FB_init

Saturday, January 28, 2012

Vida em Comunidade: Uma Caminhada Ilustrada

Trecho do livro "Widening the Circle: Experiences in Christian Discipleship" (Aumentando o círculo: Experiências em Discipulado Cristão)

Trecho inicial do artigo

Vida em Comunidade: Uma Caminhada Ilustrada
Por Dawn Longenecker com ilustrações de Sam Jerome [N.T.: ilustrações presentes no original]

  Através da palavra e da imagem, siga a caminhada de Dawn Longenecker por várias comunidades cristãs. Formado na tradição Menonita como um pacificador, Dawn nem sempre escolheu permanecer dentro de contextos de igrejas Menonitas. Sua história mostra que a participação em uma comunidade intencional pode ser um compromisso para a vida inteira, seja casada ou solteira, com ou sem filhos. Ela desafia os leitores a levar a sério o chamado de Jesus de buscar justiça e trabalhar por reconciliação, sem importar seus contextos de igreja.

Eu cresci na Igreja Menonita. Na Igreja Menonita Lebanon (Lebanon, Oregon, EUA), meu pai, Dan, era o pastor e professor de Escola Bíblica Dominical. Eu lembro que ele compartilhou a sua história de serviço no 1-W [N.T: leia aqui) como um jovem ao invés de servir nas forças militares. Isto causou um forte impacto em mim enquanto eu pensava sobre meu próprio chamado para ser pacificador.
  Na Igreja Menonita Line Lexington (Lexington, Pennsylvania, EUA) onde meu pai também pastoreou, eu lembro que o pastor de jovens ajudou-nos a nós todos adolescentes a escrevermos nossas próprias declarações de Objetores de Consciência. Mesmo sendo eu mulher e que não tivesse que me preocupar em ser convocada [compulsoriamente para o serviço militar], me explicaram que este era um processo importante para todos os membros da Igreja Menonita. Eu ainda creio que isto é verdade.
   Ir à Universidade Menonita Ocidental (então uma Faculdade) foi uma experiência aprofundadora. Ali fui desafiada a pensar sobre pacificação como "ativa" e não "passiva". Este entendimento levou-me à Comunidade Sojourners [N.T. Peregrinos] e sua pacificação ativa e testemunho público em culto nos meu tempo depois dos estudos.
   Passei meu segundo ano de Faculdade em Washington, D.C., [EUA], através do programa Ano de Serviço de Estudos de Washington patrocinado pela Faculdade Menonita Ocidental (o programa mudou de nome para "Programa Acadêmico Washington" alguns anos atrás).
   Eu aprendia sobre justiça social e a necessidade de cristãos responsabilizarem instituições e governos para servir à humanidade e a fazer jus aos princípios de justiça e paz para todas as pessoas. Ensinaram-nos a manter em tensão o valor de instituições, as quais são necessárias na sociedade, com o reconhecimento de que instituições podem tornarem-se ferramentas para aqueles no poder para promover e manter um status quo, o qual frequentemente trabalha contra a justiça para os pobres.
  Eram os anos de 1977-1978 e um grupo cristão radical em D.C. chamado Comunidade Pela Não-Violência Criativa [Community for Creative Non-Violence] (CCNV) estava ativo na luta pelos direitos dos sem-tetos.
   Mitch Snyder, o seu líder, que havia sido anteriormente sem-teto e preso por roubo, tornou-se um advogado efetivo por esta causa. Ele converteu-se ao Cristianismo pelos irmãos Berrigan, ativistas pacifistas que gastaram tempo na cadeia com ele.
 [ Os irmãos Daniel e Philip Berrigan, ativistas Cristãos não-violentos, ficaram muito conhecidos publicamente nos anos 60 quando queimaram cartões de convocação para o serviço militar em protesto contra a guerra.]

  Mitch aprendeu que atos não-violentos de desobediência civil podem ser usados para confrontarem instituições que não estão honrando os direitos básicos das pessoas. Uma vez Mitch levou o CCNV a servir uma refeição aos senadores e membros do Congresso no shopping no centro com comida recuperada do lixo para mostrar quanta comida é gasta enquanto pessoas passam fome.
   CCNV enviou um pedido às igrejas da área para abrir suas portas para os sem-teto em um período quando o desabrigo urbano batia recorde. Um grande número de pessoas estavam tendo alta dos hospitais psiquiátricos na área de D.C. sem lugar para ir.
  A Igreja Memorial Luther Place foi uma de duas igrejas no centro que abriu suas portas, permitindo que sem-tetos dormissem no santuário. Eu servi como voluntária nessa igreja de 1977 a 1978, quando eles estavam abrigando os sem-tetos. Depois que eu me formei na Faculdade, ainda sentindo-me impulsionada pelo seu ministério e advocacia, trabalhei no seu abrigo por mais um ano.
  Esta era uma instituição de igreja que estava respondendo a necessidades humanas básicas, tendo sido compelida a fazê-lo por um grupo comunitário Cristão menor e mais radical. Eu vi uma instituição ser mudada. Eu fui inspirada.
  Durante este período, o CCNV continuou sua pressão implacável sobre o governo federal até que finalmente Ronald Reagan cedeu um dos prédios de D.C. para uso como abrigo. Hoje ainda o CCNV opera neste prédio, o maior abrigo de sem-tetos em D.C. Situa-se na Avenida Mitch Snyder em homenagem à batalha implacável de Mitch em favor daqueles com mais necessidades na nossa cidade.
  Através dessa experiência, aprendi que as pessoas de fé precisam desafiar as instituições. Aprendi que as instituições que criamos como sociedade (tanto sem fins lucrativos como com fins lucrativos), embora necessárias, várias vezes tornam-se arraigadas e rígidas. Quando focam na sobrevivência institucional elas operam em oposição direta às maiores necessidades das pessoas.
  Aprendi que organizar a comunidade e testemunhar publicamente por preocupações sociais não são coisas que pessoas seculares fazem, mas obras que pessoas de fé precisam fazer também. Na verdade, quando pessoas de fé envolvem-se mais ativamente, elas renovam a igreja.
  Eu fui inspirada ao permanecer no meu compromisso de fé, a pesar de vários amigos meus deixarem a igreja. Eu me dei conta de que comunidades de fé como a CCNV e a Igreja Memorial Luther Place eram luz para nós outros, impelindo-nos a levantarmos e sermos pacificadores ativos.

 
Tradução de Gustavo K-fé Frederico

No comments: