FB_init

Friday, March 26, 2010

Motivation for Feminist Theology

"That was my foot-on-the-door to Feminist Theology. Incidentally, this contact with reality was important for me to learn that the making-theology must begin by listening to un-heard voices, un-told stories, un-known theologies.
[...]
  Reality is though for the majority of people of the feminine sex. Professor Lieve insisted in presenting at that class unfortunate data to prove this:

  • 65% of the work in the world is done by women;
  • 12% of the paid salaries in the world go to women;
  • 2% of properties in the world are on the hands of women;
  • 1 in each 6 women in the world is a victim of incest;
  • 1 in each 4 women will experience some form of sexual violence in life;
  • 75% of people that die of hunger are women and children;
  • In all the world, women do not earn the same salary as men;
  • In all the world, the education level of women is lower than that of men;
  • In countries where women have more diplomas than men, the tendency is for less educated men to hold higher positions, changing, therefore, the criterion of promotion;
  • 98% of structural decisions are made by men;
  • In all the world, women are more dependent on the land than men;
  • In many places of the world, the majority of abortions is of girls.
Given that, the lesson that Feminist Theology teaches us is that before worrying about explaining reality theologies must pay attention to an unjust reality that needs transformation. This situation must be taken as a theological challenge that requires an urgent answer seeking changes.
"

Fragment of "Towards a daily theology: listening to the unheard voices" by Felipe Fanuel Xavier Rodrigues in "Teologias com Sabor de Mangostão". Isabel Aparecida Felix (org). ISBN 978-85-60990-07-8. Nhanduti Editora.

Translation by Gustavo K-fé Frederico

Thursday, March 25, 2010

Get a product in 5 lines of code

Here is how you can retrieve a product (in this case in a virtual catalog) in Microsoft Commerce Server (2009, but using 2007 API and not Foundation) with PowerShell in 5 lines:


[reflection.assembly]::loadwithpartialname(“Microsoft.CommerceServer.Catalog”)
$catalogAgent = new-object -typename Microsoft.CommerceServer.Catalog.CatalogServiceAgent -argumentlist (“http://localhost/DefaultSite_CatalogWebService/CatalogWebService.asmx”)
$catalogContext = [Microsoft.CommerceServer.Catalog.CatalogContext]::Create($catalogAgent)
$catalog = $catalogContext.GetCatalog("MyVirtualCatalog")
$product = $catalog.GetProduct("AW099-15(Adventure Works Catalog)")

Sunday, March 21, 2010

Teologia da Libertação: montando o quebra-cabeças recente

Ainda estou montando o quebra-cabeças da história da Teologia da Libertação no Brasil. Sexta-feira passada encontrei-me pela primeira vez com um Católico envolvido com a Teologia da Libertação. Foi um encontro muito proveitoso e agradável. Tento resumir o que aprendi, listando minhas perguntas originais e como entendi as respostas:
 - O que aconteceu no Brasil nos últimos 20 anos na área política?
   R: Nós "viramos o poder". Isto é, o PT ganhou as eleições.

- O que aconteceu com a Teologia da Libertação nos últimos 20 anos?
 R: Houve um esforço deliberado para empurrar a Teologia da Libertação para fora da instituição da Igreja Católica Apostólica Romana. Os envolvidos com a práxis praticamente têm que continuar a fazê-lo sem nenhum apoio da igreja. Isto é, estão "nas margens". Acadêmicos acabaram por ficar mais desassociados da práxis e dos movimentos sociais de luta. Nesse esforço, houve uma opção deliberada de convidar bispos contrários à Teologia da Libertação e de pouco interesse com teologia "de conteúdo". De forma geral também houve uma falta de interesse dos estudantes de teologia (aspirantes ao ministério pastoral). Similarmente parece haver mais alienação dos jovens.
  Ao mesmo tempo, os teólogos de libertação deram-se conta de que não bastava fazer uma análise sócio-econômica da situação visando puramente o bem-estar econômico. Isto é, a motivação de ter uma nação mais rica economicamente era equivocada, e a Teologia da Libertação não se deu conta disso em seu início. No desenvolvimento da espiritualidade é necessário considerar a subjetividade, o desejo do indivíduo, a beleza da arte e a experiência do transcendente.

 - Opção "só" pelos pobre?
  R: A Teologia da Libertação se deu conta recentemente de que esta forma de colocar o problema não é muito adequada. A opção deveria ser pelo oprimido. Deu-se conta de que às vezes o próprio pobre oprime o pobre. As generalizações usando categorias econômicas mostraram-se simplistas e até certo ponto equivocada. Não é que todo patrão é mau e todo trabalhador é bom. De qualquer forma, o pobre continua sendo na maioria das vezes o maior oprimido. E ainda conforme as Escrituras vemos Deus no pobre oprimido.
  Também pode-se dizer que o escopo da "Teologia da Libertação" aumentou recentemente com o debate de outros "excluídos": teologia feminista, ecologia, etc.

- Qual o status das CEBs?
R: Diminuiram em número.

- Que influência teve o movimento carismático com a Teologia da Libertação?
R: O movimento carismático cresceu muito dentro da igreja católica nos últmos anos. O movimento carismático ajudou, de certa forma, a Teologia da Libertação a ver a necessidade de se elaborar e articular melhor a espiritualidade. Ver a resposta acima que fala sobre a história da Teologia da Libertação.

- Quais são os jovens que estão envolvidos com a Teologia da Libertação e que blogam hoje?
R: Não tem (no conhecer do meu amigo). Há um desinteresse generalizado entre jovens. Historicamente, nesse esforço da Igreja institucional contra a Teologia da Libertação, os envolvidos com a TL deixaram de treinar uma nova geração nos movimentos sociais. Similarmente, alguns segmentos das lutas sociais escolheram a política de terno e gravata e esqueceram não somente as bases dos movimentos como também não investiram no treinamento e formação de novos líderes mais jovens.

Wednesday, March 17, 2010

Mundo, Missão, e Igreja - 6 - T.V. Philip

Fonte: http://www.religion-online.org/showchapter.asp?title=1573&C=1521

Leia também a parte anterior, a parte 5.

Bangkok 1972: Salvação Hoje

A conferência foi organizada pela Comissão Mundial de Missões e Evangelismo do Conselho Mundial de Igrejas e teve a presença de 340 participantes de 69 países. Falando sobre o tema principal, MM. Thomas ressaltou o fato de que a espiritualidade humana sustenta todo desejo humano por saúde e sexo, por desenvolvimento e justiça. Ele falou sobre o sentido de salvação hoje como espiritualidade humana compromissada com estruturas de sentido e sacralidade cabais - não em nenhum isolamento pietista ou individualista, mas relacionado e expresso dentro da revolução material, social e cultural do nosso tempo. A espiritualidade humana pode ser ou verdadeira ou falsa - ou relacionada com os sentido e cumprimento cabais da vida revelada em Cristo ou simplesmente criada por pessoas nos seus auto-centrismos e rejeição de Deus, e portanto idólatra. Todos impulsos seculares para vida humana mais plena devem ser colocados e interpretados nas suas relações com o sentido e cumprimento cabais da vida humana revelados na humanidade divina do Cristo crucificado e ressurreto. A preocupação principal da missão cristã é com a salvação da espiritualidade humana, com a escolha correta do ser humano de estruturas de sentido e sacralidade cabais.

A conferência de Bangkok afirmou duas características importantes de salvação. Em primeiro lugar ela afirmou a natureza abrangente da salvação. Em segundo lugar, ela afirmou que quando salvação é expressa em termos concretos, em relação com realidades expressas diariamente, ela apresenta uma variedade de faces. Sobre estas duas características, Emília Castro, um teólogo latino-americano que tornou-se o Diretor da Divisão Mundial de Missão e Evangelismo (DWME) depois da reunião de Bangkok e depois Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas, escreveu:
  Nós vimos que a preocupação pelo crescimento da Igreja está relacionada com a preocupação com justiça social e autenticidade cultural; que a participação cristã em lutas por justiça social, especialmente em ações favorecendo os fracos do mundo não é um desvio da preocupação principal da fé cristã mas precisamente a manifestação relevante dela no mundo de hoje. Nós descobrimos que em situações como o Vietnã, a prioridade para a salvação era paz e que a única forma para cristãos agirem com credibilidade era lutar por paz. Em outras situações nós descobrimos que salvação estava presente na busca por independência, ou por reconciliação. Em nenhum caso esta ou aquela prioridade particular esgotou as possibilidades ou o conteúdo da mensagem cristã de salvação, mas sem esta prioridade o Evangelho seria destruído.
Na sua afirmação sobre salvação hoje, a conferência afirmou:

Com gratidão e alegria nós afirmamos novamente nossa confiança no sofrimento de nosso Senhor crucificado e ressurreto ... Ao indivíduo ele vem com poder para libertá-lo de todo mal e pecado, de todo poder na terra e no céu, de toda ameaça de vida ou morte. Ao mundo ele vem como o Senhor do universo, com profunda compaixão pelo pobre e faminto, para libertar os fracos e os oprimidos. Aos poderosos e aos opressores ele vem com julgamento e piedade.
De acordo com a conferência, salvação expressa a preocupação e o amor de Deus por toda a humanidade. Portanto nada humano é estranho à comunidade cristã e à tarefa da missão cristã. Dentro desta noção abrangente de salvação, a conferência viu o trabalho salvífico de Cristo em quatro dimensões sociais. A salvação trabalha na luta por justiça econômica contra a exploração de pessoas por pessoas; na luta pela dignidade humana contra a opressão política de seres humanos; na luta por solidariedade contra a alienação de pessoas por pessoas; e na luta da esperança contra o desespero na vida pessoal. No processo de salvação nós devemos relacionar as quatro dimensões umas com as outras. Não existe justiça econômica sem liberdade política, não [existe] liberdade política sem justiça econômica. Não há justiça, não [há] dignidade humana, não [há] solidariedade sem esperança, não [há] esperança sem justiça, dignidade e solidariedade. Mas há prioridades históricas segundo as quais a salvação é antecipada em uma dimensão primeiro, seja no pessoal, no político ou no econômico. O ponto de entrada pode ser diferente de situação para situação. Mas nós precisamos nos dar conta de que tais antecipações não são o todo da salvação, e precisamos relembrar as outras dimensões. Esquecer disso negará a integralidade da salvação.

O tema principal foi dividido em três seções para discussões na conferência: Salvação e Justiça Social; Salvação e Identidade Cultural; e Renovação das Igrejas em Relação à Salvação.

A seção sobre Salvação e Justiça Social ressaltou que assim como o mal trabalha tanto na vida pessoal como em estruturas sociais exploratórias as quais humilham a humanidade, assim também a justiça de Deus se manifesta em ambas justificação do pecador e justiça política e social. As lutas por justiça econômica, liberdade política e renovação cultural são elementos na libertação total do mundo pela missão de Cristo. Depois de ressaltar que o problema da identidade pessoal está intimamente relacionado ao problema da identidade cultural, a seção sobre Identidade Cultural disse: "A cultura molda a voz humana que responde à voz de Cristo". Muitos cristãos que receberam o Evangelho por agentes ocidentais fazem a pergunta: fui realmente eu quem respondeu a Cristo? Não foi alguém outro em vez de mim? O problema é este: como podemos nós mesmos sermos completamente responsáveis ao recebermos a salvação de Cristo [?]. Como podemos nós responsavelmente responder à voz de Cristo ao invés de copiarmos modelos estrangeiros de conversão - impostos, não verdadeiramente aceitos? Nós nos recusamos a sermos mera matéria-bruta para ser usada por outras pessoas para alcançarem sua própria salvação. A universalidade da mensagem cristã não contradiz a sua particularidade. Cristo tem que ser respondido em situações particulares. Muitas pessoas tentam dar validade universal às suas próprias respostas ao invés de admitir que a diversidade de respostas a Cristo é essencial porque elas estão relacionadas às situações particulares e são, portanto, relevantes e complementares.

A terceira seção sobre Renovação na Missão põem grande ênfase na missão local da igreja local. Também levantou [o assunto do] relacionamento entre missões ocidentais e as igrejas no terceiro mundo. Neste contexto, Bangkok levantou a questão de um moratorium na missão e disse que tal moratorium permitiria que igrejas recipientes achassem sua própria identidade, que fizessem suas próprias prioridades e descobrissem dentro de suas próprias associações os recursos para levar adiante suas próprias missões autênticas.

