FB_init

Tuesday, March 16, 2010

Mundo, Missão, e Igreja - 3 - T.V. Philip

Fonte: http://www.religion-online.org/showchapter.asp?title=1573&C=1521 

Leia também a parte anterior, a parte 2. 


Johannes C. Hoekendijk (1912-1975) da Holanda foi um missionário na Indonésia e após um secretário de uma junta de missões e professor de teologia. Ele foi Secretário para Evangelismo do Conselho Conselho Mundial de Igrejas de 1949 a 1952. Enquanto [esteve] no Conselho Mundial de Igrejas, ele esteve envolvido de perto em discussões teológicas no movimento ecumênico e contribuiu muito para seu pensamento. Hoekendijk era um crítico veemente da visão centrada em igreja de missão. No seu pensar, o mundo e o Reino de Deus (Evangelho) estão correlacionados. O Reino de Deus é destinado para o mundo. O mundo é o campo onde as sementes do Reino são semeadas - a cena da proclamação do Reino. O kerygma dos Cristãos primitivos não conheceu um ato redentor de Deus o qual não fosse direcionado para o mundo todo. No Novo Testament, o mundo como uma unidade foi confrontado com o Reino. No seu esquema, é Deus-Mundo-Igreja e não Deus-Igreja-Mundo. Ele escreveu:
  Assim que nós falamos de Deus, nós também estamos trazendo ao discurso o mundo como palco teatral de Deus para sua ação, e é principalmente a Igreja que o conhece e irá respeitá-lo. Assim que a Igreja reconhece Deus, ela também admite sua própria posição excêntrica implícita, esperando que em algum momento possa ser verdade [o fato de] poder servir como instrumento para honrar o valor e o destino do mundo. A Igreja excêntrica não pode insistir em proteger suas próprias estruturas. Ela não possui uma sociologia particular; ao invés ela usa - apenas funcionalmente - todas as estruturas do mundo disponíveis tanto quanto sejam usáveis.

Hoekendijk advogava que, ao invés de pensar no apostolado como uma função da igreja, nós devemos pensar na igreja como uma função do apostolado.

O movimento missionário foi muito lento em reconhecer a importância do mundo secular no seu pensamento. Por Willingen (1952) havia sinais de uma mudança. A Conferência de Willingen no seu relatório "O Chamado Missionário da Igreja" chamou as igrejas a estarem em solidariedade com o mundo. Disse que as palavras e ações da igreja, toda sua vida de missão, devem ser um testemunho do que Deus tem feito, está fazendo e fará em Cristo.

  "Mas essa palavra 'testemunho' não pode significar que a Igreja permanece em oposição ao mundo, desconectada dele e vendo-o de uma posição de retidão moral superior ou segurança. A Igreja está no mundo, assim como o Senhor da Igreja se identificou inteiramente com a humanidade, assim também deve fazer a Igreja. Quanto mais perto a Igreja se aproxima de seu Senhor mais ela se aproxima do mundo. Cristãos não vivem num enclave separados do mundo, eles são povo de Deus no mundo."

A Conferência prosseguiu dizendo:
  "Ali da Igreja é requerida identificar-se com o mundo, não apenas na sua perplexidade e aflição, sua culpa e amargura, mas também nos seus verdadeiros atos de amor e justiça - atos pelos quais ele frequentemente deixa a Igreja envergonhada. A Igreja deve confessar que eles têm frequentemente passado ao largo enquanto o descrente, movido de compaixão, fez o que as Igrejas deveriam ter feito. Sempre que a Igreja nega sua solidariedade com o mundo, ou divorcia suas obras da sua palavra, ela destrói a possibilidade de comunicar o Evangelho e apresenta ao mundo uma ofensa a qual não é a ofensa genuína da cruz."
  Willingen enfatizou a necessidade de discernir os sinais dos tempo, a necessidade de ver a mão de Deus nos grandes eventos de nosso tempo, "no vasto crescimento do conhecimento humano e o poder que essa era está testemunhando, nos movimentos sociais e políticos poderosos de nosso tempo, e nas experiências pessoais incontáveis [...]
 Os anos 60 foram uma década de agitações. Foram marcados por revoltas da juventude contra valores e tradições aceitos. Houve protestos contra a Guerra do Vietnã. O Movimento de Liberdades Civis liderado por Martin Luther King junto com as demonstrações contra a Guerra do Vietnã criaram agitações sociais nos Estados Unidos. A luta dos Blacks na África do Sul contra o apartheid deu uma guinada séria durante a década. Na China foi um período de revolução cultural. Foi também um período de guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. A insatisfação dos estudantes com a Conferência da World Student Christian Federation [Federação Cristã de Estudantes Mundial] no Mission of the Church em Strasburg em 1960 foi uma indicação do sentimento geral entre cristãos jovens.
 "No Mundo Estudante Cristão, o encontro [da] WSCF em Strasburg de 1960 foi interpretado como um sinal dos tempos: portanto de acordo com intérpretes recentes, as vozes de Karl Barth, Visser’t Hooft, Leslie Newbigin e D.T. Niles foram incapazes de prender seus ouvintes com apresentações neo-ortodoxas; ao invés, as visões missiológicas radicais de J.C. (Hans) Hoekendijk, mostrando uma certa impaciência com a Igreja e suas formas institucionais, enquanto apontavam para o missio Dei, atividade de Deus no mundo e suas estruturas independentemente da Igreja, cativaram o sentimento geral dos estudantes"
Esta ênfase no mundo secular tornou-se o foco central de estudo do Conselho Mundial de Igrejas na "Estrutura Missionária de Congregações'. O relatório do estudo publicado em 1967 sob título "Igreja para Outros" salienta:
  "A Igreja existe para o mundo. É chamada para o serviço da humanidade. Não é uma eleição para privilégio mas para compromisso de serviço. A Igreja vive para que o mundo possa conhecer seu próprio ser. É pars pro toto, é o primeiro fruto da nova criação. Mas seu centro está fora de si; ela deve viver ex-cêntrica. Ela deve buscar aquelas instituições no mundo que conclamam a viver responsavelmente e ali ela deve anunciar e apontar para o shalom, aquela posição ex-cêntrica da Igreja implica que nós devemos parar de pensar de dentro pra fora."
  O relatório também deixou claro que a natureza da igreja e função precisam ser repensadas em relação à preocupação de Deus pelo mundo, quando disse:
   A Igreja é parte do mundo onde a preocupação de Deus é reconhecida e celebrada. A Igreja deve ser entendida na sua relação com o mundo como uma expressão da vontade de Deus de que todo homem seja salvo (1 Tim 2:3). Isto afirma a sua existência para todos os homens (pro-existência). Em termos da preocupação de Deus pelo mundo, a Igreja é um segmento do Mundo, uma nota de rodapé, isto é, adicionada ao mundo para o propósito de apontar para e celebrar ambas a presença de Cristo e a redenção de Deus derradeira de todo o mundo.

No comments: