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Thursday, January 27, 2011

Salvando llamas para Jesus - parte 1



É ou não é uma afirmação política essa de Jesus?

Lucas 4.18   "O Senhor me deu o seu Espírito. Ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres e me enviou para anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos".

E vejamos também:

Mateus 25.36c "Estava na cadeia, e foram me visitar."

Por que Jesus estaria preso? O que teria Jesus transgregido para ser preso? Crime político? Crime ambiental? Crime moral? Preso injustamente? Não podemos considerar os sistemas judiciários imparciais e justos nos dias de hoje. Hoje em dia não raramente pessoas são presas por suas ideias políticas. Essa semana mesmo temos prisões no Egito de centenas de pessoas (700 foi o número de ontem) que se reuniram para protestar. Imagine as consequências de visitar um preso. Imagine essa visita nos tempos de Jesus, quando poderes judiciário e executivo não eram tão distintos quanto hoje. Pense no visitante associando-se ao preso e em como os poderosos da época perceberiam o visitante.
Certa vez ouvi uma pessoa falando o famoso chavão: que Deus ama o pecador mas odeia o pecado. Assim, essa pessoa não queria apoiar criminosos. Nessa passagem de Mateus, Jesus é o criminoso. E ele espera que o visitemos. Caso contrário, ouviremos "Vão para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos!" 
Meu amigo do trabalho essa semana estava conversando comigo. Estava comentando sua leitura de Foucault: Histoire de la folie à l'âge classique (História da Loucura no Brasil, Madness and Civilization em Inglês). Diz meu amigo que Foucault caracteriza uma sociedade pela maneira como ela trata dos marginalizados. 

Monday, January 10, 2011

As Treze Colônias do Norte

Trecho de "As Veias Abertas da América Latina", Galeano.


AS TREZE COLÔNIAS DO NORTE E A IMPORTÂNCIA DE NÃO NASCER IMPORTANTE

A apropriação privada da terra sempre se antecipou, na América Latina, ao seu cultivo útil. Os traços mais retrógrados do sistema de posse, atualmente vigente, não provêm da crise, mas nasceram durante os períodos de maior prosperidade; ao contrário, os períodos de depressão econômica apaziguaram a voracidade dos latifundiários pela conquista de novas extensõés. No Brasil, por exemplo, a decadência do açúcar e o virtual desaparecimento do ouro e diamante tornaram possível, entre 182O e 185O, uma legislação que assegurava a propriedade da terra a quem a ocupasse e a fi zesse produzir. Em 185O, a ascensão do café como novo "produto rei" determinou a sanção da Lei de Terras, cozinhada segundo O paladar dos políticos e dos militares do regime oligárquico, para negar a propriedade para os que nela trabalhassem, na medida em que
143 iam-se abrindo, até o sul e o oeste, os gigantescos espaços inteiros do país. Esta lei "foi reforçada e ratificada, desde então, por uma copiosíssima legislação, que estabelecia a compra como única forma de acesso à terra e criava um sistema cartorial de registro que tornava quase impraticável que um lavrador pudesse legalizar sua posse.. 126
A legislação norte-americana da mesma época propôs-se ao objetivo oposto, para promover a colonização interna dos Estados Unidos. Gemiam as.carretas dos pioneiros que iam estendendo a fronteira, às custas de matanças dos índios, até as terras virgens do oeste: a Lei Lincoln de 1862, o Homested Act, assegurava a cada família a propriedade de lotes de 65 hectares. Cada beneficiário comprometia-se a cultivar sua parcela por um período não menor do que cinco anos 127. O domínio público colonizou-se com uma rapidez assombrosa: a população aumentava e se propagava como uma enorme mancha de óleo sobre o mapa. A terra acessível, fértil e quase gratuita, atraía os camponeses europeus como um ímã irresistível: cruzavam o oceano e também os Apalaches rumo às pradarias abertas. Foram os granjeiros livres, assim, os que ocuparam os novos territórios do centro e do oeste. Enquanto o país crescia em superfície e em população, criavam-se fontes de trabalho agrícola para evitar o desemprego e ao mesmo tempo gerava-se um mercado interno com grande poder aquisitivo, a enorme massa dos granjeiros pToprietários, para sustentar o desenvolvimento industrial.
Em compensação, os trabalhádores rurais que há mais de um século mobilizavam com ímpeto a fxonteira interior do Brasil, não foram nem são famílias de camponeses livres em busca de uma nesga de terra própria - como observa Darcy Ribeiro - mas, trabalhadores braçais, contratados para servir aos latifundiários, que previamente tomaram posse dos grandes espaços, vazios. Os desertos interiores nunca foram acessíveis à população rural. Em proveito alheio, os trabalhadores foram abrindo o país, a golpes de facão, através das selvas. A. colonização foi uma simples extensão da área latifundiária. Entre 195O e 196O, 65 latifúndios brasileiros absorveram a quarta parte das novas terras incorporadas à agricultura 128.

Estes dois sistemas opostos de colonização interior mostram uma das diferenças mais importantes entre os modelos de desenvolvimento dos Estados Unidos e da América Latina. Por que o norte é mais rico e o sul mais pobre? O rio Bravo marca muito mais do que uma fronteira geográfica. O
profundo desequilíbrio de nossos dias, que parece confirmar a profecia de Hegel sobre a inevitável guerra entre uma e outra América, nasceu da expansão imperialista

[ 126. Darcy Ribeíro, Las Américas y la civilización, Tomo II, los pueblos nuevos, Buenos Aires, 1969.
127. Edward C. Kirkland, Historia económica de Estados Unidos, México, 194t.
128. Celso Furtado, Um projeto para o Bmsil. Rio de Janeiro, 1969. 144 ]

dos Estados Unidos ou tem raízes mais antigas? Na realidade, no norte e no sul tinham-se gerado, já na matriz colonial, sociedades muito pouco parecidas e a serviço de fins que não eram os mesmos 129. Os peregrinos do Maylower não atravessaram o mar para conquistar tesouros legendários nem para arrasar civilizações mdígenas inexistentes no norte, mas para se estabelecer com suas famílias e reproduzir, no Novo Mundo, o sistema de vida e de trabalho que praticavam na Europa. Não eram mercenários, mas pioneiros; não vinham para conquistar, mas para colonizar: fundaram "colônias de povoamento". É certo que o processo posterior desenvolveu, ao sul da baía de Delaware, uma economia de plantações escravistas semelhante à que surgiu na América Latina, mas com a diferença que nos Estados Unidos o centro de gravidade esteve, desde o começo, radicado nas granjas e oficinas da Nova Inglaterra, de onde sairiam os exércitos vencedores da Guerra de Secessão no século XIX. Os colonos da Nova Inglaterra, núcleo original da civilização norte-americana, não aCuaram nunca como agentes coloniais da acumulação capitalista européia; desde o princípio, viveram ao serviço de seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento de sua terra nova. As treze colônias do norte serviram de desembocadura ao exército de camponeses
e artesãos europeus que o desenvolvimento metropolitano ia lançando fora do mercado de trabalho. Trabalhadores livres formaram a base daquela nova sociedade deste lado do mar.

Espanha e Portugal contaram, em compensação, com grande abundância de mão-de-obra servil na América Latina. A escravização dos indígenas sucedeu o transplante em massa dos escravos africanos. Ao longo dos séculos, houve sempre umalegião enorme de camponeses desempregados disponíveis para serem transferidos aos centros de produção: as zonas florescentes coexistiram com as decadentes, ao ritmo dos auges e quedas das exportações de metais preciosos ou açúcar, e as zonas em decadência supriam de mão-deobra as zonas florescentes. Esta estrutura persiste até hoje, e ainda implica um baixo nível de salários, pela pressão que os desempregados exercem sobre o mercado de trabalho, e frustra o crescimento do mercado interno de consumo. Mas além disso, ao contrário dos puritanos do norte, as classes dominantes da sociedade colonial latino-americana não se orientaram jamais para o desenvolvimento econômico interno. Seus ganhos vinham de fora; estavam mais vinculados ao mercado estrangeiro do que à prória comarca. Donos de terras, mineiros e mercadores tiriham nascldo para cumprir esta função: abastecer a Europa de ouro, prata e alimentos. Os caminhos transportavam cargas num só sentido: rumo ao porto e aos

[129. Lewis Hanke e outros autores Do the Americas have a common History? (Nova lorque, 1964) ]

 mercados de ultramar. Esta é também a chave que explica a expansão dos Estados Unidos como unidade nacional e o fracionamento da América Latina: nossos centros de produção não estavam conectados entre si, porém formavam um leque com o vértice muito longe.
As treze colônias do norte tiveram, pode-se bem dizer, a dita da desgraça. Sua experiência histórica mostrou a tremenda importância de não nascer importante. Porque no norte da América

não tinha ouro nem prata, nem civilizações indígenas com densas concentrações de população já organizada para o trabalho, nem solos tropicais de fertilidade fabulosa na faixa costeira que os peregrinos ingleses colonizaram. A natureza tinha-se mostrado avara, e também a história: faltavam metais, e mão-de-obra escrava para arrancar metais do ventre da terra. Foi uma sorte: No resto, desde Maryland até Nova Escócia, passando pela Nova Inglaterra, as colônias do norte produziam, em virtude do clima e pelas características dos solos, exatamente o mesmo que a agricultura britânica, ou seja, não ofereciam à metrópole, como adverte Bagú 130, uma produção complementar. Muito diferente era a situação das Antilhas e das colônias ibéricas de terra firme. Das terras tropicais brotavam o açúcar, o algodão,
o anil, a terebintina; uma pequena ilha do Caribe era mais importante para a Inglaterra, do ponto de vista econômico, do que as treze colônias matrizes dos Estados Unidos. Estas circunstâncias explicam a ascensão e a consolidação dos Estados Unidós, como um sistema economicamente autônomo, que não drenava para fora a riqueza gerada em seu seio. Eram muito frouxos os laços que atavam a colônia à metrópole; em Barbados ou Jamaica, em compensação, só se reinvestiam os capitais indispensáveis para repor os escravos na medida em que se iam gastando. Não foram fatores raciais, como se vê, os que decidiram o desenvolvimento de uns e o subdesenvolvimento de outros: as ilhas britânicas das Antilhas não tinham nada de espanholas nem portuguesas. A verdade é que a insignifïcância econômica das trezes colônias permitiu a precoce diversificação de suas manufaturas. A industrialização norte-americana contou, desde antes da independência, com estímulos e proteções oficiais. A Inglaterra mostrava-se tolerante, ao mesmo tempo que proibia estritamente que suas ilhas antilhanas fabricassem até mesmo um alfinete.

130. Sergio Bagú, op. cir. 146

Saturday, January 08, 2011

Movimiento Emergente en Latinoamerica y Caribe

Entrevista con Natanael Disla y Anyul Rivas.

Gustavo Frederico: Natanael, ¿Qué seria el movimiento emergente en América Latina?
Natanael Disla: No podemos decir que exista un «movimiento emergente» en América Latina, al menos como se lo entiende en Estados Unidos actualmente. Cambios han estado proponiéndose por décadas en América Latina y el Caribe, pero estos no han calado a fondo en las iglesias y comunidades de fe.

Gustavo Frederico: ¿Cuáles serian algunos de esos cambios y cuáles serian sus causas?
Natanael Disla: 
  1. El ser humano como sujeto de la teología. La teología se la vio como «el estudio de Dios», sin tener en cuenta a la persona sujeto como productora de esa teología, ni mucho menos el contexto vital que determinaba esa teología. De ahí viene la preocupación desde América Latina y el Caribe por colocar al ser humano como sujeto de la teología... pues este tiene todo un bagaje de historia que se funde con su teología.
  2. La acción y justicia social como clímax cíclico del quehacer teológico. El atrincheramiento de las iglesias evangélicas en la región y su dependencia de las sociedades misioneras a la hora de llevar a cabo la misión y la pastoral, llevó a ir más allá de satisfacer estéticamente las necesidades de las comunidades, tratando de hurgar en las causas estructurales que causaban esas necesidades, y tercero...
  3. Inclusión de las individualidades excluidas. Se ha venido proponiendo no solamente que la iglesia tenga que ser «voz de los que no tienen voz», sino que esas voces  «pasen al frente» sin distinciones de ninguna clase. No pretendo ser exhaustivo, pero creo que estos tres puntos nos dan una mirada general sobre los cambios que se han propuesto.
Gustavo Frederico: me gustaría de volver a algunos aspectos de esos 3 puntos, pero pregunto ahora a Anyul: ¿Qué entiendes por "movimiento emergente" en general?
Anyul Rivas: en general, diría que el movimiento emergente es un movimiento heterogéneo de cristianos dialogando con el mundo y la sociedad posmoderna, es el intento de ver el evangelio desde la posmodernidad y no la posmodernidad desde el evangelio moderno y cerrado.
Gustavo Frederico: ¿Cuáles serían algunas características de la posmodernidad en América Latina?
Anyul Rivas: creo que en primer lugar sería la crítica de los presupuestos de la ilustración. Sobrepasar el enfoque que la ciencia era sinónimo de verdad y la imposición del racionalismo como parámetro universal, por otro lado el acento sobre los valores del individuo y su experiencia como base de la interpretación de lo real.
Gustavo Frederico: Si. Pienso también que hay una descreencia en las meta narrativas / gran utopías como "capitalismo" o "socialismo". Una parte interesante de tu respuesta, Anyul, es la interpretación hermenéutica, "es intento de ver el evangelio desde la posmodernidad y no la posmodernidad desde el evangelio moderno y cerrado" ¿nosotros leemos el evangelio o el evangelio nos lee a nosotros?
Anyul Rivas: si, es una experiencia bilateral, pero por años hemos creído que es una experiencia unilateral de Dios hacia nosotros.
Gustavo Frederico: Los números de las iglesias evangélicas - sobretodo las pentecostales - siguen creciendo en América Latina. ¿Necesitamos de un movimiento emergente, Natanael?
Natanael Disla: Más que necesitar de un «movimiento emergente», que vendría siendo otro modelo eclesiológico importado más, necesitamos repensar desde nuestros propios contextos las formas de ser y hacer iglesia, que respondan a las necesidades de nuestra gente.
Anyul Rivas: Coincido con Natanael, si algo debemos aprovechar del "Movimiento emergente" de Norteamérica es su disposición al dialogo y la conversación con el entorno en el que se desenvuelve. Yo aplaudo la iniciativa del dialogo interdenominacional / interreligioso y el no aferrarse a confesiones doctrinales específicas del movimiento emergente americano, pero en latinoamérica esto parece ser un hueso duro de roer...
Natanael Disla: Sí, pero eso ya las teologías presentes en América Latina y el Caribe lo han venido diciendo desde hace décadas.
Gustavo Frederico: "movimiento emergente" o "iglesia emergente" parece ser un termo "temporal" para describir un proceso natural y orgánico de cambio en Norteamérica, por eso pregunto si hay diferencias entre las características de la posmodernidad en la América Latina, Caribe y Norteamérica.
Natanael Disla: En mi opinión la posmodernidad no puede definirse claramente en América Latina y el Caribe. Más bien debiéramos hablar de la poscolonialidad, entendida como el  proceso que está llevando a esta región, África y ciertas zonas de Asia, de «independizarse por segunda vez». Hemos recibido todo un bagaje de pensamiento externo a nuestra realidad, euro céntrico, que veía a la razón como el ente más elevado de la humanidad, inherente a ella,  pero externo, ahora se ha venido recuperando las identidades autóctonas, contextuales y vivenciales de los pueblos de nuestras regiones.
Difiero con Anyul en ese sentido:
  1. Crítica de los presupuestos de la ilustración. Aquí debiéramos hablar de reencuentro con las formas de pensamiento originarios a partir de ver al individuo como ente unido a la Tierra, en cuanto ser vivo
  2. Intepretación de lo real. Aquí debiéramos hablar del ser humano en cuanto parte integrante del mito.
  3. Descreencia en las metanarrativas. No me parece que esto esté sucediendo en estos pueblos. Aún pervive y es herencia de un modernismo bien tardío que empezó a afincarse desde las guerras de independencia del siglo XIX.
4.      Gustavo Frederico: ¿No le parece a usted que la caída del muro de Berlín, la crisis de las izquierdas, el fin de la guerra fría, y ahora la crisis económica y ecológica colaboran para una 'descreencia en las metanarrativas'?
Natanael Disla: Desde luego que sí, pero es muy cuesta arriba superar las dicotomías fe/razón y fe/ciencia en nuestros pueblos, presas todavía de la institucionalización aún presentes en el socialismo del siglo XXI... y en los demás sistemas políticos presentes.
5.      Gustavo Frederico: Anyul, usted menciona una crítica al racionalismo, y puedo veer esto en los emergentes en la América del Norte. En América Latina nosotros conocemos algunos problemas de la falta de la razón en las iglesias y en la teología (abuso de poder, manipulación, fe sin comprehensión, etc). ¿Piensas que la "crítica a la razón" de los emergentes se aplica en la América Latina?
Anyul Rivas: El racionalismo es uno de los causantes del denominacionalismo que compone a la iglesia en Latinoamerica, así que si la crítica a este racionalismo es una forma de superar esta segmentación, entonces pienso que su aplicación es válida.
6.      Gustavo Frederico: A mi parece que la crítica norteamericana al racionalismo adviene de la presunción de la lectura literal de la Biblia. Asímismo me parece que tienen una descreencia en la tecnología, y en los modelos económicos
Anyul Rivas: De acuerdo. Y en esta presunción de leer las Esctiruras literalmente, cada quien interpreta su visión de las Escrituras como única verdadera e intenta imponerla en el otro, cuyo rechazo deviene en la formación interminable de denominaciones. Creo que sería un tremendo logro que lograramos enfatizar la ortopraxis antes que la adhesión a sistemas doctrinarios cerrados.
7.      Gustavo Frederico: Natanael, una de las propuestas de la conversación emergente es que son contra las divisiones, como sacro y profano ¿Puedes ver tendencias teológicas en Latino América que promueven este concepto?
Natanael Disla: Sí, en las Teologías de la Liberación (TLs) se han venido promoviendo estos conceptos, pero en la primigenia TL el tema de la corporeidad no fue tratado, salvo cuando empezó a dialogar con los estudios feministas en los 1980s, cuando empezaba a gestarse tímidamente la teología feminista.
8.      Quisiera subrayar el concepto de corporeidad aquí, puesto que desde el mismo propone la desfragmentación de la dicotomía sagrado/profano, en cuanto el cuerpo ha sido entendido como fuente de pecado desde la religión. El cuerpo entonces necesita de un medio que lo vincule con la divinidad, y ahí es donde entra la religión. El concepto de cuerpo en América Latina y el Caribe aún no sale fuera de la academia debido a los paradigmas esclavizadores aún presentes.
9.      Gustavo Frederico: ¿Y la Misión Integral? ¿Que va a decir acerca de la división entre sacro y profano?
Natanael Disla: La Misión Integral no se ha ocupado del tema, por provenir de un talante conservador en su teología... no se ha preocupado por repensar desde dentro los supuestos teológicos que ha heredado
10.  Gustavo Frederico: pero la TL habla de la "liberación de la teología" parece ser una distinción interesante. Como si en la TL hubiera una forma de desconstrución que no existe en la Misión Integral.
Natanael Disla: La TL y la Misión Integral (MI) difieren bastante. La MI no es la «versión protestante» de la TL.

Gustavo Frederico: Anyul, usted habló de los problemas del denominacionalismo en Latino América. La conversación emergente en Norte América parece tener una noción (o al menos un discurso) de alteridad semejante a esa presente en la Misión Integral y la Teología de la Liberación. Quizás podríamos hablar de personas con interés en el ecumenismo en Norte América (Samir Selmanovic por ejemplo). Desde la Reforma Protestante tenen varias denominaciones los protestantes.¿Qué rumbo podrían tener las denominaciones en América Latina?
Anyul Rivas: Phylis Tickle tiene una teoría interesante, ella menciona que las denominaciones que no se acoplen a la conversación emergente estarán condenadas a la disminución de sus miembros y
posterior extinción, pero no creo que ese concepto se aplique si quiera por completo en Norte América. Ahora lo que veo es que existe cierta tendencia en las denominaciones en fortalecer sus estructuras y centralizarse aun más, ejemplo de ello son los recientes «movimientos apostólicos», que según mi entender es simplemente otro esfuerzo de verticalizar aún más la iglesia protestante.
11.  Gustavo Frederico: Natanael, puedo ver los 3 cambios como asuntos en Cristianismo de Liberación ( nuevo termino en Brasil para la Teología de la Liberación 2.0) ¿Es realista esperar veer las 3 caracteristicas - el ser humano como sujeto de la teología, la acción y justicia social y la inclusión de los excluidos - en los evangélicos latinoamericanos y caribeños en el futuro?
Natanael Disla: En algún momento deberá ocurrir, pero definitivamente hay que deconstruir el concepto de iglesia como hasta ahora lo hemos tenido. Aún iglesia y templo son sinónimos, y es
tristemente cierto que la Palabra de Dios —que tristemente también ha sido secuestrada en un «papa de papel»— está presente en la homilía en el templo. Es lo que se desprende del marco de pensamiento
imperante.

