma redefinição da missão tradicional. [...]
  A pastoral de convivência foi entendida como um processo de reeducação missionária, através do qual a missão cristã procura se colocar no mundo a partir do ponto de vista do outro, comprometendo-se com sua vida e tirando daí todas as conseqüências [40]. Buscava-se não apenas renovar o sentido da missão, mas recuperar parte da credibilidade perdida com séculos de opressão e desvalorização do outro. [...] O espírito do evangelho conduzia missionárias/os a caminhar junto com o outro, compartilhando suas lutas, dores, fraquezas e vitórias, e celebrar tudo isso numa nova liturgia/koinonia. A convivência e a solidariedade desencadearam uma série de outros serviços. Em alguns casos, o trabalho desembocou na formação de comunidades ecumênicas que ainda hoje representam um desafio. A pastoral de convivência pressupõe um ato de confiança no outro [...] O diálogo como método supera a mentalidade de conquista, pois se dá a partir de relações simétricas e solidárias que têm por base a luta pelo resgate da vida. Entre seus desdobramentos estão a releitura do testemunho bíblico e uma revalorização do evangelho como caminho/mensagem de liberdade e libertação.

[39]Cf. Roberto E. Zwetsch, Missão e alteridade, p. 159-175; [...]
[40] Cf. Lori Altmann, Convivência e solidariedade, p. 47-49"  (negrito meu)

Evangelho, missão e cultura, por Roberto E. Zwetsch

em "Teologia Prática no Contexto da América Latina", ASTE, Editora Sinodal

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