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Friday, June 17, 2011

Quando "igreja" e "Reino" colidem

ONG da Estrutural é alvo de disputa

Escrito por Pedro Augusto Correia


Desde a noite da última segunda-feira (23/5/2011), voluntários ocupam a sala da coordenação da ONG Viver, na cidade Estrutural. O movimento reivindica a gestão participativa da instituição, que foi criada e é gerida pela Igreja Presbiteriana do Brasil no Cruzeiro há 17 anos. Entre os ocupantes estão alguns alunos da Universidade de Brasília (UnB).
Desde 2009, a Igreja firmou parceria com o Governo do Distrito Federal (GDF) e a ONG passou a receber recursos públicos. De acordo com Caroline Soares, voluntária da Viver, todas as decisões sempre foram tomadas por um conselho da Igreja, que não esteve mais atuante nos últimos anos. Para ela, o ideal seria que a comunidade, em conjunto com funcionários e voluntários, gerisse a instituição. “Nós consideramos injusto que recursos públicos sejam controlados por uma entidade religiosa sem nenhuma discussão. Se a entidade é pública, deve passar por assembléias públicas.”
No dia 18 de janeiro deste ano, o então presidente da ONG, Coracy Coelho, enviou uma carta para o conselho da Igreja explicando que a Viver havia se tornado um bem público da comunidade e, por isso, os processos deveriam ser decididos de forma mais participativa. Pouco tempo depois, Coracy foi demitido. Na última sexta-feira (20), funcionários se reuniram para discutir o estatuto da Viver, que dá plenos poderes para que a Igreja defina os rumos da entidade. Na segunda-feira seguinte, quatro funcionárias foram demitidas. A direção da Igreja alegou que a reunião da sexta-feira havia acontecido sem autorização prévia, contrariando o Artigo 5º, parágrafo XVI, da Constituição Federal, que garante o direito de reunião. “Essa decisão é abusiva, a equipe está se sentindo amedrontada. Por isso, eu e os estudantes da UnB, que participam de projetos de extensão aqui na ONG, decidimos ocupar a sala da coordenação”, conta Caroline Soares. Ela explica que o objetivo da ocupação é forçar a ida da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (SEDEST) até o local para mediar a situação. “Não faz mais sentido a administração da Igreja, visto que são os voluntários e funcionários que realizam o trabalho e é o governo quem paga.”
A reunião
Na noite de ontem (24), aconteceu reunião entre comunidade, funcionários, voluntários e representantes da Igreja Presbiteriana. O Decano de Extensão da UnB, Oviromar Flores, esteve presente mesmo após a declaração dos estudantes de que ocuparam a ONG como cidadãos e não como alunos da universidade.
O Pastor Misael Passos, que dirige a instituição após a saída de Coracy, defendeu a permanência da Igreja na direção da ONG. “Os alunos da UnB hoje estão aqui, amanhã estarão em outro lugar, assim como os outros voluntários e funcionários. A Igreja está aqui há 17 anos e é quem dá estabilidade para a Viver continuar funcionando. A comunidade tem que escolher.”
Após muita discussão, várias propostas foram votadas pela comunidade e ficou acordado que será realizada reunião entre todos os envolvidos, com a mediação da SEDEST, para que o conflito seja solucionado. O encontro ainda não tem data definida. A ocupação será mantida até a que a reunião seja realizada.



Fonte: http://www.fac.unb.br/campusonline/sociedade/item/1092-ong-viver-ocupada


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Último capítulo da novela: a liderança da Igreja Presbiteriana do Cruzeiro conversa com deputados distritais, faz lobby com SEDEST lembrando que evangélicos dão muitos votos. E assim a SEDEST se posiciona contra a comunidade da Estrutural. E pessoas demitidas ficaram sem salário e sem direitos trabalhistas até o presente momento. Isto não é cristão.