Gustavo Frederico: Aparentemente, los emergentes norteamericanos y europeos han recuperado la omnipresencia de Dios con su critica a la división entre sacro y profano, que es un puro ejercicio de deconstrución. ¿Cuánto rompimiento con las denominaciones actuales sería necesario para tenernos una praxis de lo cotidiano, del pueblo, de la tierra, de la inclusión de los excluídos y de justicia social?
Natanael Disla: Creo que el denominacionalismo debe pasar a otra forma de entender y dialogar con las diversas formas de pensamiento, ser y hacer iglesia. No es asunto de romper con las denominaciones actuales, no es asunto de crear nuevas instituciones, ni siquiera de fusionar otras, es asunto de dejarnos provocar por el Otro o la Otra; embarcarnos en un nuevo viaje y redescubrirnos en cuanto seres orgánicos.
Anyul Rivas: Creo que no se hace necesario el rompimiento, aunque quizás sea más difícil la transición para las denominaciones más conservadoras. Tengo conocimiento de iglesias metodistas en Colombia con proyectos de Latinoamericanización de la iglesia bajo la iniciativa de Elsa Tamez, cuyos postulados coinciden con las 3 propuestas mencionadas arriba. Como dice Natanael, se trata de realizar un ejercicio de alteridad.
Gustavo Frederico: Cuando pienso en praxis del pueblo, de la tierra, de la inclusión de los excluidos y de justicia social, parece que la iglesia está automáticamente posicionándose "en la izquierda" sobre la óptica politica. Esto debe sonar un poco incómodo por ejemplo, para algunos Venezolanos o Paraguayos o Bolivianos que no comparten una "posición política socialista". ¿Es posible imaginar un movimiento emergente latinoamericano que incluya tendencias que no sean de "izquierda"? O en otras palabras: ¿Cómo hablar de teología del pueblo, del la tierra, de inclusión, etc, y tener pluralidad de posiciones políticas? 
Natanael Disla: Es un tema espinoso. En primer lugar, Si bien es cierto que la pluralidad de posiciones políticas no exime de que hayan cambios en las diversas individualidades en cuanto a la preocupación sobre la contextualización de la fe, no es menos cierto que los sistemas imperantes de opresión resultan estar avalados por los mismos entes e instituciones políticas que los sustentan, lo que conlleva a tomar partido en una u otra posición política, máxime cuando se trata de hacer cambios radicales en las comunidades desde la misma fe, se llega a una disyuntiva en algún momento. Pareciera ser un «zugzwang» en ocasiones del que no podemos despegarnos. En segundo lugar, nos tendríamos que preguntar cómo repensar la política desde la fe, Las reflexiones de la participación política de los protestantes desde la Misión Integral, sólo se han circunscrito a avalar el ocupar posiciones influyentes en los gobiernos de turno para de esa manera, desde la fe, repensar la forma de hacer política... pero no se ha reflexionado el «hacer» política desde el contexto vital, y aquí es donde quisiera detenerme y enfatizar que la macropolítica debe dar paso a la micropolítica. Ello incluye deconstruir el Estado como institución rectora y reguladora del pueblo, las instituciones en cuanto entes fragmentadores de ese suprapoder y las iglesias en cuanto guardianes de la «moral y las buenas costumbres»
Gustavo Frederico: Comprendo, ¡Amen! Anyul, ¿usted quisiera agregar algo?
Anyul Rivas: En Venezuela es justamente ese el problema que tenemos al promocionar la discusión sobre la TL o promover la lectura comunitaria de la Biblia por ejemplo, porque siempre la presuponen asociada del discurso Marxista. Ha sido muy difícil superar estas barreras y hasta ahora no existe una propuesta convincente e inclusiva a la vez.
Gustavo Frederico: Una característica interesante del movimiente emergente es el "liderazgo como cuerpo" que aplana las jerarquías. Quizás eso sería una herramienta para la deconstruición de instituiciones sociales, Aplanando las jerarquías no tería a priori posición política.

Gustavo Frederico: En Brasil vemos nuevas comunidades "emergentes" que siguen una línea más alternativa, con tatuajes, rock pesado y lenguaje muy informal, esta línea no sería tan diferente de los 'neo-reformados' como Driscoll. Una de las ideas sería que la aplicación del evangelio cambia y se contextualiza con la cultura pero la esencia del evangelio no cambia. ¿Es verdad que la esencia del evangelio no cambia, y solamente la forma de transmisión del evangelio cambia?
Anyul Rivas: Yo creo que es inevitable que el evangelio cambie, principalmente por los distintos contextos de vida y significados del evangelio, la "buena nueva" de la cultura que lo comparte y la que lo recibe, los términos salvación y liberación han tenido connotaciones muy distintas durante los años en las distintas culturas, y si el evangelio ha de ser relevante, debe abordar esos conceptos y tomar su significado desde allí, no son las mismas buenas nuevas las que se predican ahora que las que se predicaban en tiempos de Jesús.
Natanael Disla: La esencia del evangelio, cualquiera que sea o se entienda este, siempre vuelve a cómo se entiende el ser humano utópicamente. Este concepto es cambiante en épocas, contextos vitales, culturales, grupos de personas. Esa utopía se resume en el ser humano como amor, «Deus caritas est» La «forma de transmisión» de ese evangelio se la ha entendido como «método», que no es más que la construcción de técnicas a partir de paradigmas prediseñados. Esas mismas «formas de transmisión», así entendidas conceptualmente, se disocian de la palabra en cuanto ente orgánico primario del discurso, que ya tiene una construcción determinada y todo un bagaje de formas que dan lugar a la fundación de paradigmas que norman las sociedades, de modo que las formas de transmisión de ese evangelio no son más que diversos métodos estéticos que se apoyan en los paradigmas teológicos de las metanarrativas.



