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Saturday, January 05, 2008

O Sermão

Trecho do livro "The Shaping of Things to Come: Innovation and Mission for the 21st-Century Church", por Michael Frost e Alan Hirsh.
Depois de resumir a teoria de McCluhan e comentar a frase "O meio é a mensagem", os autores comentam várias "ferramentas" do período da cristandade.

Página 151
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[...] Peguemos a teoria de McCluhan e apliquemo-na às ferramentas que têm sido usadas pela igreja da era da cristandade para fazer missões.

O Sermão
Convenhamos! A indústria do entretenimento - o filme em particular - mudou a educação e a comunicação tradicionais de formas profundas, e a igreja deveria ter se apercebido. Se pensarmos nos filmes de Hollywood só como contagem de histórias (e são só isso), deixamos de ver o efeito recíproco: os filmes nos formam! Aplicando a frase de McCluhan, as pessoas terceirizaram suas imaginações para Hollywood. Os filmes mudaram expectativas a respeito de como nós recebemos comunicação. Com o americano comum assistindo a cerca de cem filmes por ano, sem contar programas de TV, musicais da MTV e a Internet, pregadores se vêem forçados a competir com orçamentos multimilionários de filmes nos seus esforços para fazer entender suas mensagens. Infelizmente, na comunicação do evangelho até agora, temos geralmente contado com apenas uma ferramenta: o sermão monólogo. Será que as futuras gerações serão tão super-estimuladas (tem alguma dúvida de que as pessoas pós-modernas hoje são extremamente estimuladas?) que elas não serão mais capazes de assimilar um monólogo de 30 minutos da mesma forma que seus pais e avós faziam?
Agora um pregador tem que fazer coisas incríveis para conseguir até mesmo chamar a atenção das pessoas, quanto mais comunicar de verdade. A geração viciada em filmes espraia-se na hiper-realidade, na linguagem teórica da cultura pós-moderna, e isso é de se levar a muito sério. Como resultado desse apetite pela hiper-realidade, a era do sermão monólogo que pode ter um impacto está chegando a um fim abrupto e triste. Podemos nos perguntar se Billy Graham será o último dos grandes pregadores de comunicação em massa. Não estamos anunciando o fim da palavra falada para comunicar, mas pregadores terão que rever seriamente como falam se quiserem ser ouvidos. Exceto para os pregadores que são comunicadores excelentes (e eles têm que ser muito bons), sermões têm pouco ou nenhum impacto. + E não esqueçamos que pregação da forma com que concebemos é apenas uma ferramenta e uma ferramenta um tanto abusada, a qual vem mais do amor da cristandade à arte filosófica da retórica do que da Bíblia. Além do mais, ela vicia a congregação no comunicador. (Por acaso, tem uma outra parte da teoria de
McCluhan: tecnologia vicia! Ele usa a palavra "narcótica". Tente passar um tempo sem seu computador) Tente imaginar uma igreja sem um pastor treinado. Nós moldamos nossas ferramentas e elas então nos moldam. Nós inventamos o sermão (na verdade nós pegamos a técnica emprestada dos filósofos Gregos e Romanos), e então ele nos reinventou. Nós nos tornamos completamente dependentes dele! Se você é um pastor no coração evangélico dos Estados Unidos, veja o que acontecerá se você decidir não pregar na igreja no próximo Domingo.

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+ Para testar a validade dessa afirmativa, tente lembrar do sermão da semana passada. Depois, o da semana anterior. Se você ainda não está com dificuldade, tente um de três semanas atrás. Acho que deu para entender o que queremos dizer. Pesquisas feitas nos Estados Unidos e Austrália fizeram a seguinte pergunta aos entrevistados: "Quais são as principais razões pelas quais você vai à igreja?" Geralmente "comunidade" ficou em primeiro lugar, e pregação esteve consistentemente bem no final da lista. Devemos levar isto a sério! Caso contrário, estaremos vivendo num falso paraíso. E em vários casos não é nem paraíso. Em termos missionários na Austrália, pelo menos, não-crentes não estão vindo às nossas igrejas nunca precisamente por causa do fator entediante. O rei da pregação está nu. Sugerimos que você tente o diálogo ao invés - certamente as coisas vão melhor com as culturas globais emergentes e pós-modernas quando as pessoas são envolvidas e isso adiciona às suas experiências.


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