Mark Taylor, chefe do Departamento de Religião da Universidade de Columbia, ao ser entrevistado no programa da rádio pública canadense (CBC) Ideas ("The Myth of the Secular" parte 7) deu a seguinte definição de religião:
"Religião é um sistema emergente, complexo e adaptativo de símbolos,Alguns cristãos ainda vêem "religião" como carismáticos viam "tradição" nos anos 80. Querem ser contra rituais que "não fazem sentido" e "voltar a fundamentos" de espiritualidade. Esta é uma visão um tanto restrita de "religião" que pega o termo como bode expiatório, mas várias vezes mantém um mesmo sistema de crenças e "conceitos fundamentais". Isto é apenas um jogo de palavras que não muda muito.
mitos e rituais que funcionam, por um lado, para dar a indivíduos e
sociedades um sentido de significado, propósito e direção e, por outro
lado, para questionar todo sistema ou estrutura que dá sentido,
propósito e direção à vida. "
O paradoxo no centro da religião apontado por Mark Taylor condiz com meu olhar histórico: as religiões foram usadas e abusadas para justificar tanto a morte quanto a vida. A Bíblia dos cristãos foi usada tanto para defender a escravidão como para aboli-la. A crença foi usada tanto para matar índios na América Latina quanto para defendê-los.
É fácil se desmotivar com a religião hoje em dia. Podemos olhar para os muitos recursos gastos para criar uma coisa que revolve em torno de si, várias vezes longe do sofrimento humano (Lucas 10.25-37). Podemos ver como o medo é usado para controlar e condicionar pessoas, especialmente as mais vulneráveis (Lucas 22.26).
Contudo, por pior que este retrato da religião possa parecer, eu não posso fazer quase nada. Posso agir conforme minha consciência. Posso questionar. Posso até buscar ajudar pessoas perto de mim a sair da caverna ou da matriz. Mas não tenho esperanças de que possa mudar muita coisa. O problema é muito grande e está fora do meu alcance. E muitos dos que estão alienados gostam da coisa assim como é.
Claro que meus questionamentos formam apenas mais um sistema de religião, falho e propenso a todos os vícios da condição humana. Sim, meus questionamentos contem vaidades, pretensões e outras ilusões passageiras.
O desafio da definição soa como algo mais pessoal. Ela me convoca a uma introspecção e não tanto a uma leitura crítica da história da igreja. Se a religião dá ou não dá sentido à vida eu não sei. O que é interessante é se este meu 'sistema de religião', assim como eu o conheço, contém 'propriedades virtuosas'. Isto é, se me leva a ser mais humano e sensível ao meu próprio bem-estar e ao bem-estar daqueles perto de mim; se me ajuda a ver melhor as realidades ao meu redor. Se me ajuda a amar a mim mesmo e a quem está perto. Assim, espero que meu 'sistema de religião' leve-me a ter uma vida mais alegre e completa.