Para obter mais informações visite http://ocupacaodaviver.blogspot.com/ 

 

Wednesday, June 15, 2011

As pouco conhecidas perseguição e violência dos Reformadores - parte 2

Em Julho de 1525, Balthasar Hubmaier, um pastor com ideias Anabatistas "moderadas", escreve uma carta ao conselho de Zurique pedindo uma discussão pública sobre batismo entre ele e Zuínglio, a quem nessa altura ainda chamava de "querido irmão".
  Vem o debate, então, onde Zuínglio defende o batismo de crianças, e Hubmaier se opõem.
  É interessante notar que Zuínglio em certa altura se vê oscilando entre ideias mais "radicais" da Reforma, aludindo a uma 'reforma progressiva', com mudanças moderadas na liturgia da missa, etc e a prática Católica. Sobre batismo Zuínglio confessou ter abraçado ele mesmo "o erro" de que crianças não deveriam ser batizadas "até que elas cheguem à idade da responsabilidade." Hubmaier afirmou durante os julgamentos:
  "Sim, você assim afirmou, escreveu e pregou abertamente do púlpito - várias centenas de pessoas ouviram isto de sua boca." E também: "No ano de 1523 na rua Zurichgraben eu pessoalmente confrontei-o com as Escrituras sobre o batismo. Você disse que eu estava certo, que crianças não deveriam ser batizadas até que tivessem sido instruídas na fé."
  No dia 14 de Dezembro, o arquiduque Fernando da Áustria pediu oficialmente a extradição de Hubmaier, que se encontrava preso em Zurique. Isto seria morte na certa; Fernando era Católico e atribuíra injustamente um levante na região de Waldshut a Hubmaier. Hubmaier então prepara uma retratação para o conselho de Zurique, negando sua posição sobre o batismo. Depois de ler a retratação para o conselho, Hubmaier é obrigado a lê-la nas principais igrejas de Zurique, começando em Fraumünster. No culto de manhã, após a pregação de Zuínglio, levado por guardas, Hubmaier foi chamado a ler sua retratação. Hubmaier rabiscou umas notas, contudo, antes de ir ao púlpito.
 "Ó, que angústia e dores de parto eu sofri esta noite a respeito das afirmações que fiz. Digo aqui e agora que eu não posso e não irei me retratar." A seguir, defendeu o batismo do crente como um ensino do Novo Testamento. Zuínglio interrompeu-o com raiva. Guardas vieram apreender o "criminoso" e o jogaram na prisão de Wellenberg. Foi torturado várias vezes. Durante as sessões de tortura, Zuínglio ordenava que Hubmaier chamasse os Anabatistas de anti-batistas. Durante 3 meses foi submetido a tortura e interrogatório na Wasserturm, ou torre d'água.

As pouco conhecidas perseguição e violência dos Reformadores - parte 1

O Conselho de Zurique organizou uma discussão pública sobre a questão do batismo de adultos ou de crianças para o dia 6 de Novembro de 1523. De um lado, Anabatistas incluindo Conrad Grebel, Mantz, Blaurock, e Michael Sattler, que foram anteriormente presos no castelo de Grüningen e posteriormente em Zurique. Do outro, Zuínglio e seus amigos. Quatro homens foram escolhidos para presidir a disputa, entre eles Dr. Sebastian Hofmeister e Vadian de St. Gall.
  Depois dos argumentos, as coisas pioraram para os Anabatistas (também chamados de os Irmãos). Claro, o conselho de Zurique deu vitória a Zuínglio. Grebel, Mantz e Blaurock voltaram para a prisão. A sentença saiu no dia 18 de Novembro: "por causa de seus anabatismos e suas condutas impróprias, devem permanecer na torre em uma dieta de pão e água" e ninguém poderia visitá-los. Durante o inverno, mais Anabatistas foram presos e levados à mesma prisão.
  Houve um novo julgamento nos dias 5 e 6 de Março de 1526, onde estes líderes Anabatistas foram condenados a prisão perpétua. E qualquer um que fosse visto re-batizando deveria ser morto por afogamento.
  Duas semanas depois de presos, os guardas esqueceram a janela da torre aberta e estes líderes Anabatistas fugiram da prisão.

(fonte: Anabaptist Portraits, por John A. Moore)

Sunday, June 05, 2011

Bad theatre for children

Today we went to see "At Nightfall" at the Ottawa International Children's Festival. Now that's bad theatre. Nothing happens in the story. It's pure non-sense. I couldn't stand it anymore and we left after 20 minutes. I want my money back but I guess it's in the fine print somewhere that I can't have it. Anyways, whoever wrote this thing, geez, couldn't you write something where there's action and stuff happening? Whoever approved this piece is also an accomplice. By the Sursaut Dance Company, Serbrooke, Quebec.

