"Certo dia, em plena seca do Nordeste brasileiro, uma das regiões mais famélicas do mundo, encontrei um bispo trêmulo, entrando casa adentro, "Sr. bispo, o que aconteceu?" E ele, afrando, respondeu que presenciara algo terrível. Encontrou uma senhora com três crianças com mais uma ao colo na frente da Catedral. Viu que estavam desmaiando de fome. A criança ao colo parecia morta. Ele disse: "Mulher, dê de mamar à criança!" "Não posso, senhor bispo!", respondeu ela. O bispo voltou a insister várias vezes. E ela sempre respondia: "Sr. bispo, não posso!" Por fim, por causa da insistência do bispo, ela abriu o seio. E estava sangrando. A criancinha atirou-se com violência ao seio. E sugava sangue. A mãe que gerou esta vida, a alimentava, como um pelicano, com sua própria vida, com seu sangue. O bispo ajoelhou-se diante da mulher. Colocou a mão sobre a cabecinha da criança. Aí mesmo fez uma promessa a Deus: enquanto perdurar a situação de miséria, alimentarei, pelo menos, uma criança com fome, por dia."
Trecho do livro "Como Fazer Teologia da Libertação" de L. Boff e C. Boff.
Editora Vozes. ISBN 978-85-326-0542-9.
Eu, K-fé, estava pensando qual seria a motivação para se fazer teologia da libertação. Lembrei-me desse e de outros exemplos do livro. A vil miséria e as injustiças sociais no Brasil - e em três quartos do mundo - seriam motivações. Quando pensamos em "ame ao seu próximo" rapidamente passamos à aplicação social do mandamento. Ao meu ver, o escopo das práxis de teologias brasileiras teriam no mínimo o mesmo da Teologia da Libertação.
No comments:
Post a Comment