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Tuesday, April 19, 2011

Direitos Humanos - comentários aleatórios - parte 5

Este post comenta as aulas 9 e 10 sobre Direitos Humanos da Universidade da Califórnia em Berkley. O curso inteiro está disponível na Internet. Link aqui. As aulas foram dadas pelo professor Thomas W. Laqueur, contando com a participações eventuais de outros professores.


A aula 9 fala sobre o genocídio armênio (ou ainda, os massacres armênios, ou o holocausto armênio). Aprendi que os armênios não eram tolerados no império Otomano porque eram considerados "inassimiláveis". 
A professora convidada da aula 9 explica muito bem que o problema principal hoje em caracterizar os massacres armênios é um problema de linguagem. O termo "genocídio" é relativamente recente. A ONU tem uma definição, por exemplo, que inclui planejamento e execução sistemática. Mesmo que os massacres armênios hoje se encaixem nessas descrições, na época não havia esta linguagem. A última frase da professora convidada é uma citação de Hitler. Em 1939, Hitler disse: "Afinal quem fala hoje do extermínio dos armênios?"
A aula 10 fala sobre o holocausto dos judeus na Europa nazista. O mesmo pode-se dizer dos judeus na Alemanha nazista. A identidade judia era cosmopolita, internacional. Assim, os judeus iam contra uma identidade alemã "pura", nacional. O professor Laqueur ajuda a desfazer alguns "mitos", desacreditando alguns argumentos que ouvi durante minhas aulas do 2o grau sobre o assunto. Laqueur diz (com cuidado acadêmico, assumindo que este assunto é controverso) que o holocausto não foi o primeiro evento da História de horror inimaginável. Laqueur também diz que as pessoas que levaram adiante as tarefas nazistas eram como nós: pessoas comuns. Laqueur também afirma que o racismo nazista não foi algo único na História: em várias outras instâncias houve racismo. O que pode-se afirmar é que a Alemanha tinha um sistema educacional forte, e que assim seguiram o plano de extermínio com muita precisão e ordem. Isto é, muita burocracia. Laqueur também diz que não é correto pôr a culpa em um suposto anti-semitismo de Lutero. 
A pergunta do professor Laqueur é: o holocausto foi legal? E assustadoramente a resposta é sim. Legalmente, a Alemanha nazista suspendeu gradativamente antes da 2a guerra mundial uma série de direitos individuais e coletivos. E codificou em lei a noção de "identidade alemã pura" por nascimento (isto é, "alemão" é aquele cujos 4 avós são alemães) sendo outros grupos menos importantes. Algumas etnias serviam de mão-de-obra barata aos alemães. Estes podiam ser mortos, mas não podiam matar muitos. Outros eram concorrentes econômicos, como os judeus, e foram considerados simplesmente não-assimiláveis.
Os julgamentos de Nuremberg são citados. É interessante um exemplo citado pelo professor de um sujeito responsável pelo sistema ferroviário da Alemanha Nazista. Os trens na época eram usados para o transporte de judeus e outros grupos de cidades para campos de concentração e extermínio. Este sujeito via seu trabalho como algo burocrático. Queria encher trens de pessoas e enviá-las na hora certa para seus destinos. Nos julgamentos, contudo, o sujeito é acusado de colaborar com o plano nazista de extermínio. 
O professor Laqueur também cita o experimento de Milgram. Eu já tinha ouvido um documentário curto sobre o experimento. É impressionante (e assustador). É impressionante como pessoas "comuns" se dispõem a cometer atrocidades em determinadas circunstâncias.









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