Fonte: http://www.religion-online.org/showchapter.asp?title=1573&C=1521
De Edinburgh a Salvador: Missiologia Ecumênica do Século XX por T.V. Philip.
Capítulo 4: Mundo, Missão, e Igreja
Se o período entre 1910 e 1960 viu missão descobrindo a igreja, os próximos vinte anos viram a igreja descobrindo o mundo como lócus de sua vida e missão. As principais características dos desenvolvimentos teológicos dos anos 60 foram uma série de tentativas de levar o mundo secular a sério.
... o movimento teológico presente pode ser visto em termos de um consenso animador o qual parece estar se formando sobre a natureza da igreja vis-à-vis ao mundo. A ênfase “a igreja contra o mundo” de 20 ou 30 anos atrás está agora sendo radicalmente questionada e superada por uma apreciação muito mais positiva do secular e do cultura, e em termos explicitamente Cristãos.
Esta concepção mudada do mundo teve sua correspondente em um entendimento diferente da igreja e sua missão. Teólogos começaram a perguntar se haveria algo profundamente secular, e de forma nenhuma apenas “religiosa”, sobre o próprio Evangelho. Dietrich Bonhoffer descreveu certa vez sua tarefa teológica como “dar uma interpretação não-religiosa a idéias bíblicas”. Desde 1960, uma mudança radical no pensamento eclesiológico aconteceu. A igreja como uma instituição promovendo “religião” e “religiosidade humana” recebeu críticas. A nova ênfase no mundo desafiou a até então visão eclesiocêntrica de missão que havia sido desenvolvida no International Missionary Council e o movimento ecumênico em geral. [...]
Bonhoffer (1906-1945) executado pelos Nazistas em 1945 por sua resistência a Hitler, foi um teólogo Protestante dotado. Suas cartas e papéis da prisão tiveram uma grande influência no pensamento teológico no mundo ocidental. Ele falou do mundo como tendo um amadurecimento. “O mundo que amadureceu é mais sem-Deus, e talvez por essa exata razão mais perto de Deus do que o mundo antes de seu amadurecimento.” Para Bonhoffer, viver em Cristo significava ser uma igreja que existia, não pela fé piedosa, mas para outros. M.M. Thomas (1916-1996) foi o pensador Cristão Indiano melhor conhecido neste século [XX]. Ele foi o moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas de 1968 a 1975. Nos seus escritos e discursos, ele enfatizava a importância do secular para a integralidade da vida e missão da igreja. De acordo com ele, a igreja não é uma esfera de existência distinta e separada do mundo natural e da história. A igreja é nada menos do que o secular, o qual conhece sua verdadeira realidade na era nova inaugurada por Cristo. A igreja é o mundo, a qual sabe ela mesma estar em Cristo, sob o julgamento e a graça do Cristo crucificado e ressurreto. Contrastando com aqueles que construiriam a comunidade de fé como um céu no meio de uma sociedade secular, Thomas falou da igreja consistindo primariamente de leigos fazendo seus trabalhos seculares e testemunhando à verdadeira vida do secular. Ele falou da vocação laica como a base para a vocação do ministério ordenado, e do teólogo como o articulador dos pensamentos teológicos de leigos enquanto eles procuram relacionarem-se como crentes com o mundo laico.
Continua na parte 2.
No comments:
Post a Comment