Em um certo dia de Abril de 1998, eu estava em um hotel em Toronto. Esperava alguns papéis do Brasil para enviar para o consulado Canadense em Buffalo, em Nova Iorque. Olhei para fora da janela e vi penas de pombas caindo. Enquanto isso, concentrava-me no computador, procurando sarna para me coçar (como sempre). Olhei mais atentamente para a janela. As penas de pombo não paravam de cair. Devia ter muito pombo em cima do hotel. Olhei melhor. Não eram penas de pombos. Era neve. Um sinal de que estava sozinho em terra estranha.
Surfando na Internet em um tempo de descobertas, achei a famosa igreja do Aeroporto de Toronto. Mais precisamente, Toronto Airport Community Fellowship. Queria conhecer a famosa igreja da Bênção de Toronto.
Eu sabia um pouco da história dessa igreja. Sabia que fazia parte da associação Vineyard de igrejas do Canadá, mas que havia sido 'expulsa' por sua doutrina de 'sinais e maravilhas'. Basicamente, sua doutrina ensinava que uma igreja era autêntica apenas se demonstrasse sinais e maravilhas.
Peguei mapas, vi horários de ônibus. Peguei ônibus, andei, me perdi, andei mais, e consegui chegar lá. Era um Sábado de noite. A comunidade ficava em Mississauga, do lado de Toronto, a uns 20 minutos de carro (1h e meia de ônibus e andando...).
O lugar era como um galpão com várias cadeiras. Na minha frente estava uma mulher que tinha o braço atrofiado. Durante a música, tinha uns tremeliques e mexia seus braços de forma caótica. Muita emoção, muita comoção. Muito cansaço.
O 'pastor principal' estava presente. Falou sobre como tinha ido em uma missão entre os Esquimós na Rússia.
Perto do final do culto, pediram para todas as pessoas ficarem em círculo, sobre a linha. (Acho que os Canadenses gostam de fila.) Sim, havia uma linha no chão, e todos deveriam ficar de pé em cima da linha. Eu não estava entendendo bem aquilo. Era simples: enquanto os diáconos oravam e impunham as mãos sobre as pessoas, estas iam caindo. A linha ajudava as pessoas a não caírem umas sobre as outras.
Era difícil de saber quando era o final do culto. Provavelmente porque culto longo era indicativo de 'sair do roteiro', e 'sair do roteiro' seria um sinal de que o Espírito Santo estaria guiando o culto.
No 'final do culto', por assim dizer, procurei alguém para ver se me dava carona de volta para Toronto. Falei com o pastor sobre minha procura por uma carona. Ele prontamente não fez nada. Minha visita à igreja do Aeroporto de Toronto terminou com eu ligando pra um taxi. A corrida de volta pra Toronto me custou cerca de 50 dólares com gorjeta.
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