Perguntaram ao amigo Nelson Costa Jr.: "existe alguma coisa que a religião possa dar que o mundo secular não possa?"
Uma primeira resposta provisória é "sim". É "sim" para bilhões de pessoas que encontram na religião algum sentido. E é impossível eu avaliar em primeira mão as experiências das outras pessoas. Posso acreditar em suas palavras quando declaram que têm uma determinada religião, o que é suficiente para assumir que a religião tem algum significado para sua identidade.
A minha resposta seria incompleta e provisória. O problema ao meu ver desloca-se para a arena da filosofia e da linguagem. Tenho pra mim que os significados das linguagens são todos construídos. Advêm dos muitos eventos complexos que formam a pessoa em seus contextos. Assim também, as linguagens "religiosa" e "secular" são construídas. E a divisão entre o que é linguagem "religiosa" e o que é linguagem "secular" também.
Algumas pessoas dizem que não existe divisão entre o secular e o religioso. As ramificações dessa afirmação, contudo, nem sempre são exploradas. Tenho pra mim a atribuição de significados religiosos às coisas ao redor do ser humano (e às coisas "invisíveis" também) não foi um processo isolado da atribuição de significados não-religiosos. Ao mesmo tempo em que os seres humanos evoluíram na organização social e na descoberta da ciência, também criaram seus mitos, que nada mais são que histórias reflexivas.
Um caminho interessante seria pensar em equivalências entre linguagens religiosas e seculares. Nesta exploração noto, por exemplo, que códigos moralistas de comportamento sexual adotados por religiosos só se vestem de uma linguagem sagrada para dizer, no frigir dos ovos, a mesma coisa que uma grande parcela moralmente conservadora da população brasileira independente de religião. Neste caminho, o desafio está em 1) conversar sobre como conversar e 2) desconstruir estas linguagens e procurar trabalhar com re-significações das linguagens, independentemente de serem "religiosas" ou "seculares" (porque como vimos esta divisão é artificial). Assim, "pecado", sendo um termo "sagrado", seria "dessacralizado" provisoriamente e explorado pelos caminhos dialético e dialógico. Cedo nos daremos conta de que nos encontraremos em uma conversa mais filosófica e menos dogmática.
Como esse caminho entende que os significados do que é religioso foram fabricados ao longo da História, o ônus de justificativa de finalidade e significados recai sobre a religião. E se a religião morrer nesse caminho? Enterra e faz um funeral.
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Saturday, November 30, 2013
Friday, November 29, 2013
Monday, November 18, 2013
Carta a um crente
Caro crente,
Posso pegar um pedacinho da sua Bíblia? Não é nem um versículo inteiro. "estive preso, e vocês me visitaram" Mateus 25:36b. Tenho um pedido nada retórico: depois de pôr isso em prática, me diga como foi. Estou esperando.
Posso pegar um pedacinho da sua Bíblia? Não é nem um versículo inteiro. "estive preso, e vocês me visitaram" Mateus 25:36b. Tenho um pedido nada retórico: depois de pôr isso em prática, me diga como foi. Estou esperando.
Tuesday, November 12, 2013
Tuesday, November 05, 2013
Petição por Ricardo Esquívia, Colômbia
A
Asociación Sembrando Semillas de Paz (Sembrandopaz) emite uma AÇÃO URGENTE para
a segurança física e jurídica e direito à boa reputação e a um processo justo
de Ricardo Esquívia Ballestas, diretor desta
organização, assim como de outros líderes do processo comunitário da Zona da
Montanha Alta de El Carmen de Bolívar, Colômbia.
Ações
recomendadas
§ Manter
Ricardo Esquívia, os membros da equipe da Sembrandopaz e os líderes da
Zona da Montanha Alta de El Carmen de Bolívar em oração.
§ Espalhar
amplamente esta Ação Urgente.
§ Solicitar
ao Estado da Colômbia (veja as instruções aqui) para
se pronunciar sobre este problema e tomar todas as medidas cabíveis para assegurar
o respeito à vida, integridade física, direito a um processo justo e boa
reputação de Ricardo Esquívia, dos membros da equipe da Sembrandopaz e dos
líderes da Zona da Montanha Alta de El Carmen de Bolívar.
§ Solicitar
ao Estado colombiano que se pronuncie sobre esta questão e apoiar a
participação social e total implementação da Lei de Restituições de Terras e
Vítimas e rejeitar todas as ações contra este processo.
