Na época do programa pró-álcool no Brasil, meu pai comprou um Voyage a álcool. Era bom o carro. Só não pegava no inverno gaúcho. Depois que os produtores de cana-de-açúcar fizeram não-sei-o-que com o álcool, meu pai converteu o carro para gasolina.
Vou contar, portanto, meu testemunho (não é verdadeiro) sobre como me desconverti.
Eu me desconverti quando tinha 19 anos. Era crente sincero, devoto. Sentia às vezes que tinha todas as respostas e que nada me faltava. Mas de noite, sozinho, ao deitar na cama - o travesseiro é testemunha - me sentia como que feliz e sem nenhuma dúvida. Me lembro como se fosse ontem: um pregador convidado foi à minha igreja. Nós estávamos sempre acostumados a ouvir hinos, orações na igreja. Era um ambiente celestial. O pregador era uma pessoa simples, e suas palavras eram muito claras. Aquelas palavras do pregador convidado falaram ao meu coração. Quando o coro começou a cantar "Caminhando contra o vento sem lenço e sem documento" me emocionei e senti uma luta interior. Fui à frente chorando de tristeza naquela noite de desconversão. Hoje sou um descrente infeliz, obrigado.
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