Sem a salvação de igrejas dos seus cativeiros de interesses de classes dominantes, raças, e nações, não pode haver igreja salvífica. Sem a libertação de igrejas e cristãos de suas cumplicidades com injustiça e violência estruturais, não pode haver igreja libertária para a humanidade. Todas igrejas, todos cristãos se deparam com a questão [sobre] se eles servem Cristo e sua obra salvífica somente ou ao mesmo tempo os poderes da desumanidade. "Nenhum homem pode servir a dois senhores, Deus e Mamom" (Mateus 6.24). Nós devemos confessar nosso abuso do nome de Cristo com a acomodação  pelas Igrejas dos poderes opressores, pela nossa própria apatia egoísta, falta de amor e medo. Estamos procurando a verdadeira comunidade de Cristo a qual trabalha e sofre por seu reino. Nós procuramos a igreja carismática a qual ativa energia para a salvação (1 Coríntios 12). Nós procuramos a igreja a qual inicia ações pela libertação e apoio do trabalho de outros grupos libertários sem calcular interesses próprios. Nós procuramos a igreja a qual é o catalisador do trabalho salvífico de Deus no mundo, uma igreja a qual não é o mero refúgio dos salvos mas uma comunidade servindo ao mundo no amor de Cristo.
A declaração de Bangkok de que nós procuramos uma igreja a qual não é um mero refúgio dos salvos mas uma igreja que é a catalisadora da obra salvífica de Deus no mundo resume, de certa forma, o pensamento ecumênico sobre igreja e missão durante as duas décadas depois da assembléia de Nova Déli do Conselho Mundial de Igrejas. Para tal desenvolvimento, as conferências de Genebra, Uppsala e Bangkok deram contribuições significativas. Doravante, a perspectiva ecumênica não está meramente confinada a relações inter-eclesiásticas e atitudes - cujo objetivo seria de superar divisões entre cristãos. Ela conclama para uma compreensão mais ampla da igreja do que é geralmente tida no contexto de sua missão no mundo contemporâneo. Ela conclama ao diálogo com outras religiões e tradições espirituais, e incorpora a perspectiva do pobre, da mulher e do oprimido em si mesma. Um novo entendimento da igreja católica e da universalidade do Evangelho surgiu das discussões durante este período. Tanto catolicidade e universalidade não são qualidades estáticas que podem ser expressas em estruturas institucionais de teologia. São qualidades dinâmicas que podem ser expressas ou manifestadas somente na missão da igreja ao viver em constante diálogo com o mundo.

Tuesday, March 16, 2010

Mundo, Missão, e Igreja - 5 - T.V. Philip

Fonte: http://www.religion-online.org/showchapter.asp?title=1573&C=1521

Leia também a parte anterior, a parte 4.


Conferência de Genebra de 1966

No seu discurso de abertura da Conferência Mundial sobre Igreja e Sociedade, Visser't Hooft, Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas, disse "Nós não falamos porque nós queremos ter voto nos negócios do mundo, mas porque nós não podemos viver com Deus, com companheiros, conosco se nós nos mantivermos silenciosos'. O tema principal da conferência era 'Cristãos nas Revoluções Técnicas e Sociais do Nosso Tempo', e seu propósito era olhar para os problemas do mundo moderno das revoluções tecnológicas em como elas afetavam a economia, a política e a vida cultura dos povos, comunidades e Estados, e considerar o desafio e a relevância da teologia para as revoluções sociais do nosso tempo.
 [...] Bola Ige da Nigéria, depois de dizer que há pessoas que querem que mudanças permaneçam dentro de limites constitucionais, disse "Nós não precisamos do passado; nós temos que jogá-lo fora - incluindo, se necessário, aqueles que detiveram poder político no passado". Ele argumentou por mudança revolucionária global a qual iria visitar todas constituições sufocantes existentes, sistemas e poderes que os mantém funcionando. A conferência foi crítica da atitude negativa das igrejas diante de mudanças revolucionárias e chamou as igrejas a desenvolverem um ethos de humanismo revolucionário. Foi dito que a tarefa da igreja não era de implementar ordens, sistemas ou sociedades cristãs, mas humanizar as ordens seculares. Na mensagem às igrejas lê-se:
   Como Cristãos estamos comprometidos em trabalharmos para a transformação da sociedade. No passado, nós comumente fizemos isto através de esforços silenciosos de renovação social, trabalhando dentro e através de instituições estabelecidas de acordo com suas regras. Hoje, um número significativo daqueles que são dedicados ao serviço de Cristo e a seus próximos assumem uma posição mais radical ou revolucionária. Eles não negam o valor da ordem tradicional ou social, mas eles estão procurando uma nova estratégia pela qual possam trazer mudanças básicas na sociedade sem muita demora. Em várias partes do mundo hoje, a Igreja representa uma minoria relativamente pequena, participando na luta pelo futuro do homem lado a lado outros movimentos religiosos ou seculares. Ainda mais, ela pode esperar contribuir para a transformação do mundo somente na medida em que ela própria for transformada em contato com o mundo.

