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Wednesday, June 25, 2008

Minha conversa com o Peter - parte 2

Continuando minha conversa com o Peter (veja a parte 1 aqui . Peter era um amigo) Peter continua comentando a música na igreja que eu estava visitando:
- Lembra do Paul Baloche? Pois é, ele veio aqui recentemente. Lembra do Paul Wilbur? Ele veio aqui recentemente.
- De novo?
- Sim, de novo. A igreja aqui é forte. Consegue trazer esses pesos-pesados.

Sim, me lembro de ter visto ambos aqui em Ottawa. Não dessa vez recente, mas na outra vez, uns 9 anos atrás. Encontrei-me com Paul Baloche e gostei bastante. No final de tudo falou com todos, sentado no chão. Me disse que tinha planejado de ir ao Brasil, mas que depois deu algo errado com a organização da apresentação. Ah, Brasil... O que é que devia pensar? Na dúvida deveria "pensar positivo". Mas de ouvir falar de briga por dinheiro e confusão em "eventos góspeis", estatisticamente tendo a pensar logo no pior. Não comentei com Paul Baloche, é claro.
Paul Wilbur trouxe a sua turma de Messiânicos consigo. Ouvi bastante coisa que não concordo. O interessante foi que certa altura, Paul Wilbur falou em Português.
- Tem alguém aqui que fala Português?
- Eu e minha esposa nos olhamos assustados. Provavelmente as únicas dentre as cerca de 200 pessoas que entendeu o que ele disse, e as duas únicas mãos a se levantarem.
Por que será que para Peter são importantes essas visitas de líderes e pessoas de destaque?
O tema é mais profundo na minha cabeça. Deixe-me contar uma história curta. Certa vez fui a Toronto instalar um sistema de computador. Um sistema complicado, com hardware diferente, tecnologias bem novas. Um monstrinho. Eu que tinha bolado o treco meio que sabia o que estava fazendo lá. Meus colegas (gente fina!) da área de Marketing foram juntos. Filmavam tudo para promover a tecnologia dentro da nossa própria empresa. O cliente ia fazendo perguntas de vez em quando e eu ia respondendo. Lá pelas tantas o cliente fez algumas perguntas para o Fulano do Marketing, e ele repetiu o que eu vinha dizendo. Aí o cliente disparou:
- Você responde assim porque você entende ou porque o K-fé te disse?
Isto é, meu colega não havia 'vivido as respostas', e passava um ar de familiaridade com a resposta. Isso se deixou transparecer e o cliente duvidou.
Às vezes as pessoas se projetam em 'líderes'. Não que eu tenha sido líder ou ídolo no exemplo anterior. Longe disso. Mas meu bom colega (gente fina!) tentou se 'apropriar' indevidamente de um conhecimento que não era seu.
Pessoas aspiram por modelos. Às vezes é uma relação assimétrica: o líder nem sabe que a pessoa existe e a pessoa adora o ídolo. A pessoa se apropria das idéias do ídolo tentando se revestir de lambuja da autoridade do ídolo. Nesse processo o bajulador abre mão do valor próprio projetando a resposta final sobre o ídolo.
Outro problema é a procura de simplificação de assuntos. Pegue uma pergunta do tipo "é pecado dançar?". Muitas pessoas vão procurar respostas fáceis. Sim ou não? Além de ser preguiça (Prov 6.6) é uma forma de descarrego de consciência. 'Basta eu seguir essa regrinha que não tem galho'. Pra começar a complicação, se uma pessoa duvida já é pecado (Rom 14.23). Então será que certas coisas são pecado para uns e não para outros?
Acho que o mesmo princípio de simplificação é generalizado. As pessoas procuram simplificações para as questões teológicas. E rapidamente aparecem pessoas com fórmulas e respostas prontas.
Hoje em dia, com as especialidades relegadas aos profissionais competentes, a religião pode cair no mesmo balaio. Isto é, eu não preciso praticar religião. Basta eu pagar (dar o dízimo) que o pastor-profissional vai pensar por mim. Vai me representar perante Deus, orar por mim e fazer a expiação dos meus pecados (ai ai ai).
Sim, a igreja do Peter tem vaga de estacionamento reservadas para o pastor. É importante? Talvez para outras pessoas não. Mas para mim é. É uma mensagem que diz cada domingo que o pastor é um ser mais especial que os outros. É sintoma ou é causa? Mais sintoma, provavelmente. Em todo o caso, revela um pouco do conceito de liderança para aquela igreja local.

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