"Alguns discípulos de Bultmann como H. Braun, D. Sölle e P. van Buren entre outros radicalizaram ainda mais as posições de Bultmann. Depois de Kant [...] devemos terminantemente excluir qualquer objetivação de Deus, mesmo a denominação de espírito e pessoa. Deus não é objeto de conhecimento nem existe simplesmente como existem as demais realidades. Ele acontece dentro da vida humana. Ele é aquele acontecimento que permite surgir o amor e no qual o mau e o desesperado recebem esperança e futuro. Por isso ele não constitui uma instância superior, uma essência divina que causou o mundo e concede o prêmio ou castigo conforme cada qual merece. Pensar Deus assim seria enquadrá-lo dentro de categorias metafísicas ou linguísticas [...]. Por isso tanto Braun como a teóloga protestante D. Sölle chegam a afirmar: a aceitação da divindade não é pressuposto para ser cristão. Pode-se ser ateu e cristão. Ernst Bloch andando um passo à frente formulava num título de livro o seguinte paradoxo: 'Só um bom cristão pode ser um ateu e só um bom ateu pode ser um cristão'. P. van Buren sugeriu que se riscasse definitivamente o nome de Deus. Com isso evidentemente esses autores radicais não apregoam um ateísmo vulgar. Deus continua a desempenhar uma função: ele é o símbolo para o comportamento que Cristo exigiu de todos: irrestrito amor e obediência desinteressada aos apelos de reciprocidade ilimitada. Onde quer que se dê isso, lá está Deus presente (Braun). "Trecho do livro "Jesus Cristo Libertador", L. Boff, ed Vozes, p. 210
[continua]
No comments:
Post a Comment