Quando o Pinguim Fica Maior que a Geladeira

Carta à Igreja Brasileira

Quando o Pinguim Fica Maior que a Geladeira

Primeiro Tempo

Às diversas igrejas pela nação brasileira, paz.



Companheiros e companheiras, tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá. Jesus vai conosco contra a corrente até não poder resistir. Ouçam o som do chicote, vejam a cor do ar, notem o suor na testa. É a dose mais forte e lenta de quem não vive, apenas aguenta.(Que emoção no coração) Amou daquela vez como se fosse a última. Amar é um deserto e seus temores. Vida que vai na sela dessas dores. Beijou cada filho seu como se fosse único. Mas Deus quis vê-lo no chão, e aos trinta e três anos de idade ele sentia todo o peso do mundo em suas costas. “Pai, afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue”. Chorei! E esqueço que amar é quase uma dor. E se acabou no chão feito um pacote flácido. Agonizou no meio do passeio público. Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.

Ele veio para que vocês tenham vida, a vida completa.

Todos os dias a cena se repete. Todo dia o sol da manhã vem e nos desafia, mostra a face dura do mal. E a vida? E a vida o que é? Diga lá, meu irmão. Ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou lamento? A vida é um dilema. Nem sempre vale à pena. Ela diz que melhor é morrer, pois amada não é e o verbo é sofrer. O que é a vida verdadeira?

É a vida vivida. É a vida como ele viveu. E isso é o que ele disse: quem procura os seus próprios interesses nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo, porque é seguidor de Jesus, terá a vida verdadeira. Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida. Ninguém tem mais amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles. É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.

Portanto, abandonem a Lei de Gérson e amem uns aos outros. Os maus desejos da natureza humana, a vontade de ter o que agrada aos olhos e o orgulho pelas coisas da vida, tudo isso não vem do Pai, mas do esquema.

Quem me dera ao menos uma vez provar que quem tem mais do que precisa ter quase sempre se convence que não tem o bastante. Fala demais por não ter nada a dizer. A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda. Eu estou escrevendo isso a vocês a respeito dos que estão tentando enganá-los. Se o Filho os libertou, vocês são, de fato, livres.

Intervalo

Não erreis: nem os que dirigem imprudentemente (pois dirigir imprudentemente é um atentado à vida e ao corpo, que é casa do Espírito Santo), nem os sonegadores de impostos, nem os corruptos, nem os que buscam cargos na igreja, nem os que buscam prestígio na denominação, nem os que costuram influência política no trabalho, nem os pastores que buscam templos grandes, nem os que furam a fila, nem os que dão um jeitinho, nem os que conversam no cinema, nem os ladrões, nem os trambiqueiros, nem os orgulhosos, nem os ricos herdarão o Reino de Deus. Para Deus, o Pai, a religião pura e verdadeira é esta: ajudar os meninos de rua e as viúvas nas suas aflições e não se manchar com as coisas más do sistema.

Ô, mundo tão desigual! Tudo é tão desigual. De um lado esse carnaval, de outro a fome total. Defendam os direitos dos pobres e dos meninos de rua; sejam justos com os aflitos e os necessitados. E aprendam a fazer o que é bom. Tratem os outros com justiça; socorram os que são explorados, defendam os direitos dos órfãos e protejam as viúvas. Respeitem e honrem os índios, que estavam aqui muito antes que nós. Celebrem o negro e a sua negritude. Respeitem e defendam os direitos das mulheres.

Segundo Tempo



E se “igreja” for algo mais simples? E se pessoas e Jesus forem os ingredientes básicos de ser igreja? Ser igreja acontece pelo simples fato de estarem juntas duas ou três pessoas e Jesus no meio delas. Jesus transformou a coisa mais simples do cotidiano em um momento sagrado: comer. Assim, o simples, o comum e o singelo tornam-se sagrado. A comida no dia a dia é a eucaristia, é o sacramento. A simplicidade do comer juntos quebra toda tentativa de institucionalizar e de aprisionar o sagrado. Tudo o mais além das pessoas e da presença manifesta de Jesus no meio delas é supérfluo. Devemos cuidar para não esquecermos que o pinguim não é tão importante quanto a geladeira. Ele não deve ser maior que a geladeira.

Eu prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião

Formada sobre tudo



Esta união, essa relação entre as pessoas também é simples. É Jesus entre elas. Não é preciso complicar essa relação. É o amor. Não criem relações do tipo patrão e escravos na igreja. Não criem relações do tipo apóstolo e irrelevantes. Não criem relações do tipo in and out. Nem é aconselhável tampouco adicionar fardo a essa relação entre as pessoas com ativismo igrejeiro. O supérfluo e a burocracias são inimigas beligerantes da simplicidade. Não criem bolhas. Porque ao mesmo tempo em que Jesus une as pessoas ele as envia. O mesmo amor dinâmico que une as pessoas deve dispersá-las, separá-las. Não montem uma redoma envolta da igreja. Jesus disse “ide”. Portanto, vão. Vão como? Como ele foi. Vão indo. Não de forma proselitista, não com a presunção de possuir a verdade em um vidrinho, mas convivendo com todos e todas, e convivendo de forma simples. A igreja é um diálogo na vida cotidiana. Nesse diálogo simples já estão todos os ingredientes: Jesus, Deus Pai, Espírito Santo e o grupo de pessoas. Esse grupo tem membranas permeáveis, pois Jesus é a força de união e de dispersão. Vocês são o sal da terra e a luz do mundo. Nós não vemos a luz, mas a luz é aquilo que nos possibilita ver.

