Este post comenta a aula 5 sobre Direitos Humanos da Universidade da Califórnia em Berkley. O curso inteiro está disponível na Internet. Link aqui. As aulas foram dadas pelo professor Thomas W. Laqueur.
A aula fala do movimento contra a escravatura no século XVIII como sendo o primeiro movimento coordenado contra abusos dos direitos humanos. A partir daí criaram-se instrumentos legais para proteção contra tais abusos.
Anthony Benezet era Huguenote. Sua família foi expulsa da França e foi para a Filadélfia. Nos EUA, virou um Quaker. Os Quakers foram muito importantes no movimento contra a escravatura. O prof Laqueur fala de um 'núcleo' de pessoas que começaram o movimento. Benezet como religioso. W Wilberforce era político. Passa também por uma experiência de conversão (virando "evangelical" ou "evangélico") que o compele a lutar por direitos humanos. (Nota: ele era "independente", sem filiação a partido... ).
Os Quakers tinham o que chamavam de 'o encontro', que era o seu culto. Sentados em círculo , qualquer um poderia ter a palavra e dizer o que vinha em seu coração. A ideia era a de que Deus poderia falar através de qualquer um. A bandeira contra a escravatura partiu de poucos grupos/comunidades locais de Quakers prosseguindo para os Quakers como um todo (como denominação).
Algo interessante de notar também é como as narrativas influenciam a mobilização pública. Nessa época a acessibilidade dos impressos ajudaram a alastrar os relatos de abusos dos direitos humanos em países pobres. Um caso interessante foi a de um navio negreiro. Em um temporal, jogaram os escravos no mar para pegar o dinheiro do seguro depois. De volta à Inglaterra, basearam sua ação na justiça alegando que os escravos eram mercadoria. E ganharam na justiça. A seguradora entrou com recurso, mas perdeu. Nessa altura do campeonato, o movimento contra a escravatura já estava articulado, e denunciou tudo como absurdo. Mas voltando às narrativas, é interessante ver como elas influenciaram a opinião pública. Começaram a aparecer relatos de testemunhas oculares de violações de direitos humanos: relatos detalhados de torturas e execuções dos escravos.
Uma pergunta interessante foi essa: será que a Inglaterra não agiu por puro interesse econômico abolindo a escravatura? A resposta do prof Laqueur, baseando-se em outros colegas historiadores, é que não. Que neste caso a Inglaterra passaria a ter menos lucro sem a escravatura. O prof Laqueur sublinha a importância do engajamento religioso (dos Protestantes) no movimento contra a escravatura.
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