"[...] na Cristologia da libertação se pressupõe uma opção pela tendência dialética na análise da sociedade e pelo projeto revolucionário dos dominados. Ao dizer libertação, exprime-se uma opção bem definida que não é nem reformista nem progressista, mas exatamente libertadora implicando uma ruptura com o status quo vigente."
Trecho do livro "Jesus Cristo libertador: ensaio de cristologia crítica para o nosso tempo". Editora Vozes, ISBN 978-85-326-0640-2, p. 22
"Nessa interpretação, chamada também de histórico-estrutural, a pobreza aparece como um fenômeno coletivo e além disso conflitivo exigindo, pois, sua superação num sistema social alternativo.
A saída para essa situação, é efetivamente, a revolução entendida como a transformação das bases do sistema econômico e social. O pobre surge aqui como 'sujeito'."
Trecho do livro "Como Fazer Teologia da Libertação", Leonardo Boff, Clodovis Boff, Editora Vozes, 2007, p. 48,49
É interessante pensar na proposta de ruptura do status quo da Teologia da Libertação. Se essa "ruptura com o status quo" se traduz em violência, temos um problema. Como um Anabatista que preza pela não-violência e pela resolução de conflitos, tendo a ter hesitação de considerar opções violentas. Ao mesmo tempo, poucas vezes conseguimos contemplar a situação do próximo oprimido, vivenciando a violência impetrada a ele. Portanto não tomo conclusões simplistas. Não simplifico os dilemas éticos do problema.
Talvez ao pensarmos nessa ruptura tenha que tomar em consideração o contexto histórico quando a Teologia da Libertação se desenvolveu. Na época dos anos 70 se respirava revolução política. O que dizer hoje depois da queda do muro de Berlim e do paradoxo dos protestos da praça de Tiananmen, que resultou em um massacre? O que dizer hoje depois da violência na Argentina nos anos 70 e 80?
Ainda não terminei a leitura do livro citado, mas é bem interessante ver como ele aborda a relação de Jesus com os zelotes. O livro corretamente sublinha que apesar de Jesus ter 2 ou 3 discípulos zelotes, Jesus não parece ter se aderido ao movimento político. Ao contrário, Jesus fez uma grande reconfiguração no sentido filosófico do termo. Nesse sentido as rupturas além de políticas são, de forma mais abrangentes, sociais.
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