(Parte 1 aqui)
Um detalhe interessante de se perguntar decorre da pergunta sobre a visibilidade que as pessoas poderiam ter sobre o desenrolar do capitalismo ao longo do século XX. Tentando ler de forma "positiva" esses trechos do livro, consigo imaginar um indivíduo Calvinista, por exemplo, pregando o zelo pelo trabalho. Os ganhos individuais pareciam estar próximos. Nós hoje temos o benefício de saber como a história se desenrolou. Por que esses crentes não anteveram os problemas que os exageros do Capitalismo traria? O problema começa a ficar complexo para mim quando começo a pensar na coletividade. Se as práticas comerciais e consequentes conceitos de justiça, respeito, valorização da vida, etc, dos países europeus foram tão danosos para os países colonizados, por que os Protestantes não questionaram a nova ordem capitalista nesses termos? Weber foi um "acadêmico cuja extensão intelectual era extraordinariamente ampla", conforme escreve Tawney no prefácio. O livro, contudo, não levanta nenhuma problemática do "novo mundo". Esta omissão de Weber poderia ter duas causas:
- Weber, sociólogo Alemão, omitiu as questões de justiça e ética "global" por um lapso próprio. Weber cita civilizações antigas do Oriente já na sua introdução, comparando-as com a Europa.
- Weber omitiu as questões de justiça e ética "global" por um lapso próprio e também porque tais questões não foram levantadas historicamente pelos Protestantes. Esta segunda hipótese pode ser verdadeira, mas ainda não tenho elementos suficientes para apoiá-la. É certo que, por exemplo, houve uma mobilização no final do século XVIII pela abolição da escravatura onde alguns Protestantes tiveram papel importante. Contudo, mesmo este movimento de contestação da abolição da escravatura talvez não sirva como exemplo de um protesto contra um sistema econômico inerentemente injusto ou anti-ético.
A tempo: eu encontrei o termo "encomienda" duas vezes no livro, nas páginas 18 e 58 da minha edição (em Inglês, tradução do Alemão).
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