A conferência de Genebra influenciou o pensamento da Assembléia de Uppsala do Conselho Mundial de Igrejas. De acordo com a conferência de Genebra, o testemunho cristão em um mundo revolucionário significa ação efetiva e vigorosa pela transformação do mundo. Missão como humanização foi a mensagem dominante em Uppsala.

Mundo, Missão, e Igreja - 4 - T.V. Philip

Fonte: http://www.religion-online.org/showchapter.asp?title=1573&C=1521

Leia também a parte anterior, a parte 3.


Esta redescoberta do mundo no movimento missionário teve repercussões no movimento ecumênico como um todo. Colin W. Williams fala de uma mudança radical no foco do movimento ecumênico. Ele ressalta o fato de que no período entre as Assembléias do CMI de Amsterdã (1948) e Evanston (1954), sentiu-se que a procura por uma tradição comum por trás das várias tradições era mais um olhar para dentro, e portanto, a pessoa deve não somente procurar continuidades visíveis (como Palavra e Sacramento) mas também o evento da obediência à missão de Cristo. Unidade é dada não somente em continuidades históricas; é um presente que é recebido apenas quando o chamado para missão é obedecido. Neste período deu-se conta de que não é suficiente tenter resolver os problemas de eclesiologia adicionando 'missão' à marca clássica da igreja. O que é necessário é mover a eclesiologia para fora do centro da preocupação teológica, pois assim que a eclesiologia torna-se central, ela é falsificada. O caminho para uma verdadeira eclesiologia deve ser
indireta, pois a igreja foi feita não para ser um fim em si mesma mas a serva da missão de Deus no mundo.

Pelo final da década de 60, emergiu no movimento ecumênico um consenso geral de que os problemas eclesiológicos poderiam somente serem resolvidos ao ir primeiro além da igreja e fazendo a pergunta sobre a missão de Deus no mundo. Teólogos falaram da igreja em termos funcionais, como um projeto - um caminho de obediência que deve ser continuamente moldado dentro da situação particular na história sob a luz do propósito derradeiro de Deus para a história. Eles afirmaram que o papel da igreja não era atrair o mundo para dentro da ordem da igreja. Nós devemos parar de pensar na salvação derradeira do mundo como um processo no qual o Senhorio de Cristo sobre o seu Corpo é expandido até que enfim ele atrai o mundo inteiro para dentro do seu domínio. A igreja é a serva da luta de Cristo para trazer nova vida às comunidades do mundo, à Sua criação como um todo. A luta para revelar o Senhorio de Cristo sobre sua criação deve ser relacionada às verdadeiras lutas do povo nas estruturas sociais e políticas de nosso tempo. A igreja pode ser a igreja somente sendo a comunidade da obediência a Cristo dentro das estruturas de vida onde a existência humana já é encenada. "A Casa de Deus não é a Igreja mas o mundo, onde a Igreja habita e trabalha como sua serva."

Colin Williams faz a pergunta: "aonde devemos procurar pela Igreja?" Ele diz que a igreja é um evento; é onde o povo de Deus toma a forma de servo ao redor das necessidades e esperanças do mundo - como servos de Cristo e portanto servos da humanidade. Isto significa que [a] igreja é chamada para se mudar para dentro do mundo como Cristo ainda se move no mundo. Cristo não veio como alguém despejando respostas pré-estabelecidas, aquele que traria uma ordem eterna imutável para dentro de nossa ordem temporal mutável. Ele veio como um participante integral na história. Ele veio como alguém cuja liberdade foi sua completa liberdade para as necessidades do mundo, mudando-se de detrás das barricadas da segurança e ordem assumidas para estender a mão para os excluídos [da] comunidade, criando [a] força do amor servil. Além da sua aparente derrota, ele revelou o poder de seu amor para criar nos seus discípulos a fé e a coragem para tornarem-se participantes no caminho do serviço. E esses participantes são a igreja - os seguidores do caminho.

