Lendo a biografia do padre Canadense Robert (Bob) Ogle, constatei que no dia 21 de Março de 1985 estrearam no Parlamento Canadense uma série de TV chamada "Ain't No Paradise". A série foi produzida por Stephen McLoughlin.
Conforme relatada na biografia, a série de TV era humorística e tentava conscientizar os telespectadores sobre os problemas políticos na cena internacional, principalmente entre países ricos do Norte e países pobres do Sul. A série, conforme relata a biografia, mostrava as grandes limitações de "atos de caridade" que ignoravam causas mais fundamentais de grandes problemas. Na história, pessoas no país rico tentavam angariar fundos para um país africano através de um show de rock, enquanto o país africano se via estrangulado por uma dívida externa astronômica e relação comercial/política completamente assimétrica.
A intenção da série de TV do padre Ogle toca em um ponto nevrálgico do "assistencialismo": enquanto provê pequeníssima ajuda emergencial, ele é incapaz de influenciar o cenário da macro-política. Pior ainda, do lado do doador, o "assistencialismo" pode ser uma forma de permitir que pessoas "lavem as mãos", descarreguem a sua consciência. E pode trazer consigo uma estigmatização dos coitados, que os mantém em posição inferior. Do lado do receptor, o "assistencialismo" pode trazer dependência, estigmatização e humilhação.
Ouço falar de projetos de "auto-sustentabilidade" e já fico com o pé atrás. Me doeu mais que me alegrou ouvir falar de uma comunidade no Nordeste que recicla lixo para geração de renda. De que forma este sistema fechado denuncia e desafia os grandes e complexos sistemas que oprimem a comunidade? Estes sistemas não só mantêm a comunidade pobre como depende da situação de pobreza da comunidade para sustentar uma pequena minoria extremamente rica.
No mesmo barco do "assistencialismo" está o "terceiro setor", ou as "ONGs-light". Lembro-me de uma reunião em Ottawa com várias lideranças religiosas de "alto nível" juntamente com alguns políticos (Membros do Parlamento - o equivalente a Deputados Federais) de centro e de esquerda. A reunião era sobre a situação da pobreza no Canadá. Em certa altura, algumas pessoas do auditório expressaram sua frustração com os políticos. A receita era "deixar de lado a política" e trabalhar alegre e "criativamente" nos problemas.
Esta opção do "terceiro setor" (muitas vezes um disfarce de um neoliberalismo) também pode ser uma grande distração. Mais ainda, pode ser um grande tapete para onde as pessoas podem alegremente varrer os problemas. Em vez de tratar de problemas políticos como tais, é mais fácil evitar de encará-los.
Um outro problema existente em maquiar o porco com o "terceiro setor" está na redefinição da linguagem. Termos como "democracia" e "comunidade" ficam tão rarefeitos que perdem sentido.
Não vou nem tentar esboçar uma solução ou soluções. E se alguém prescrever uma, não acredite.
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Thursday, September 22, 2011
Wednesday, September 21, 2011
What to do with a text after deconstructing it
Well, do whatever you want with it. What would you like to do with it? In my case, maybe I'll think about it. That's all I can do. When I feel like it.
Tuesday, September 20, 2011
Deconstructing Hermeneutics in 3 steps
Here are two loaded terms: "deconstruction" and "hermeneutics".
I was asked today if I thought the Scriptures were authoritative. I said that that was a nice subject that I enjoyed, that I liked that conversation.
Suppose I want to come up with some hermeneutic. First I would need to lay out some kind of process with a starting point, a finish line and a modus operandi. At the end I would have a (private) method of "understanding Scriptures".
It doesn't matter what the hermeneutic is at the end. I want to deconstruct it. First, I'll start saying that because the process was created by someone, that from the start it's poised to be biased (culturally, politically, philosophically, personally, literally, etc) and faulty. So it's no good from the start. Second, I'll say that the text is inherently ambiguous and that language cannot convey meaning. And third I'll say that hermeneutics is irrelevant. "So what?".
I was asked today if I thought the Scriptures were authoritative. I said that that was a nice subject that I enjoyed, that I liked that conversation.
Suppose I want to come up with some hermeneutic. First I would need to lay out some kind of process with a starting point, a finish line and a modus operandi. At the end I would have a (private) method of "understanding Scriptures".
It doesn't matter what the hermeneutic is at the end. I want to deconstruct it. First, I'll start saying that because the process was created by someone, that from the start it's poised to be biased (culturally, politically, philosophically, personally, literally, etc) and faulty. So it's no good from the start. Second, I'll say that the text is inherently ambiguous and that language cannot convey meaning. And third I'll say that hermeneutics is irrelevant. "So what?".
Friday, September 02, 2011
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