§ À
comunidade internacional, comunicar-se com seus representantes públicos e com a
embaixada colombiana em seu país para manifestar preocupação e solicitar apoio
para esta ação urgente.
§ Solicitar
ao Estado colombiano a garantia dos direitos a um processo justo e à
integridade física de Jorge Montes no seu local de prisão para que ele não seja
sujeitado à tortura e maus tratos.
Leis
e antecedentes
Fontes confiáveis
confirmaram uma ameaça iminente por autoridades colombianas contra a liberdade
de Ricardo Esquívia Ballestas e de membros do comitê de coordenação do
Movimento da Zona de Alta Montanha de El Carmen de Bolívar e contra a
legitimidade da Asociación Sembrando Semillas de Paz (Sembrandopaz).
A
Sembrandopaz foi fundada sob a liderança de Ricardo Esquívia Ballestas em 2005
com o apoio e patrocínio da Igreja Menonita da Colômbia com o objetivo de
acompanhar processos comunitários de justiça e de paz no Montes de María e
região caribenha da Colômbia. A Sembrandopaz é uma expressão ativa dos
valores da não-violência, da solidariedade e do amor ao próximo, com os quais a
Igreja Menonita mundial está comprometida desde seu início do século XVI.
Desde a sua formação inicial na Igreja Menonita, Ricardo Esquívia tem
acompanhado os processos de construção da paz, da dignidade humana e da
conciliação, ao lado de igrejas e comunidades locais na região dos Montes de
María por aproximadamente 40 anos.
Há um ano, a Sembrandopaz
iniciou o acompanhamento do movimento da Zona de Alta Montanha de El Carmen de
Bolívar, cujas comunidades organizadas pelos seus direitos a indenizações
integrais e transformadoras, um retorno digno à sua terra, garantias de não
repetição e apoio do estado para a solução das morte das culturas de abacate em
mais de 40 comunidades rurais da região de Montes de María.
O
movimento comunitário da Zona de Alta Montanha fez uma marcha pela paz de 5 a 8
abril de 2013 para exigir um diálogo com as autoridades locais, estaduais e
nacionais, que começou em San Jacinto em 7 de abril e continua até o
momento. O movimento tem contribuído para promover a conciliação entre as
comunidades antes divididas e fracionadas da Zona Alta Montanha e para
incentivar a participação dos cidadãos no diálogo.
Em 3 de setembro deste
ano [2013], apareceram folhetos na Zona de Alta Montanha em toda as comunidades
de Macayepo e Lazaro, ameaçando vários líderes do movimento, incluindo o
coordenador do movimento, Jorge Luis Montes Hernández. Esse documento
acusa os líderes de roubo, extorsão e associação com as FARC-EP e é assinado
por um grupo paramilitar de autodefesa, "Los Urabeños" e BACRIM.
Em 9 de
setembro [de 20213], o promotor de El Carmen de Bolívar convocou o líder
comunitário, Jorge Montes, para se apresentar em seu escritório e lá o prendeu
por meio de um mandado. Na audiência pré-julgamento, em 11 de setembro, o
Sr. Jorge Montes foi acusado dos crimes de pertencer à 35ª Frente das FARC-EP,
formação de quadrilha, homicídio, deslocamento forçado, extorsão e outros.
Segundo fontes
fidedignas, as ameaças contra Ricardo são semelhantes às ações e processos
iniciados contra ele por autoridades colombianas em 1989, 1993 e 2004, com base
em falsas acusações que foram posteriormente suspensas por falta de fundamento.
No final do mês de junho
deste ano, após o acompanhamento da Sembrandopaz na Marcha pela Paz da Zona de
Alta Montanha, dois membros internacionais da equipe da Sembrandopaz com vistos
religiosos temporários para apoiar a Igreja Menonita da Colômbia, Anna Vogt do
Canadá e Lariza Zehr dos Estados Unidos, foram convocados ao escritório de
Relações Exteriores da Colômbia para verificar a validade da sua situação
migratória, com a possibilidade de deportação. Este processo ainda não
foi resolvido.
Assine
a petição para interromper a perseguição política de Ricardo Esquívia e
trabalhadores colombianos de direitos humanos. Pare por um momento para escrever uma carta aos representantes do governo
colombiano e membros importantes da comunidade internacional.
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Texto originalmente publicado em Inglês e Espanhol no Blog de Advocacy na América Latina do Comitê Central Canadense Menonita. Ver link aqui.
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