Colin Williams afirma que a direção da eclesiologia nos anos 60 foi um movimento na direção contrária da pergunta de ontem sobre aonde a igreja verdadeira se acha dentro da ordem estabelecida da Cristandade, e [na direção] da pergunta de hoje sobre onde a igreja viva deve acontecer como testemunha da presença de Cristo no mundo. Esta nova direção era muito mais vista nas deliberações da Conferência Igreja e Sociedade em 1966 e na Assembléia de Uppsala da CMI em 1968.

(grifo do K-fé)

Mundo, Missão, e Igreja - 3 - T.V. Philip

Fonte: http://www.religion-online.org/showchapter.asp?title=1573&C=1521 

Leia também a parte anterior, a parte 2. 


Johannes C. Hoekendijk (1912-1975) da Holanda foi um missionário na Indonésia e após um secretário de uma junta de missões e professor de teologia. Ele foi Secretário para Evangelismo do Conselho Conselho Mundial de Igrejas de 1949 a 1952. Enquanto [esteve] no Conselho Mundial de Igrejas, ele esteve envolvido de perto em discussões teológicas no movimento ecumênico e contribuiu muito para seu pensamento. Hoekendijk era um crítico veemente da visão centrada em igreja de missão. No seu pensar, o mundo e o Reino de Deus (Evangelho) estão correlacionados. O Reino de Deus é destinado para o mundo. O mundo é o campo onde as sementes do Reino são semeadas - a cena da proclamação do Reino. O kerygma dos Cristãos primitivos não conheceu um ato redentor de Deus o qual não fosse direcionado para o mundo todo. No Novo Testament, o mundo como uma unidade foi confrontado com o Reino. No seu esquema, é Deus-Mundo-Igreja e não Deus-Igreja-Mundo. Ele escreveu:
  Assim que nós falamos de Deus, nós também estamos trazendo ao discurso o mundo como palco teatral de Deus para sua ação, e é principalmente a Igreja que o conhece e irá respeitá-lo. Assim que a Igreja reconhece Deus, ela também admite sua própria posição excêntrica implícita, esperando que em algum momento possa ser verdade [o fato de] poder servir como instrumento para honrar o valor e o destino do mundo. A Igreja excêntrica não pode insistir em proteger suas próprias estruturas. Ela não possui uma sociologia particular; ao invés ela usa - apenas funcionalmente - todas as estruturas do mundo disponíveis tanto quanto sejam usáveis.

Hoekendijk advogava que, ao invés de pensar no apostolado como uma função da igreja, nós devemos pensar na igreja como uma função do apostolado.

O movimento missionário foi muito lento em reconhecer a importância do mundo secular no seu pensamento. Por Willingen (1952) havia sinais de uma mudança. A Conferência de Willingen no seu relatório "O Chamado Missionário da Igreja" chamou as igrejas a estarem em solidariedade com o mundo. Disse que as palavras e ações da igreja, toda sua vida de missão, devem ser um testemunho do que Deus tem feito, está fazendo e fará em Cristo.

  "Mas essa palavra 'testemunho' não pode significar que a Igreja permanece em oposição ao mundo, desconectada dele e vendo-o de uma posição de retidão moral superior ou segurança. A Igreja está no mundo, assim como o Senhor da Igreja se identificou inteiramente com a humanidade, assim também deve fazer a Igreja. Quanto mais perto a Igreja se aproxima de seu Senhor mais ela se aproxima do mundo. Cristãos não vivem num enclave separados do mundo, eles são povo de Deus no mundo."