Um modelo que as pessoas têm em mente de “evangelização” poderia ser representado mais ou menos asim:



O círculo é a igreja, e quem está dentro “evangeliza” mandando raios para fora tentando puxar as pessoas para dentro. A membrana é rígida. A maior parte do tempo é gasto dentro do círculo. A idéia é “evangelizar” as pessoas dentro do círculo. Jesus está sempre dentro do nosso círculo.

Uma alternativa poderia ser vista assim:



Nessa alternativa as pessoas não estão tão preocupadas em saber exatamente onde estão as bordas. Até porque ninguém sabe com certeza quem está “dentro” ou “fora”, apenas Deus. As pessoas então se procuram aproximar-se de Jesus e de umas das outras. “Evangelização” passa a ser um diálogo, onde eu não tenho a presunção de “deter” Jesus. Ao invés, esta “evangelização” é um amor dinâmico, reconhecendo que Jesus também está ou pode estar no outro. Desta forma eu também sou evangelizado.

Primeiro Tempo da Prorrogação



Quanto à liturgia de culto, cantem um cântico novo, isto é, usem uma nova linguagem. Não uma linguagem artificial e fabricada de uma sub-cultura cristã, mas uma linguagem vulgar, do povo. Não usem o evangeliquês nem disfarcem-no com penduricalhos bacanas. Ao contrário, busquem a linguagem do povo – com a sua própria poesia - para a partir dela construir algo que faça sentido. Não assumam que a linguagem usada na igreja se auto-justifica. Ela deve ser definida pelos termos da comunidade local. Uma linguagem que não seja elitista nem simplória. Uma linguagem auto-consciente. Façam do culto um grande diálogo com essa linguagem. A Palavra não é monopólio de uma pessoa. A revelação e a celebração são para todos.

Da mesma forma, não tentem empurrar uma sub-cultura cristã para a cultura, como se essa sub-cultura cristã fosse auto-evidente. Ao contrário, dialoguem com a cultura numa mão dupla. Porque a Missão de Deus não é monopólio de vocês. Deus age com, sem e apesar da igreja cristã. Nesse diálogo de mão dupla, procurem ver o Deus vivo e presente na cultura. Esse diálogo começa com essa identificação. Revejam, portanto, a interação da igreja com o seu derredor, para que não seja como tiros de dentro da bolha, mas que seja como um encontro no boteco.

Andá com fé eu vou

Que a fé não costuma faiá

Mesmo a quem não tem fé

A fé costuma acompanhar

A voz profética é uma constante nas Escrituras. A profecia da igreja deve ser uma voz de denúncia das injustiças sociais, tanto no âmbito do bairro quanto nacional. Lembremos do profeta Amós, um criador de gado leigo que não participava dos círculos dos religiosos da época. “Amós condena todos os que se tornam poderosos ou ricos à custa dos outros. Os que tinham adquirido duas casas esplêndidas (3.15), móveis caros e mesas ricamente guarnecidas, defraudando, pervertendo a justiça e esmagando os pobres, perderiam tudo o que possuíam.“ (Comentário da Bíblia de Estudo NVI)

Estranho o teu Cristo, Rio

Que olha tão longe, além

Com os braços sempre abertos

Mas sem proteger ninguém

Lembrando da liberdade que temos pelo Espírito de amor, sirvamos uns aos outros em amor. Lembrando do sacerdócio de todo o crente, fortaleçam o laicado. Não aceitem nenhuma forma de abuso de uma pessoa.

Que a única autoridade pastoral venha do amor demonstrado na prática em serviço. Não usem palavras difíceis para impressionar. Sejam humildes. Não enganem ninguém com teatro. Não deturpem a Palavra com raciocínios complexos e blá blá blá. Rejeitem e neguem por todos os meios – por pregação, prática, símbolos e sacramentos - a Lei de Gérson. A Lei de Gérson é a que quer cada vez mais proeminência para si e para a igreja. A Lei de Gérson não respeita o outro. Joguem fora todos os chavões e vícios de linguagem. Não abusem das emoções das pessoas. Sejam como crianças. Sirvam ao bairro sempre. Respeitem o outro e a outra, sejam quem forem: outras religiões, outras opiniões, ou minorias. Entendam a cultura brasileira. Entendam a responsabilidade sócio-política que os cristãos têm. Consciente, deliberada e constantemente incluam os excluídos na sua comunidade. (Por exemplo, se a igreja for agora majoritariamente composta por classe média, pensem em como incluir com respeito, dignidade, igualdade e sem estigmatização em todos os aspectos da igreja mais pessoas de outras faixas de renda.) Não invistam em templos grandes. Invistam em vidas.