Thursday, June 02, 2011

Perfis dos primeiros Anabatistas: Hans Denck - 6

(Leia aqui a parte 5)

Hans Denck mudou de cidade para cidade fugindo de perseguições ou sendo simplesmente expulso. (Isto era  comum na época e aconteceu não só com Denck como com vários outros reformadores e Anabatistas) Cansado e doente, mesmo tendo ainda menos que 30 anos, Denck escreve em 1527 a Oecolampadius, líder reformado em Basel na Suíça, pedindo descanço e exílio. Oecolampadius aceita mas pede uma descrição formal por escrito de suas convicções religiosas e de como tinham mudado. Oecolampadius publicou os dois artigos de Denck dois anos depois.
  Denck começa sua declaração de fé assim: "Estou de todo o coração disposto a ver toda desgraça e vergonha, merecidas ou imerecidas, cairem sobre mim, sob a única condição de que Deus seja assim honrado, pois ele é digno de toda honra e amor. Contudo, desde que comecei a amá-lo, caí no desfavor de muitas pessoas... Enquanto eu crescia no zelo pelo Senhor, as pessoas cresciam no seu zelo opondo-me... Fui caluniado e acusado tão fortemente por alguns ... que é difícil, mesmo para um homem tenro e humilde de coração, se conter."
  Um comentário do livro do profeta Miquéias datado de 1532 foi atribuído a Denck. "Uma pessoa nunca deve fazer uma outra sofrer por causa da sua fé." Na conclusão lemos: "Mesmo em coisas externas ... como o profeta diz ... entre todos os povos cada um deve poder andar no nome do seu deus ... Ninguém deve privar o outro de sua liberdade - seja bárbaro, Judeu, ou Cristão ... Dessa forma, que nós desfrutemos dos dons de Deus em paz."
  Hans Denck faleceu aos 27 anos de idade em Novembro de 1527 da peste bubônica.

Perfis dos primeiros Anabatistas: Hans Denck - 5

(Leia aqui a parte 4)



Hans Denck ficou aborrecido com o mau uso da Bíblia na sua época. Assim, publicou um livreto. O título é bem grande: "Aquele Que Verdadeiramente Ama a Verdade ... O Temor de Deus é o Princípio da Sabedoria"
  "Até os vários membros de um só partido político discordam às vezes" ele observa "e isso não aconteceria se a pessoa prestasse atenção no único professor, o Espírito Santo. Para seu ensino o Espírito Santo dá testemunho claro... mas para aqueles que não têm isto selado pelo próprio Espírito de Deus, parece ser contraditório em várias partes...
 "Duas passagens das Escrituras opostas devem ser ambas verdadeiras. Uma estará contida na outra assim como o menor está no maior, como o tempo na eternidade, como a finitude na infinitude. Aquele que desiste das passagens opostas das Escrituras e não consegue achar sua unidade carece do chão da verdade. "
 O sétimo paradoxo contrasta "Eu não vim julgar o mundo mas salvá-lo" (João 12) com "Eu vim julgar o mundo" (Romanos 9). O oitavo, "Se eu dou testemunho de mim mesmo, meu testemunho não é verdadeiro" (João 5) com "Se eu dou testemunho de mim mesmo, meu testemunho é verdadeiro" (João 8). O décimo primeiro, "Pois quem pode resistir a sua vontade?" (Romanos 9) com "Vocês sempre resistiram ao Espírito Santo" (Atos 7). O décimo segundo, "Todo aquele que pede recebe" (Mateus 7) com "Vocês pedem e não recebem" (Tiago 4).
  O décimo quarto paradoxo contrasta "Pregai o evangelho a toda a criatura" (Marcos 16) com "Não joguem pérolas aos porcos" (Mateus 7). O décimo sexto, "Eu não ficarei com raiva para sempre" (Jeremias 3) com "Estes irão para a punição eterna" (Mateus 25). O próximo, "Deus quer que todos sejam salvos" (1 Timóteo 2) com "Poucos são escolhidos" (Mateus 20). E o próximo, "Deus não tenta ninguém" (Tiago 1) com "Deus tentou Abraão" (Gênesis 22). O décimo segundo, "Ninguém viu Deus" (João 1) com "Eu vi o Senhor face a face" (Gênesis 32). O vigésimo quinto, "Não julgueis para que não sejais julgados" (Mateus 7) com "julgai segundo a reta justiça" (João 7). O último, "Deus diz, 'Eu endurecerei o coração do Faraó'" (Êxodo 4) com "Faraó endureceu seu coração" (Êxodo 8 e 9).


E cito novamente outro escrito seu: "Há certos irmãos que pensam que eles entenderam tudo do evangelho, e seja quem for que não disser um 'sim' completamente inclusivo para o que eles dizem é rotulado de o pior dos hereges."