A Conferência prosseguiu dizendo:
  "Ali da Igreja é requerida identificar-se com o mundo, não apenas na sua perplexidade e aflição, sua culpa e amargura, mas também nos seus verdadeiros atos de amor e justiça - atos pelos quais ele frequentemente deixa a Igreja envergonhada. A Igreja deve confessar que eles têm frequentemente passado ao largo enquanto o descrente, movido de compaixão, fez o que as Igrejas deveriam ter feito. Sempre que a Igreja nega sua solidariedade com o mundo, ou divorcia suas obras da sua palavra, ela destrói a possibilidade de comunicar o Evangelho e apresenta ao mundo uma ofensa a qual não é a ofensa genuína da cruz."
  Willingen enfatizou a necessidade de discernir os sinais dos tempo, a necessidade de ver a mão de Deus nos grandes eventos de nosso tempo, "no vasto crescimento do conhecimento humano e o poder que essa era está testemunhando, nos movimentos sociais e políticos poderosos de nosso tempo, e nas experiências pessoais incontáveis [...]
 Os anos 60 foram uma década de agitações. Foram marcados por revoltas da juventude contra valores e tradições aceitos. Houve protestos contra a Guerra do Vietnã. O Movimento de Liberdades Civis liderado por Martin Luther King junto com as demonstrações contra a Guerra do Vietnã criaram agitações sociais nos Estados Unidos. A luta dos Blacks na África do Sul contra o apartheid deu uma guinada séria durante a década. Na China foi um período de revolução cultural. Foi também um período de guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. A insatisfação dos estudantes com a Conferência da World Student Christian Federation [Federação Cristã de Estudantes Mundial] no Mission of the Church em Strasburg em 1960 foi uma indicação do sentimento geral entre cristãos jovens.
 "No Mundo Estudante Cristão, o encontro [da] WSCF em Strasburg de 1960 foi interpretado como um sinal dos tempos: portanto de acordo com intérpretes recentes, as vozes de Karl Barth, Visser’t Hooft, Leslie Newbigin e D.T. Niles foram incapazes de prender seus ouvintes com apresentações neo-ortodoxas; ao invés, as visões missiológicas radicais de J.C. (Hans) Hoekendijk, mostrando uma certa impaciência com a Igreja e suas formas institucionais, enquanto apontavam para o missio Dei, atividade de Deus no mundo e suas estruturas independentemente da Igreja, cativaram o sentimento geral dos estudantes"
Esta ênfase no mundo secular tornou-se o foco central de estudo do Conselho Mundial de Igrejas na "Estrutura Missionária de Congregações'. O relatório do estudo publicado em 1967 sob título "Igreja para Outros" salienta:
  "A Igreja existe para o mundo. É chamada para o serviço da humanidade. Não é uma eleição para privilégio mas para compromisso de serviço. A Igreja vive para que o mundo possa conhecer seu próprio ser. É pars pro toto, é o primeiro fruto da nova criação. Mas seu centro está fora de si; ela deve viver ex-cêntrica. Ela deve buscar aquelas instituições no mundo que conclamam a viver responsavelmente e ali ela deve anunciar e apontar para o shalom, aquela posição ex-cêntrica da Igreja implica que nós devemos parar de pensar de dentro pra fora."
  O relatório também deixou claro que a natureza da igreja e função precisam ser repensadas em relação à preocupação de Deus pelo mundo, quando disse:
   A Igreja é parte do mundo onde a preocupação de Deus é reconhecida e celebrada. A Igreja deve ser entendida na sua relação com o mundo como uma expressão da vontade de Deus de que todo homem seja salvo (1 Tim 2:3). Isto afirma a sua existência para todos os homens (pro-existência). Em termos da preocupação de Deus pelo mundo, a Igreja é um segmento do Mundo, uma nota de rodapé, isto é, adicionada ao mundo para o propósito de apontar para e celebrar ambas a presença de Cristo e a redenção de Deus derradeira de todo o mundo.

Teologia clássica e linguagens fechadas

As pessoas que levantam a pergunta à teologia clássica situam-se, pois, num contexto homogêneo e global de fé, de modo que seus problemas se referem à inteligibilidade das verdades dogmáticas no interior articulado de um sistema orgânico. Em outras palavras, busca-se compreender como as verdades de fé se relacionam entre si, como se interpretam entre si. [...] a teologia clássica faz a pergunta da fé à fé. Reduz ao espaço da fé qualquer outra pergunta. A partir da fé, entende todas as questões. [...] No fundo, não se capta realmente nenhuma pergunta estranha ao mundo da fé e portanto dá aparentes respostas quando a pergunta vem na verdade de real questionamento da fé, e não de simples maior inteligibilidade da mesma.

Trecho do livro "Teologia da Libertação: Roteiro didático para um estudo". J. B. Libanio, ed Loyola, 1987. p. 85.

