Já de início tenho que dizer que não posso aqui fazer jus ao termo "espiritualidade" pois não li ainda o livro "Mística e Espiritualidade", que foi um livro redigido depois de "Jesus Cristo Libertador". Em todo o caso, guardemos o termo para pensarmos posteriormente.
O livro afirma:
"O acesso a Ele [Deus] não se faz primariamente pelo culto, pela observância religiosa ou pela oração. São mediações verdadeiras, mas em si ambíguas. O acesso privilegiado e sem ambiguidade se faz pelo serviço ao pobre no qual o próprio Deus se esconde anonimamente. A práxis libertadora constitui o caminho mais seguro para o Deus de Jesus Cristo."
Trecho do livro "Jesus Cristo libertador: ensaio de cristologia crítica para o nosso tempo". Editora Vozes, ISBN 978-85-326-0640-2, p. 29
Lancei uma pergunta no Twitter: por que o pentecostalismo cresceu tanto na América Latina e a Teologia da Libertação não? Ariovaldo Ramos disse "o pent/o promove 1 espirit/e q gera dign/e pessoal e esperança, a teo pôs os pés dos pobres no chão, mas ñ comunicou espiritualid/e" [o pentecostalismo promove uma espiritualidade que gera dignidade pessoal e esperança, a teologia [da libertação] pôs os pés dos pobres no chão, mas não comunicou espiritualidade"].
Primeiramente eu me pergunto se a Teologia da Libertação contém uma proposta de espiritualidade. Creio que sim. Até agora o livro citado acima bem como "Como Fazer Teologia da Libertação" elaboram uma teologia, sublinham enfaticamente a importância da práxis e estabelecem pontes entre a teoria e a prática. Seria interessante ler a história da Teologia da Libertação na América Latina perguntando-se se a sugestão desse trajeto foi seguida.
Especulando arbitrariamente, listaria algumas opções:
a - O problema esteve na comunicação
b - O custo era muito alto
c - As práxis atreladas à espiritualidade eram diferentes demais ou 'livres' demais para poderem se desenvolver e morar dentro do Catolicismo Romano
d - Houve um problema de implementação na história onde não se fez a ponte entre teoria e prática de forma apropriade
e - Realmente, não há espiritualidade proposta pela Teologia da Libertação que seja atraente
2 comments:
Gustavo,
O livro do Gustavo Gutiérrez, Teologia da Libertação (que estou lendo, por acaso), lançado em 1971, antes do Jesus Cristo Libertador do Boff que é de 1972, dedica uma parte ao tema de "uma espiritualidade da libertação". A questão pra mim não é que faltou espiritualidade à TL mas o tipo de espiritualidade que ela propõe subverte a própria concepção tradicional de espiritualidade, sobretudo entre os evangélicos. Utilizando uma categoria de Max Weber, diria que a espiritualidade da TL é uma espiritualidade "intramundana".
Boa reflexão sobre esse tema é o pequeno livro do Harold Segura, "Hacia una Espiritualidad Evangélica Comprometida", que deve ser publicado em breve pela Ultimato.
Abraço,
Flávio
Há um livro intitulado "Espiritualidade da Libertação", de Pedro Casaldáliga e José María Vigil (Petrópolis: Vozes, 1993). Primeiro saiu em Espanhol em 1992, editado pela Sal Terrae. Está na minha lista para ler.
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