Perfis dos primeiros Anabatistas: Hans Denck - 4

(Leia aqui a parte 3)



Uma das grandes qualidades de Hans Denck era a sua capacidade de fazer amigos. Ele era um conciliador por excelência. Conseguia conviver com pessoas de diferentes opiniões, mesmo que muito contrárias às suas. De fato, Hans Denck veio a escrever quase no final de sua breve vida sobre o amor.
  Assim, Denck parece ter uma hermenêutica muito mais humana, apesar do "estágio histórico" de sua época. Um pequeno exemplo: Hans escreveu
 "Todos os mandamentos, costumes e leis, como foram escritas no Antigo Testamento e no novo, são anulados para um verdadeiro aluno de Cristo (1 Timóteo 1), isto é, ele tem uma Palavra escrita no seu coração, que ele ama a Deus somente ... Ele não despreza o testamento das Escrituras; ao invés ele busca nela com toda a diligência ... Ele retém julgamento daquilo que ele não entende e espera revelação de Deus... "

Perfis dos primeiros Anabatistas: Hans Denck - 3

(Leia aqui a parte 2)


Por volta de 1525 Hans Denck vai para a cidade de Augsburg, que estava dividida entre Protestantes (várias faccções - principalmente Lutero e Zuínglio ) e Católicos. Denck gastou bastante tempo escrevendo durante os 13 meses que ficou ali. Um dos livretos se chamava "A Afirmação de que as Escrituras Dizem que Deus Pratica e Produz o Bem e o Mal".
  Hans Denck começa pedindo desculpas por publicar o livro e por falar de Deus de forma tão dogmática:
"Há certos irmãos que pensam que eles entenderam tudo do evangelho, e seja quem for que não disser um 'sim' completamente inclusivo para o que eles dizem é rotulado de o pior dos hereges."

Perfis dos primeiros Anabatistas: Hans Denck - 2

(Leia aqui a parte 1)


O conselho da cidade de Nürnberg começou a brigar com Hans Denck. Assim, chamaram-no para descrever as suas crenças. Depois mandaram-no para os pastores Luteranos, sob o comando de Osiander, para exame. Eis o que eles disseram depois do debate:
"Hans Denck, diretor da escola São Sebaldus, mostrou-se tão hábil que nós chegamos à conclusão que é inútil discutir com ele oralmente... Ele não dá respostas diretas.. [e] tenta elaborar e colorir os pensamentos e ideias da sua mente (As Escrituras nunca falam tão claramente como ele), de forma que qualquer um pode perceber que um outro espírito que não o Espírito de Cristo controla-o." "Ele vem com astúcia e descarta as Escrituras como se fossem inúteis só porque nem todos entendem", reclamam os pastores de Nürnberg, "contudo elas são bastante claras." "Denck disse ... que tem algo nele que resiste a sua maldade ... Até o fim ele insiste que é Cristo. Mas ao mesmo tempo ele nega que ele tenha qualquer fé ... Se ele insiste em chamar a sua fé de não-fé até que seja completamente perfeita (o que nunca acontece nesta vida), ele age de forma contrária a Cristo e toda a Escritura."

Perfis dos primeiros Anabatistas: Hans Denck - 1

Hans Denck nasceu em 1500 e cresceu em Heybach (Habach) na Alta Bavária. Foi um aluno excepcional desde jovem. Recebeu o prêmio "scholasticus" na Universidade de Ingolstadt no sul da Alemanha ao concluir seu Bacharelado aos 19 anos. Foi um expoente nos estudos de Latim e Grego, embora tenha tido amplo conhecimento em ciências diversas.

Denck escreveu: "A justiça de Deus é o próprio Deus." "Pecado é o que quer que seja que se rebele contra Deus, que na verdade é 'nada'... Claro que todos os crentes uma vez foram não-crentes. Aqueles que se tornaram crentes tiveram primeiro que morrer para que depois eles não vivessem para si mesmos como não-crentes fazem mas ao invés viverem para Deus em Cristo."

"Todas as coisas que são por natureza impuras tornam-se ainda mais impuras quanto mais a pessoa tenta lavá-las... Quem tentaria lavar o vermelho dos tijolos, ou o preto do carvão, cujas próprias naturezas são o que são? ... Da mesma forma uma pessoa que por natureza é impura, no corpo e na alma, será lavada inutilmente por fora se ela não começar a ser amaciada e mudada por dentro."