Minha conclusão: a linguagem de fé, isto é, a linguagem que fala sobre o transcendente, deve a certa altura falar do social senão ela perde sua legitimidade.

Teologia da Libertação e Pós-modernidade (1987)

A TdL [Teologia da Libertação] radica-se, em muitas de suas perguntas e inspiração, numa fé popular pré-moderna. O nosso povo latino-americano vive em muitos elementos uma fé ainda não bombardeada pelos deuses da modernidade. Por outro lado, os teólogos que elaboram principalmente esta teologia já passaram pelas perguntas fundamentais da modernidade e tentaram superá-las nos seus limites individualizantes. A TdL é então um resultado de interessante encontro da pré-modernidade da piedade popular com a pós-modernidade dos teólogos, sem ficar presa à estrita problemática da razão e subjetividade modernas.

Trecho do livro "Teologia da Libertação: Roteiro didático para um estudo". J. B. Libanio, ed Loyola, 1987. p. 100.

Ainda gostaria de citar um trecho do livro "Para Entender Pós-Modernidade" de Mary Esperandio:

"A partir dessa perspectiva, podemos compreender a posição de Maffesoli a respeito de uma definição 'provisória' de pós-modernidade. Como ele diria, 'pós-modernidade pode ser definida, provisoriamente, como a sinergia de fenômenos arcaicos com o desenvolvimento tecnológico' (Maffesoli, 2004, p. 21)" p. 13


  Um detalhe interessante dessa definição provisória é o convívio dos fenômenos arcaicos com o tempo de tecnologias avançadas. Volta e meia ouço que a pós-modernidade não está presente ainda na América Latina porque o "pré-moderno, o moderno e o pós-moderno ainda estão juntos". A definição de Maffesoli, contudo, demonstra que tal ideia não capta bem "pós-modernidade". 


Revelação e Linguagem

Toda linguagem é essencialmente social. A Escritura é linguagem. Portanto, somente no contexto social da comunicação humana pode ser entendida.

Trecho do livro "Teologia da Libertação: Roteiro didático para um estudo", J. B. Libanio, ed Loyola. p. 106

Friday, March 12, 2010

Comunidades Eclesiais de Base

"COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE (CEBs)
 As CEBs são a presença da Igreja em tais movimentos [os populares], captando, refletindo e atuando numa linha crítica. [...]
   As CEBs, que surgiram no início da década de 60, estavam ainda mais voltadas para a vida interna da Igreja, para os aspectos religiosos e espirituais. Pouco a pouco, através, sobretudo, de uma crescente e feliz articulação entre fé e vida, entre Palavra de Deus e luta popular, entre celebração litúrgica e celebração da vida diária, as CEBs participam maiormente dos núcleos  populares de luta reivindicativa - luta por água, esgoto, escola, transporte, posto de saúde, creche, luz, asfalto  etc,... luta de apoio a outras iniciativas, luta de denúncia a violações de direitos humanos, luta de resistência, sobretudo à repressão política, à expulsão da terra ou do lote clandestino, ao despejo do barraco etc ... Mais exatamente, a CEB reforça sua consciência de base nessas lutas. Participa assim do grande movimento e clima de libertação geral. E o aspecto eclesial, por sua vez, é realçado no contato com a Palavra de Deus, com os agentes de pastoral [...]
  Nas CEBs, vive-se intensamente a pastoral da libertação. [...]
  No interior das CEBs, desenvolveu-se e desenvolve-se ainda uma espiritualidade popular e libertária. Ela está profundamenteancorada na religiosidade popular. Em geral, esta religiosidade é antes considerada obstáculo à emergência da TdL que fautora da mesma. Tal interpretação vem, sem dúvida, de uma visão elitista. Pois há uma mística popular, alimentada pela fé, que resistiu aos embates de uma racionalização e secularização, que poderiam acoplar com os movimentos de libertação, mas que nunca permitiriam nascer uma teologia. Foi esta religiosidade que permitiu a articulação fé e vida, de que falávamos acima. Ela não é alienada, uma vez que reúne o povo, convoca-o à solidariedade, à luta. E a TdL, em suas formas mais recentes, tem procurado valorizar esse veio, dando-lhe o realce que merece nas suas reflexões."

Trecho do livro "Teologia da Libertação: roteiro didático para um estudo", João Batista Libânio, Edições Loyola, 1987, p. 78

(Grifos meus)