Segundo Tempo da Prorrogação



Deus é Brasileiro (e Argentino e Paraguaio e Chinês). Ele fala Português sem sotaque. Esta conversa tem que ser em Português do Brasil. Apenas quando nos comunicarmos em Português falaremos coisa com coisa. Esta linguagem deve ser a do povo. Deve incluir os anseios futuros e frustrações passadas. Deve estar consciente do misticismo e folclore populares. Deve reconhecer os heróis brasileiros. Deve entender a História brasileira. Deve usar acordeon, atabaque, zabumba, cavaquinho e berimbau. A igreja deve cair na dança literalmente com muito samba, frevo, bumba-meu-boi e maracatu. Esta conversa é uma conversa que deve participar do processo de construção da nação. Deve ser comunidade, sem discurso ufanista ou triunfalista.

Se eu quiser falar com Deus

Tenho que ficar a sós

Tenho que apagar a luz

Tenho que calar a voz

Tenho que encontrar a paz

Tenho que folgar os nós

Dos sapatos, da gravata

Dos desejos, dos receios

Tenho que esquecer a data

Tenho que perder a conta

Tenho que ter mãos vazias

Ter a alma e o corpo nus

Às vezes penso na dificuldade que os primeiros cristãos tiveram de entender como o Cristianismo estava ao mesmo tempo inserido na cultura e separado dela. O livro de Atos relata esta dificuldade: para eles o Judaísmo estava atrelado à sua cultura de tal forma que era impossível imaginar cristãos tanto judeus como não-judeus. Como é possível crer em Deus tendo uma cultura tão diferente, sendo tão impuro? Como é possível crer em Deus e fazer parte dessa ekklesia pessoas com cosmovisões tão diferentes? Como podem essas pessoas dizerem que amam a Deus quando não se esforçam por seguir as regras e as leis? Como pode a pessoa fazer parte do povo de Deus sem ser descendente de Abraão? Para mim a história desta transição da igreja primitiva fala da universalidade e da abrangência de Deus. Ele está perto de todos os que o invocam. Desse modo não existe diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus.

Gosto da vida simples expressa por Caetano Veloso na música “Alegria, Alegria”.

Caminhando contra o vento

Sem lenço e sem documento

No sol de quase dezembro

Eu vou...

O sol se reparte em crimes

Espaçonaves, guerrilhas

Em cardinales bonitas

Eu vou...

[...]

Ela pensa em casamento

E eu nunca mais fui à escola

Sem lenço e sem documento,

Eu vou...



Eu tomo uma coca-cola

Ela pensa em casamento

E uma canção me consola

Eu vou...

[...]

Por que não, por que não?

Enquanto ele só quer tomar uma coca-cola, ela já faz planos de casamento. Ela tem um projeto de vida: casar, estudar, etc. Ela entrou no sistema e espera uma vida normal. Ela já vai complicando as coisas. Há uma discrepância na interpretação do contexto: ela burocratiza e complica. Ela precipita-se e projeta sobre ele um plano e não comunica. Inconscientemente quer controlá-lo com uma boa intenção, uma intenção ingênua. Ele não quer entrar mais no esquema. Nunca mais foi à escola. Aquela erudição, aquelas fórmulas serviram pra que? A primeira pergunta que faz quando vem um sistema de controle e dominação autoritário é “por que não?” Ele quer desafiar o estado de sítio imposto e andar livre, sem documento. Abre mão da identidade externa falsa para abraçar a sua identidade interna. Este é o protesto dele: andar sem lenço e sem documento, sem aceitar o controle externo não-justificado do seu comportamento. Ele quer andar contra o vento. Por que não? Ao mesmo tempo em que a alegria é um tanto trá-lá-lá, paz-e-amor-bicho, é também uma alegria que acaba rindo de si mesma. Afinal, a alegria está ciente dos crimes, das espaçonaves loucas, e das guerrilhas. A caminhada sabe das bombas, e das fotos e nomes de desaparecidos pela tortura. Ao mesmo tempo em que pratica sua mini-rebeldia contra o status quo, ele está ciente da sua própria alienação. Afinal, enquanto ele se enche de alegriazinha, enquanto sente preguiça, enquanto admira o sol bonito (uma entidade intangível), outros pegam em fuzis, plantam bombas em bancas de revista e levantam bandeiras ideológicas. Ele não expressa nenhum sentimento a esses elementos negativos da história. Ela apenas cita-os, confessando assim sua própria alienação. Ele está ciente de si porque caminha, e esquece de dizer para onde está indo. Está ciente de si porque ao ver a si mesmo e ela juntos coloca-se fora da câmera. Ele está ciente da sua própria alienação porque toma coca-cola, o refrigerante da multi-nacional que aliena prometendo alegria. Está ciente dessas contradições do seu próprio “eu”, e das contradições no mundo. Mesmo assim está de bem consigo mesmo e vai andando contra o vento.

Não é preciso sistematizar e pôr a pessoa num processo de produção em massa para fazer dela um “cristão-modelo”. Este processo tende a aliená-la e forçá-la a importar uma subcultura cristã que existe em função de si mesma. Ao contrário, no Espírito há liberdade de se perguntar “Por que não?” O “por que não?” pede uma justificativa do controle. O “por que não” só aceita a autoridade do amor que caminha junto.

Pênaltis

Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Se o Filho os libertou, vocês são, de fato, livres. E onde o Espírito do Senhor está presente, aí existe liberdade.



Quando a gente gosta

É claro que a gente cuida

Fala que me ama

Só que é da boca pra fora

Ou você me engana

Ou não está madura

Onde está você agora?



Que o nosso amor pra sempre viva.