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Sunday, March 21, 2010

Teologia da Libertação: montando o quebra-cabeças recente

Ainda estou montando o quebra-cabeças da história da Teologia da Libertação no Brasil. Sexta-feira passada encontrei-me pela primeira vez com um Católico envolvido com a Teologia da Libertação. Foi um encontro muito proveitoso e agradável. Tento resumir o que aprendi, listando minhas perguntas originais e como entendi as respostas:
 - O que aconteceu no Brasil nos últimos 20 anos na área política?
   R: Nós "viramos o poder". Isto é, o PT ganhou as eleições.

- O que aconteceu com a Teologia da Libertação nos últimos 20 anos?
 R: Houve um esforço deliberado para empurrar a Teologia da Libertação para fora da instituição da Igreja Católica Apostólica Romana. Os envolvidos com a práxis praticamente têm que continuar a fazê-lo sem nenhum apoio da igreja. Isto é, estão "nas margens". Acadêmicos acabaram por ficar mais desassociados da práxis e dos movimentos sociais de luta. Nesse esforço, houve uma opção deliberada de convidar bispos contrários à Teologia da Libertação e de pouco interesse com teologia "de conteúdo". De forma geral também houve uma falta de interesse dos estudantes de teologia (aspirantes ao ministério pastoral). Similarmente parece haver mais alienação dos jovens.
  Ao mesmo tempo, os teólogos de libertação deram-se conta de que não bastava fazer uma análise sócio-econômica da situação visando puramente o bem-estar econômico. Isto é, a motivação de ter uma nação mais rica economicamente era equivocada, e a Teologia da Libertação não se deu conta disso em seu início. No desenvolvimento da espiritualidade é necessário considerar a subjetividade, o desejo do indivíduo, a beleza da arte e a experiência do transcendente.

 - Opção "só" pelos pobre?
  R: A Teologia da Libertação se deu conta recentemente de que esta forma de colocar o problema não é muito adequada. A opção deveria ser pelo oprimido. Deu-se conta de que às vezes o próprio pobre oprime o pobre. As generalizações usando categorias econômicas mostraram-se simplistas e até certo ponto equivocada. Não é que todo patrão é mau e todo trabalhador é bom. De qualquer forma, o pobre continua sendo na maioria das vezes o maior oprimido. E ainda conforme as Escrituras vemos Deus no pobre oprimido.
  Também pode-se dizer que o escopo da "Teologia da Libertação" aumentou recentemente com o debate de outros "excluídos": teologia feminista, ecologia, etc.

- Qual o status das CEBs?
R: Diminuiram em número.

- Que influência teve o movimento carismático com a Teologia da Libertação?
R: O movimento carismático cresceu muito dentro da igreja católica nos últmos anos. O movimento carismático ajudou, de certa forma, a Teologia da Libertação a ver a necessidade de se elaborar e articular melhor a espiritualidade. Ver a resposta acima que fala sobre a história da Teologia da Libertação.

- Quais são os jovens que estão envolvidos com a Teologia da Libertação e que blogam hoje?
R: Não tem (no conhecer do meu amigo). Há um desinteresse generalizado entre jovens. Historicamente, nesse esforço da Igreja institucional contra a Teologia da Libertação, os envolvidos com a TL deixaram de treinar uma nova geração nos movimentos sociais. Similarmente, alguns segmentos das lutas sociais escolheram a política de terno e gravata e esqueceram não somente as bases dos movimentos como também não investiram no treinamento e formação de novos líderes mais jovens.

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